Eleições 2022: Recentemente, Bolsonaro e Tarcísio estiveram juntos em eventos públicos em São Paulo (Amanda Perobelli/Reuters)
Estadão Conteúdo
Publicado em 30 de julho de 2022 às 13h25.
Última atualização em 30 de julho de 2022 às 14h04.
O Republicanos oficializou neste sábado, 23, em convenção nacional, a candidatura de Tarcísio de Freitas ao governo de São Paulo. O evento contou com a presença do presidente Jair Bolsonaro (PL), que tenta impulsionar a campanha do seu ex-ministro. A estratégia de Tarcísio é nacionalizar a disputa pelo Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista, para atrair voto "bolsonarista raiz".
Tarcísio destacou ao discursar que Bolsonaro tem coragem, é inspirador e "mudou sua vida". "Abriu portas que eu não esperava que um dia seriam abertas. Me levou onde eu nunca pensei estar, onde eu não imaginava. Me deu oportunidade que eu nunca pensei que iria ter", afirmou o agora candidato. "Presidente, o senhor sempre vai contar com minha gratidão, meu carinho e meu respeito", seguiu o ex-ministro, que destacou feitos do atual governo federal para "colar" sua imagem à do presidente.
"Hoje é um dia histórico. Marca o fim de um símbolo, fim de um partido que está há 28 anos no poder. Partido que criou raízes profundas, raízes hoje que impedem o Estado de andar", declarou Tarcísio. O PSDB já teve como governador paulista por quatro vezes Geraldo Alckmin, hoje no PSB e vice de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na disputa pelo Palácio do Planalto.
Para o ex-ministro, o PSDB "perdeu a sensibilidade". "Esse grupo no momento em que o Brasil passou pela maior dificuldade de sua história recente, o que fez? Aumentou impostos, afastou crianças da escolas, fechou comércio", criticou, em referência às medidas sanitárias impostas na pandemia de covid-19.
Bolsonaro estava acompanhado no evento, que acontece neste sábado na ExpoCenter Norte, em São Paulo, da primeira-dama Michelle, agora participante ativa da campanha à reeleição do chefe do Executivo.
Recentemente, Bolsonaro e Tarcísio estiveram juntos em eventos públicos em São Paulo. Em seus discursos, o presidente tem elogiado a performance do seu ex-ministro à frente da pasta da Infraestrutura. Apesar da alta rejeição do presidente, internamente avalia-se que os eleitores de Bolsonaro são fundamentais para que Tarcísio consiga chegar ao segundo turno.
O ex-ministro, no entanto, tenta se afastar dos discursos radicais do presidente, como a tentativa de descredibilizar o sistema eleitoral brasileiro. Tarcísio tem dito que nunca foi radical e sempre manteve uma linha pragmática, alinhado à identidade do eleitor paulista.
Além da oficialização da candidatura ao governo, foi formalizado o apoio da legenda à reeleição de Bolsonaro e homologada a coligação "São Paulo pode mais", que conta com os partidos PSD, PTB, PSC e PL em torno de Tarcísio. A chapa terá o ex-prefeito de São José dos Campos Felício Ramuth (PSD) como candidato a vice e o astronauta Marcos Pontes (PL) ao Senado. A suplência ainda está em aberto e há possibilidade de indicar um nome evangélico.
O PSD, presidido por Gilberto Kassab, oficializou apoio a Tarcísio na semana passada e a indicação de Ramuth à vice, durante a convenção da legenda. O ex-prefeito deixou o cargo em São José dos Campos para concorrer ao governo paulista. Com baixo desempenho nas pesquisas de intenções de voto, ele abriu mão da disputa e se alinhou ao ex-ministro.
Apesar de aliar-se a um candidato apoiado por Bolsonaro, Kassab mantém-se distante do chefe do Executivo - a quem se referiu como o "pior dos presidentes" com quem já conviveu" - e não deve comparecer ao evento de hoje.
Como mostrou a coluna do Jogo Político, o dirigente deve passar o dia viajando pelo Brasil para prestigiar o lançamento de três candidaturas do PSD a governos estaduais: Ratinho Júnior (PR), Marquinhos Trad (MS) e Edivaldo Holanda Júnior (MA).
O PSD assumiu posição de neutralidade no primeiro turno da disputa pelo Planalto, mas Kassab tem dado sinais de preferência pessoal pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Além de ter sido ministro da Infraestrutura no governo de Bolsonaro, Tarcísio atuou como diretor executivo do Departamento Nacional de Infraestrutura e Transportes (DNIT), em 2011, durante a gestão da ex-presidente Dilma Rousseff (PT). O ex-ministro também foi secretário da Coordenação de Projetos da Secretaria Especial do Programa de Parceria de Investimentos (PPI), no governo do ex-presidente Michel Temer (MDB).
Nascido no Rio de Janeiro, a campanha do seu adversário Rodrigo Garcia (PSDB) criou o mote "paulista raiz" para criticá-lo por ser de fora de São Paulo.
De acordo com o último Datafolha estadual, divulgado no fim do mês passado, Tarcísio e Garcia estavam empatados com 13%. O candidato ao governo pelo PT, Fernando Haddad, aparecia na liderança, com 34%.
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