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Roberto Dias nega acusações e desqualifica Dominguetti e Luis Miranda

Em depoimento à CPI, ex-diretor do Ministério da Saúde afirma que deputado mentiu e chama vendedor de vacinas de “picareta”

Roberto Dias, ex-diretor do Departamento de Logística do Ministério da Saúde, chega à CPI da Covid (Marcos Oliveira/Agência Senado)
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Alessandra Azevedo

Publicado em 7 de julho de 2021 às 11h10.

Em depoimento à CPI da Covid , nesta quarta-feira, 7, o ex-diretor de Logística do Ministério da Saúde Roberto Dias atribuiu as denúncias feitas contra ele a uma possível retaliação do deputado Luis Miranda (DEM-DF) por “frustrações econômicas”. Ele negou as acusações e disse que todas foram feitas por pessoas “desqualificadas”.

Miranda e o irmão, Luis Ricardo, servidor do ministério, acusam Dias de ter feito pressão para liberar a vacina indiana Covaxin, em março, mesmo com irregularidades no contrato. Em outra denúncia, o representante comercial Luiz Paulo Dominguetti diz que o ex-diretor pediu propina para avançar com negociações pela vacina Astrazeneca, em fevereiro.

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“A grande verdade é que estou sendo vítima de ataques contra a minha honra e integridade por duas pessoas desqualificadas, sem que nada, absolutamente nada, tenha sido provado e nem será. Só se pode provar aquilo que é feito. Como nunca fiz, nunca será provado”, disse Dias.

Em depoimento à CPI, no último dia 25, Luis Ricardo mostrou uma mensagem enviada por Dias em um sábado à noite, na qual o então diretor pergunta como estava o andamento da licença de importação da vacina. Foi uma das provas apresentadas pelo servidor de pressão para liberar a Covaxin.

A mensagem, segundo Dias, “em nada se referia à Covaxin”. O assunto era uma remessa da Astrazeneca que chegaria no dia seguinte. “Minha preocupação era que a vacina estivesse sem nenhum problema em seu desembaraço sanitário ou aduaneiro”, afirmou. “Nunca houve pressão minha sobre o funcionário, muito menos aquela mensagem revela tal fato”, reforçou.

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Dias afirmou que, quando a denúncia dos irmãos Miranda veio à tona, pensou que o motivo era o fato de ele ter negado um cargo a Luis Ricardo no ministério, mas considerou a reação “desproporcional demais”. A hipótese dele, agora, é de que houve uma “frustração no campo econômico também”.

“Confesso que neguei um pedido de cargo para o seu irmão servidor e, por um momento, imaginei que pudesse ser uma retaliação, e confesso que sempre achei desproporcional demais”

Roberto Dias

“Até o momento, noticiava-se que o deputado teria sido preterido em expectativas políticas que almejava. Teria, então, tido pretensões negociais e econômicas frustradas também?”, questionou Dias à CPI. O ex-diretor ressaltou que Luis Miranda “possui currículo controverso”.

Propina

Dias também negou a acusação de que teria pedido propina de US$ 1 por dose a Dominguetti para avançar em negociações por 400 milhões de doses da vacina Astrazeneca. Segundo o representante comercial, o episódio teria acontecido em um jantar no restaurante Vasto, em um shopping de Brasília, em 25 de fevereiro.

O ex-diretor confirmou que esteve com Dominguetti no restaurante e que falaram sobre vacinas, mas negou qualquer conversa sobre propina. Dias disse que foi ao Vasto “tomar um chopp com um amigo”. Marcelo Blanco teria aparecido com Dominguetti, que, ele diz que não conhecia até então.

“Ele disse representar uma empresa que possui 400 milhões de doses da vacina da fabricante Astrazeneca. Neste momento, disse que isso já tinha circulado no Ministério da Saúde, mas nunca teria sido apresentada a documentação necessária. Nesse momento, citei o nome do senhor Cristiano”, contou Dias.

Cristiano Carvalho é o representante oficial da Davati no Brasil, que teria falado para Dominguetti denunciar o suposto pedido de propina à jornalista da Folha de S. Paulo, em junho. Dias disse que o nome de Cristiano veio à tona e ele pediu, então, para que Dominguetti enviasse os documentos ao ministério.

O representante autônomo foi pessoalmente ao ministério entregar os documentos. “Foi atendido por mim”, contou Dias. Mas os documentos teriam sido insuficientes para prosseguir com a negociação. “Os documentos se mostraram mais do mesmo, não havia carta de representação do fabricante”, disse. “Nunca houve pedido meu, além de documentos que nunca foram apresentados”, contou.

Segundo ele, ficou claro na CPI que o representante autônomo da Davati Medical Supply é um “picareta que tentava aplicar golpes em prefeituras e no Ministério da Saúde”. Durante o depoimento na CPI, para Dias, ele “deu mais prova de sua desonestidade, mostrando não ser merecedor de nenhum crédito por parte desta Casa”.

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