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Resolver gargalo na mão-de-obra ajudará no controle da inflação

Professor da FGV diz que investimento em educação é correto, mas perfil das escolas técnicas precisa mudar

Haddad afirmou que investimentos em qualificação profissional evitam aumento de preços e inflação (Agência Brasil)

Haddad afirmou que investimentos em qualificação profissional evitam aumento de preços e inflação (Agência Brasil)

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Da Redação

Publicado em 14 de fevereiro de 2011 às 20h57.

São Paulo - O ministro da Educação, Fernando Haddad, defendeu o aumento dos investimentos públicos em educação para manter a estabilidade de preços nesta segunda-feira (14), em Brasília. Para Haddad, a ampliação da oferta de profissionais qualificados evita a inflação e o aumento no preço dos serviços em geral.

O discurso favorável ao incentivo à educação profissional tem sido o foco de atenção, nos últimos dias, do governo da presidente Dilma Roussef. Em seu programa semanal Café com a Presidenta, nesta segunda (14), Dilma afirmou que o Programa Nacional de Acesso à Escola Técnica (Pronatec) será lançado em março, para ampliar o acesso ao ensino técnico para jovens do ensino médio e para trabalhadores sem formação. 

Projetos como o Pronatec, direcionados à educação profissional, foram citados por Haddad como fundamental para suprir a falta de mão de obra qualificada no país. “Temos 81 escolas de educação profissional para inaugurar até o primeiro semestre de 2012”, revelou o ministro em solenidade no Conselho Nacional das Instituições da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica (Conif).

Para André Portela Souza, professor de Economia na FGV-EESP, a falta de mão de obra em alguns setores da economia é reflexo do mercado aquecido, com mais investimentos por parte das empresas e maior consumo da população. “Tornar as pessoas mais produtivas através da qualificação na formação geral (ensino básico) e em habilidades específicas para alguns setores (ensino profissional) é, realmente, uma das medidas mais rápidas para se reverter esse quadro”, pontua Souza.

O desafio para o governo, a curto prazo, será o de fazer com que as escolas de ensino técnico ofereçam uma formação profissional de qualidade, segundo o professor. “O perfil das escolas técnicas atuais precisa ser alterado para a capacitação de profissionais que atendam à demanda de mão-de-obra e não apenas à formação de alunos para preparação para o vestibular”, disse. Setores como a construção civil e a indústria têxtil, exemplificou o professor, “são grandes absorvedores de mão-de-obra técnica específica, pelas próprias características do trabalho que exigem”.  

O Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (Confea) sugeriu ao governo que seja feito um levantamento sobre a carência de mão de obra qualificada no Brasil. Luís Eduardo Castro, conselheiro federal responsável pelas instituições de ensino técnico, afirmou que os setores tradicionais precisam de investimentos do governo para que a mão-de-obra acompanhe o crescimento da economia.

“O Brasil cresceu como um todo e a necessidade de profissionais capacitados é praticamente geral, por isso a necessidade de que o governo amplie a atuação dos programas de apoio à formação em ensino técnico”, explicou Castro.

Pronatec

O Pronatec, segundo a presidente Dilma, será um programa de bolsas e financiamento estudantil voltado para dar acesso à educação profissionalizante a alunos do ensino médio e trabalhadores. Dilma afirmou que o governo pretende criar o ensino médio em tempo integral, em que o aluno estuda a grade tradicional em um turno e, em outro, aprende uma profissão.

Para o trabalhador, o Pronatec prevê cursos de formação profissional com carga horária a partir de 160 horas. O novo Programa de Financiamento Estudantil (Fies) deverá fazer parte do Pronatec.

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