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Rolezinhos inquietam políticos e intelectuais

A visibilidade deste fenômeno levou o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, a tentar estabelecer um canal de diálogo com os jovens

Rolezinho do shopping Metrô Itaquera: assunto também mobilizou intelectuais, que abriram debate em torno da falta de espaços públicos para certas classes sociais (Reprodução/ Youtube)
DR

Da Redação

Publicado em 16 de janeiro de 2014 às 17h21.

São Paulo - Os polêmicos " rolezinhos ", que levaram milhares de jovens da periferia a shoppings de São Paulo, se espalharam país e sua presença incomoda agora não apenas comerciantes, mas também a classe política.

A visibilidade deste fenômeno levou o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, a tentar estabelecer um canal de diálogo com os jovens que, através das redes sociais, convocam este tipo de encontro nos shoppings.

"Vamos chamar estes jovens para conversar", disse hoje a jornalistas o secretário municipal de Igualdade Racial de São Paulo, Netinho de Paula.

A popularização dos "rolezinhos" foi questionada pelos proprietários de lojas, que por meio da Associação Brasileira de Shoppings Centers (Abrasce), pediram às autoridades a retirada das paginas de Facebook nas quais são convocados.

Nas últimas semanas, vários shoppings de São Paulo impediram a entrada ou expulsaram estes jovens por considerar que a aglomeração perturbava os clientes, o que provocou denúncias de vários movimentos sociais.

O assunto também mobilizou intelectuais, que abriram um debate em torno da falta de espaços públicos para certas classes sociais.

"Na periferia há carência de equipamentos e muitas vezes os jovens têm que conseguir através de outras estratégias criar um espaço para poder se encontrar", explicou à Agência Efe o professor do departamento de Antropologia da Universidade de São Paulo, Heitor Frúgoli Júnior. O especialista comentou que se está pondo a toda prova qual é o limite dos acessos privados com o espaço público.

Para João Setter Whitaker, urbanista da Faculdade de Arquitetura da Universidade de São Paulo, os "rolezinhos" deixaram em evidência a falta de políticas de inclusão urbana dos grupos periféricos da cidade, onde "os shoppings começam a surgir em bairros mais populares que carecem de outras coisas".

"A cidade foi perdendo seus espaços de rua, foi perdendo espaços de praça, nos bairros de elite esses espaços foram substituídos pelo próprio espaço privado. Os condomínios passam a oferecer aquilo que os espaços públicos antes ofereciam", disse o acadêmico à Efe.

No meio do debate, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, declarou hoje a jornalistas que o "rolezinho" não é assunto de polícia, mas que os agentes pode intervir caso seja necessário. "Não se pode colocar em risco a saúde e a vida das pessoas", afirmou Alckmin.

Para o próximo fim de semana foram convocados "rolezinhos" em várias cidades do país, um deles no Shopping Leblon do Rio de Janeiro, bairro onde se encontra o metro quadrado mais caro do país, e outro no Shopping JK Iguatemi, um dos mais luxuosos de São Paulo.

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São Paulo - Os polêmicos " rolezinhos ", que levaram milhares de jovens da periferia a shoppings de São Paulo, se espalharam país e sua presença incomoda agora não apenas comerciantes, mas também a classe política.

A visibilidade deste fenômeno levou o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, a tentar estabelecer um canal de diálogo com os jovens que, através das redes sociais, convocam este tipo de encontro nos shoppings.

"Vamos chamar estes jovens para conversar", disse hoje a jornalistas o secretário municipal de Igualdade Racial de São Paulo, Netinho de Paula.

A popularização dos "rolezinhos" foi questionada pelos proprietários de lojas, que por meio da Associação Brasileira de Shoppings Centers (Abrasce), pediram às autoridades a retirada das paginas de Facebook nas quais são convocados.

Nas últimas semanas, vários shoppings de São Paulo impediram a entrada ou expulsaram estes jovens por considerar que a aglomeração perturbava os clientes, o que provocou denúncias de vários movimentos sociais.

O assunto também mobilizou intelectuais, que abriram um debate em torno da falta de espaços públicos para certas classes sociais.

"Na periferia há carência de equipamentos e muitas vezes os jovens têm que conseguir através de outras estratégias criar um espaço para poder se encontrar", explicou à Agência Efe o professor do departamento de Antropologia da Universidade de São Paulo, Heitor Frúgoli Júnior. O especialista comentou que se está pondo a toda prova qual é o limite dos acessos privados com o espaço público.

Para João Setter Whitaker, urbanista da Faculdade de Arquitetura da Universidade de São Paulo, os "rolezinhos" deixaram em evidência a falta de políticas de inclusão urbana dos grupos periféricos da cidade, onde "os shoppings começam a surgir em bairros mais populares que carecem de outras coisas".

"A cidade foi perdendo seus espaços de rua, foi perdendo espaços de praça, nos bairros de elite esses espaços foram substituídos pelo próprio espaço privado. Os condomínios passam a oferecer aquilo que os espaços públicos antes ofereciam", disse o acadêmico à Efe.

No meio do debate, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, declarou hoje a jornalistas que o "rolezinho" não é assunto de polícia, mas que os agentes pode intervir caso seja necessário. "Não se pode colocar em risco a saúde e a vida das pessoas", afirmou Alckmin.

Para o próximo fim de semana foram convocados "rolezinhos" em várias cidades do país, um deles no Shopping Leblon do Rio de Janeiro, bairro onde se encontra o metro quadrado mais caro do país, e outro no Shopping JK Iguatemi, um dos mais luxuosos de São Paulo.

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