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Rio-2016 só deve quitar todas as suas dívidas em março de 2017

Comitê já sabe que não vai conseguir quitar os débitos com fornecedores, comitês paralímpicos e torcedores que pediram reembolso neste ano

Rio 2016: Comitê sofreu com bloqueios, atrasos de pagamentos e pedidos de socorro ao governo (REUTERS/Thomas Peter)

Rio 2016: Comitê sofreu com bloqueios, atrasos de pagamentos e pedidos de socorro ao governo (REUTERS/Thomas Peter)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 15 de dezembro de 2016 às 08h46.

Rio - O Comitê Rio-2016 não vai conseguir pagar todas as suas dívidas ainda este ano, seja com comitês paralímpicos nacionais, credores ou torcedores que pediram a devolução do dinheiro dos ingressos.

A entidade que organizou os Jogos Olímpicos acredita que só em março de 2017 poderá quitar todos os débitos referentes aos Jogos.

"Acho que essa situação vai até o início do próximo ano, no mais tardar até março", disse Mario Andrada, diretor executivo de comunicação do Rio-2016.

As cifras são grandes e superam os R$ 200 milhões em dívidas. O maior montante é com credores que forneceram serviços e material para os Jogos Olímpicos, por exemplo.

"Nós tínhamos 20 mil deles após a Olimpíada, mas agora esse número diminuiu para 620 credores. O valor corresponde a 2% do orçamento de organização dos Jogos", afirma Andrada.

Os gastos com a organização da Olimpíada chegaram aos US$ 2,8 bilhões (R$ 9,3 bilhões). Assim, a dívida com credores atinge US$ 56 milhões, o equivalente a R$ 186,6 milhões.

O executivo lembra que vários credores entraram com ação na justiça e o comitê teve bloqueio nas contas, o que provocou atrasos de outros pagamentos. "Já temos o dinheiro, mas precisamos seguir procedimentos".

Outra dívida, no valor de R$ 11 milhões, refere-se ao reembolso do custo de viagem de comitês paralímpicos nacionais para a disputa da Paralimpíada.

As entidades pagaram do próprio bolso para vir ao Brasil e, em situação financeira mais crítica, cinco comitês africanos receberam recursos do Comitê Paralímpico Internacional (IPC) enquanto o dinheiro do Rio-2016 não chega.

"Estamos altamente desapontados que a segunda parcela para pagamento dos subsídios da viagem para o Brasil, assim como a primeira, não foi quitada a tempo pelo Comitê Rio-2016. Estamos buscando urgentemente uma resolução de todas as partes envolvidas. Nunca tivemos uma situação assim, na qual o comitê organizador demora tanto tempo para pagar os custos de viagem", afirmou Craig Spence, diretor de comunicação do IPC.

"Os pagamentos estão duas semanas atrasados e alguns de nossos comitês menores, que pegaram empréstimos. Eles estão agora em sério risco de não honrar pagamentos. O IPC enviou uma carta ao prefeito do Rio, Eduardo Paes, que nos apoiou fortemente durante a Paralimpíada, pedindo a ele para intervir", continuou Spence.

Em agosto, o Rio-2016 precisou pedir socorro junto ao poder público para viabilizar os Jogos Paralímpicos.

O comitê conseguiu aporte federal através do patrocínio de estatais na casa dos R$ 70 milhões, enquanto a Prefeitura do Rio se comprometeu a liberar valores que poderiam chegar ao teto de R$ 150 milhões para serem utilizados principalmente no transporte dos atletas estrangeiros.

Desse total, "apenas" R$ 30 milhões acabaram sendo repassados e ainda assim a conta acabou não fechando.

Ciente dos compromissos, Andrada explica que o Comitê Rio-2016 está resolvendo questões burocráticas para poder pagar a todos.

"A gente sofreu muito com bloqueio de recursos. A gente já esteve para pagar algumas vezes e o dinheiro acabou bloqueado. Então, avisamos o IPC e o CPB (Comitê Paralímpico Brasileiro) da situação. Acho que tudo será regularizado nos próximos meses."

Outra pendência do Rio-2016 é em relação ao reembolso de ingressos revendidos dos Jogos. Das 120 mil pessoas que solicitaram - e demoraram para receber -, quase todas foram atendidas, após problemas com a operadora de cartão de crédito.

"Estávamos com 40 mil pessoas para pagar e todas que mandaram os dados corretos já foram pagas. Faltam 8 mil pessoas que não mandaram dados, mas estamos atrás", disse Andrada.

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