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Rodrigo Maia mantém presidente interino da Câmara sob tutela

No exercício da presidência da Câmara pela segunda vez desde que foi eleito em fevereiro, Fábio Ramalho é visto com desconfiança pelos governistas

Fábio Ramalho: Maia vem mantendo o controle da situação à distância (Facebook Fábio Ramalho/Divulgação)
EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 22 de junho de 2017 às 16h30.

Brasília - Substituto imediato de Rodrigo Maia (DEM-RJ) na presidência da Câmara, o deputado Fábio Ramalho (PMDB-MG) vem exercendo nesta semana a interinidade no comando da Casa sob tutela.

Embora esteja ocupando interinamente a presidência da República, Maia vem mantendo o controle da situação à distância para impedir que o peemedebista, considerado "independente", surpreenda aliados do governo.

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No exercício da presidência da Câmara pela segunda vez desde que foi eleito em fevereiro, Ramalho é visto com desconfiança pelos governistas.

Além de ter lançado de forma avulsa sua candidatura à primeira vice-presidência, à revelia da indicação da bancada do PMDB, ele também fez campanha por mais cargos para a ala mineira do partido na Esplanada dos Ministérios.

Mesmo pertencendo à mesma legenda do presidente Michel Temer, Ramalho é ligado ao governador mineiro Fernando Pimentel (PT) e não esconde suas críticas à Reforma da Previdência.

Na quarta-feira, 21, por exemplo, não perdeu a oportunidade de dar sua opinião sobre a condução da reforma, contrária a do governo. "Tem que votar (a reforma), mas não vota do jeito que está", disse.

Ainda que tenha uma boa relação com Temer, o deputado não é considerado um aliado. Oriundo do PV, ele não exerce liderança expressiva sobre os colegas do PMDB mineiro, mas tem influência sobre o baixo clero.

Por causa das festas e jantares que organiza, "Fabinho Liderança", como é chamado, sempre tem o "termômetro" do que está acontecendo entre os parlamentares das mais variadas correntes.

Monitoramento

A "liberdade assistida" de Ramalho foi monitorada por Maia do outro lado da Praça dos Três Poderes. Na terça-feira, 20, Maia promoveu uma reunião informal de líderes na residência oficial da Câmara para organizar a agenda da Casa, e fez questão de deixar a pauta desta semana (mais curta por causa das festas juninas) pronta e organizada com antecedência.

Terça-feira, o presidente da República em exercício ofereceu um almoço no Palácio do Planalto para os membros da Mesa Diretora da Câmara, onde fez questão de perguntar o que havia sido votado em sua ausência.

O substituto de Maia na Câmara cumpriu a risca o roteiro pré-estabelecido: votou apenas três projetos considerados consensuais, assinou documentos administrativos e despachou os projetos aprovados para o Senado e para sanção presidencial.

Enquanto Ramalho presidia os trabalhos, líderes partidários perguntavam aos jornalistas como ele estava se saindo na função.

A maior parte de sua rotina na Casa foi desempenhada do gabinete da vice-presidência e o único ato autônomo foi liberar seus colegas da sessão deliberativa de ontem.

"Sou interino, então como interino a gente tem lealdade e respeito a quem está na cabeça", justificou.

Na temporada de quatro dias à frente da presidência da Câmara, Ramalho está se mantendo distante dos pedidos de impeachment contra o presidente Michel Temer que aguardam despacho.

O peemedebista alega que não tratará do assunto porque o tema não é uma "questão" sua. "O momento é de tentar sair da crise", desconversou.

Apesar de ser obrigado a andar com os seguranças da Câmara nesta semana, o deputado mineiro adotou um comportamento mais discreto e dedicou a maior parte de sua agenda a receber parlamentares.

Devido à semana esvaziada, Ramalho não ofereceu o tradicional jantar aos deputados em seu gabinete.

"Fabinho Liderança", no entanto, trocou o banquete aos colegas na terça-feira por um evento no Instituto Brasiliense de Direito Público (IDP), ao lado de Maia, do presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE) e do ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes.

Nesta quinta-feira, 22, o peemedebista voltará a Belo Horizonte e decidiu abrir mão dos aviões da Força Aérea Brasileira (FAB) - a que tem direito por estar na presidência da Câmara - para pegar voo comercial. "Sou apenas presidente interino", argumentou.

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