Brasil

Rescisão de delação é "desproporcional", diz defesa de Joesley

Advogados de Joesley Batista alegam que não há motivo para a quebra do acordo pela suposta omissão de apenas dois fatos

Joesley Batista: para sua defesa, o empresário cumpriu substancialmente o acordo e, por essa razão, ele deve ser mantido ou, no limite, renegociado (Rovena Rosa/Agência Brasil)

Joesley Batista: para sua defesa, o empresário cumpriu substancialmente o acordo e, por essa razão, ele deve ser mantido ou, no limite, renegociado (Rovena Rosa/Agência Brasil)

R

Reuters

Publicado em 19 de fevereiro de 2018 às 15h51.

Brasília - A defesa do empresário Joesley Batista afirmou ao Supremo Tribunal Federal (STF) que uma eventual rescisão do acordo de delação premiada, requerida ainda pelo então procurador-geral da República, Rodrigo Janot, seria "desproporcional".

Os advogados de Joesley alegam que não há motivo para a quebra do acordo pela suposta omissão de apenas dois fatos diante do que consideram a maior colaboração premiada do país, feita pelo empresário, um dos dirigentes da holding J&F, que controla a JBS, até ser preso em setembro.

"Não resta dúvida quanto à ampla colaboração do peticionário,pois como é sabido trouxe à baila centenas de fatos, submeteu-se aação controlada, gravou autoridades domais alto escalão da República, trouxe farta prova documental (planilhas identificando autoridades, políticos e agente públicos) e segue colaborando com a Justiça em seus depoimentos", disse a defesa.

Para a defesa, Joesley cumpriu substancialmente o acordo e, por essa razão, ele deve ser mantido ou, no limite, renegociado, nunca rescindido.

"Aliás, isso se denomina recall e deve ser a solução para que o próprio instituto da colaboração premiada não seja posto em risco", argumentou a defesa.

Os advogados dizem que a manifestação da PGR é contraditória, porque pede a rescisão do acordo por dois supostos fatos, mas reconhece que foram muitos ilícitos trazidos ao Ministério Público pelo empresário.

"De acordo com a teoria do adimplemento substancial, o que se poderia impor ao peticionário seria uma indenização pela suposta falta de adimplemento parcial, mas nunca a rescisão do acordo, porque o dano imposto seria desproporcional", destacou, citando investigações no Supremo e em outras instâncias.

A defesa apresentou um requerimento com 10 pedidos para elucidar o caso, dentre eles o depoimentodo delegado da Polícia Federal Cleyber Malta Lopes, responsável pelo chamado inquérito dos portos que investiga o presidente Michel Temer, e de Janot.

 

Acompanhe tudo sobre:JBSSupremo Tribunal Federal (STF)Rodrigo JanotJoesley Batista

Mais de Brasil

Com Trump na disputa global, Senado acelera projeto de minerais

Após trama golpista, STF vê caso Marielle como prioridade de 2026

Opinião: Quando a violência vem da falta do básico

Lula lança CNH sem autoescola nesta terça; veja o que muda