Procurador Felipe de Carvalho: os advogados de defesa reclamaram da forma como o procurador Frederico de Carvalho Paiva se dirigia às testemunhas e aos réus (Marcelo Camargo/Agência Brasil)
Da Redação
Publicado em 10 de março de 2016 às 13h29.
Brasília - Dos três réus da Operação Zelotes que irão depor hoje (10), dois se recusaram a responder às perguntas que seriam feitas pelo Ministério Público Federal e pelo juiz Vallisney de Souza Oliveira, titular da 10ª Vara da Justiça Federal no Distrito Federal.
O único a prestar depoimento, mas apenas ao juiz, foi o ex-presidente da Mitsubishi do Brasil Paulo Arantes Ferraz.
Acusado de corrupção ativa, Paulo Arantes Ferraz confirmou a contratação da Marcondes e Mautoni Empreendimentos e Diplomacia Corporativa (M&M), empresa acusada de negociar e repassar propinas em troca da aprovação de medidas provisórias que beneficiaram empresas do setor automobilístico.
No depoimento, o ex-presidente da Mitsubishi disse que o contrato com a M&M teve custo de R$ 16 milhões, "mas o que ela [M&M] fez, depois, cabe a ela explicar".
Já o advogado de defesa dos demais réus, o consultor Francisco Mirto Florêncio da Silva e do ex-diretor de Comunicação do Senado Fernando César Mesquita, Luis Alexandre Rassi diz que a recusa de seus clientes em responder às perguntas, tanto da procuradoria como do juiz, se deve às brigas ocorridas em outras audiências.
Em sessões anteriores, os advogados de defesa reclamaram da forma como o procurador Frederico de Carvalho Paiva se dirigia às testemunhas e aos réus. Na sessão de hoje, ele foi substituído pelo procurador Herbert Reis Mesquita.
“Como os depoimentos não trariam fatos novos, e a fim de evitar mais tumultos, optamos por essa estratégia. A acusação não merece resposta porque suas argumentações são absurdas.
Se houver alguma prova a ser rebatida, eles [Mirto e Mesquita] até poderiam falar, mas não há provas nos autos”, disse Rassi. Segundo o procurador Herbert Reis, a estratégia da defesa, de não responder ao Ministério Público, já era esperada. "É um direito deles", disse à Agência Brasil.
Acusado de corrupção passiva, o ex-diretor de Comunicação do Senado teria recebido R$ 78 mil, como pagamento por monitorar a tramitação da MP 471 no Congresso Nacional, medida provisória que rendeu benefícios fiscais à MMC e à Caoa entre 2010 e 2015. Já Francisco Mirto é acusado pelos crimes de organização criminosa, lavagem de dinheiro e corrupção ativa.
A Operação Zelotes, da Polícia Federal, investiga um suposto esquema de venda de sentenças do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf) para beneficiar empresas que foram multadas pela Receita Federal e a negociação de medidas provisórias a favor de empresas do setor automobilístico.
O Carf é um órgão do Ministério da Fazenda onde contribuintes recorrem contra multas.