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Relator da CPI do Cachoeira não lê parecer e admite mudanças

Odair Cunha surpreendeu os membros da comissão ao pedir a palavra no início dos trabalhos e adiar para a próxima quarta-feira a leitura do relatório de mais de 5 mil páginas

cachoeira na CPI (Agência Brasil)
DR

Da Redação

Publicado em 22 de novembro de 2012 às 19h49.

Brasília - Sob pressão, o relator da CPI do Cachoeira, deputado Odair Cunha (PT-MG), adiou mais uma vez nesta quinta-feira a leitura do seu relatório final, com o argumento de buscar um entendimento com líderes partidários, admitindo que pode fazer mudanças no parecer que desagradou a maioria da comissão.

Cunha surpreendeu os membros da comissão ao pedir a palavra no início dos trabalhos e adiar para a próxima quarta-feira a leitura do relatório de mais de 5 mil páginas apresentado na véspera e que pede indiciamento e responsabilização criminal de 46 pessoas.

Entre elas, estão o governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), o dono da empreiteira Delta, Fernando Cavendish, e o pivô das investigações o empresário Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira.

"O que apresentei ontem (quarta) é a posição do relator... Vou continuar perseguindo fazer um relatório que espelhe a maioria da comissão", disse Cunha durante a sessão ao justificar porque estava pedindo um novo adiamento.


O relatório apresentado na quarta-feira gerou uma onda de reclamações de membros da oposição, que acusaram o relator de fazer um trabalho parcial que atendia apenas os interesses do PT, e de aliados, que questionam a inclusão entre os indiciados de jornalistas que mantiveram contato com Cachoeira e o pedido de investigação contra o procurador-geral da República, Roberto Gurgel.

O novo adiamento pedido por Cunha também foi motivado por divisões dentro do próprio PT, segundo uma fonte próxima ao relator, que falou sob condição de anonimato. Ele se sentiu abandonado pela cúpula do partido depois de apresentar o relatório, segundo essa fonte.

Supressões pontuais

Antevendo que seu relatório seria rejeitado pela comissão do jeito que foi apresentado, Cunha decidiu abrir o diálogo com os líderes partidários e, agora, já admite fazer mudanças para aprovar o seu parecer.

"Se a gente conseguir estabelecer um parecer que seja da maioria da comissão (o atual texto) pode mudar", disse Cunha ao deixar a comissão. Ele admitiu que essas mudanças também podem representar a retirada ou a inclusão de pessoas da lista de pedidos de indiciamento.

O deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP) criticou o novo adiamento. Segundo ele, o relator deveria ler seu relatório e a comissão decidir se acata ou não.

"Fui subrelator de várias CPIs e nunca houve um momento em que o relator apresentasse seu relatório e depois por insegurança adiar a leitura. Que não tivesse apresentado", disse o tucano.

Já o deputado Miro Teixeira (PDT-RJ) disse que sugeriu a Cunha que modificasse partes do seu relatório e pedisse o adiamento da leitura. Segundo relato de Teixeira, Cunha resistiu a fazer as mudanças imediatamente.


Para o pedetista, que integra o grupo autodenominado de independentes da CPI mista, Cunha está tentando construir uma estratégia de negociação política para vencer as resistências da comissão e aprovar seu relatório, mas ele acredita que o relator não terá sucesso, mesmo com modificações de pontos críticos do texto.

"Ele está tentando fazer maioria com supressões pontuais", disse Teixeira a jornalistas após a sessão desta quinta. "Mas esse relatório não pode ser salvo", acrescentou.

Teixeira considera que Cunha atendeu a setores do PT quando incluiu, por exemplo, Gurgel no rol dos investigados da CPI e pediu que o Conselho Nacional do Ministério Público (CNPM) investigue se ele foi omisso em relação as investigações contra Cachoeira, que chegaram às suas mãos em 2009.

"O relatório tem de certa maneira um critério de vingança. Ele não é inteiro assim. Na parte da imprensa e do procurador-geral tem esse critério", disse o deputado do PDT.

A vingança seria do PT contra Gurgel porque o procurador teria apresentado uma denúncia muito forte no caso do mensalão, que acabou sendo aceita quase na totalidade pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

Cunha nega qualquer insinuação nesse sentido e diz que formou convicção pessoal contra Gurgel. A fonte próxima ao relator acredita a tendência é ele abrir mão do pedido de indiciamento contra jornalistas, mas manter a posição em relação a Gurgel.

Para o senador Cássio Cunha Lima (PSDB-PB), não há dúvidas em relação ao direcionamento partidário do relatório.

"Sei que ele está constrangidamente atendendo uma determinação partidária. Esse relatório foi produzido pela Executiva do PT", atacou o tucano.

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Brasília - Sob pressão, o relator da CPI do Cachoeira, deputado Odair Cunha (PT-MG), adiou mais uma vez nesta quinta-feira a leitura do seu relatório final, com o argumento de buscar um entendimento com líderes partidários, admitindo que pode fazer mudanças no parecer que desagradou a maioria da comissão.

Cunha surpreendeu os membros da comissão ao pedir a palavra no início dos trabalhos e adiar para a próxima quarta-feira a leitura do relatório de mais de 5 mil páginas apresentado na véspera e que pede indiciamento e responsabilização criminal de 46 pessoas.

Entre elas, estão o governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), o dono da empreiteira Delta, Fernando Cavendish, e o pivô das investigações o empresário Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira.

"O que apresentei ontem (quarta) é a posição do relator... Vou continuar perseguindo fazer um relatório que espelhe a maioria da comissão", disse Cunha durante a sessão ao justificar porque estava pedindo um novo adiamento.


O relatório apresentado na quarta-feira gerou uma onda de reclamações de membros da oposição, que acusaram o relator de fazer um trabalho parcial que atendia apenas os interesses do PT, e de aliados, que questionam a inclusão entre os indiciados de jornalistas que mantiveram contato com Cachoeira e o pedido de investigação contra o procurador-geral da República, Roberto Gurgel.

O novo adiamento pedido por Cunha também foi motivado por divisões dentro do próprio PT, segundo uma fonte próxima ao relator, que falou sob condição de anonimato. Ele se sentiu abandonado pela cúpula do partido depois de apresentar o relatório, segundo essa fonte.

Supressões pontuais

Antevendo que seu relatório seria rejeitado pela comissão do jeito que foi apresentado, Cunha decidiu abrir o diálogo com os líderes partidários e, agora, já admite fazer mudanças para aprovar o seu parecer.

"Se a gente conseguir estabelecer um parecer que seja da maioria da comissão (o atual texto) pode mudar", disse Cunha ao deixar a comissão. Ele admitiu que essas mudanças também podem representar a retirada ou a inclusão de pessoas da lista de pedidos de indiciamento.

O deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP) criticou o novo adiamento. Segundo ele, o relator deveria ler seu relatório e a comissão decidir se acata ou não.

"Fui subrelator de várias CPIs e nunca houve um momento em que o relator apresentasse seu relatório e depois por insegurança adiar a leitura. Que não tivesse apresentado", disse o tucano.

Já o deputado Miro Teixeira (PDT-RJ) disse que sugeriu a Cunha que modificasse partes do seu relatório e pedisse o adiamento da leitura. Segundo relato de Teixeira, Cunha resistiu a fazer as mudanças imediatamente.


Para o pedetista, que integra o grupo autodenominado de independentes da CPI mista, Cunha está tentando construir uma estratégia de negociação política para vencer as resistências da comissão e aprovar seu relatório, mas ele acredita que o relator não terá sucesso, mesmo com modificações de pontos críticos do texto.

"Ele está tentando fazer maioria com supressões pontuais", disse Teixeira a jornalistas após a sessão desta quinta. "Mas esse relatório não pode ser salvo", acrescentou.

Teixeira considera que Cunha atendeu a setores do PT quando incluiu, por exemplo, Gurgel no rol dos investigados da CPI e pediu que o Conselho Nacional do Ministério Público (CNPM) investigue se ele foi omisso em relação as investigações contra Cachoeira, que chegaram às suas mãos em 2009.

"O relatório tem de certa maneira um critério de vingança. Ele não é inteiro assim. Na parte da imprensa e do procurador-geral tem esse critério", disse o deputado do PDT.

A vingança seria do PT contra Gurgel porque o procurador teria apresentado uma denúncia muito forte no caso do mensalão, que acabou sendo aceita quase na totalidade pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

Cunha nega qualquer insinuação nesse sentido e diz que formou convicção pessoal contra Gurgel. A fonte próxima ao relator acredita a tendência é ele abrir mão do pedido de indiciamento contra jornalistas, mas manter a posição em relação a Gurgel.

Para o senador Cássio Cunha Lima (PSDB-PB), não há dúvidas em relação ao direcionamento partidário do relatório.

"Sei que ele está constrangidamente atendendo uma determinação partidária. Esse relatório foi produzido pela Executiva do PT", atacou o tucano.

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