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Reajuste de mínimo pode minar esforço por austeridade no governo

Centrais sindicais pressionam a presidente Dilma por um aumento maior no mínimo enquanto o governo trabalha para cortar gastos para permitir diminuir a taxa de juros

A presidente Dilma Rousseff: proposta de aumento de 6,8% no mínimo (AGÊNCIA BRASIL)
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Da Redação

Publicado em 4 de fevereiro de 2011 às 12h17.

Brasília - A reunião de hoje entre as centrais sindicais e o ministro da Fazenda, Guido Mantega, para pedir um reajuste maior do salário mínimo acontece ao mesmo tempo em que a presidente Dilma Rousseff tenta conter os gastos públicos.

O salário mínimo teve um aumento real de 62 por cento no governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Dilma propôs um aumento de 6,8 por cento do mínimo este ano para R$ 545, usando uma fórmula acordada entre Lula e as centrais sindicais em 2006. Agora, as centrais pedem um mínimo de R$ 580.

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Se o governo ceder, pode haver impactos no plano de conter os gastos para ajudar a frear a inflação e com isso reduzir o juro básico, o maior dos países que fazem parte do G-20.

Usando a fórmula atual de reajuste, que atrela o mínimo à inflação e ao crescimento do Produto Interno Bruto de dois anos atrás, os gastos do governo devem crescer R$ 10 bilhões este ano. Isso acontece porque parte das aposentadorias têm a mesma correção do salário mínimo. Um problema ainda maior é esperado para 2012, quando o reajuste pode elevar os gastos em R$ 20 bilhões.

“É uma bomba que a Dilma está preferindo não desarmar agora”, disse Christopher Garman, diretor para a América Latina no Eurasia Group, uma consultoria de risco político com sede em Washington. “Pode acabar sendo um preço razoavelmente alto para tentar manter essa linha fiscal mais austera no final do governo dela.”

Mercado

Podem faltar a Dilma as habilidades que garantiram a Lula o sucesso nas negociações com trabalhadores e com o Congresso, disse Garman em entrevista por telefone. O secretário-geral da Presidência, Gilberto Carvalho, também participa hoje da reunião com as seis maiores centrais sindicais do País em São Paulo para discutir os reajustes em 2010 e 2011.

“A gente não acredita nessa história de cortar gasto”, disse Paulo Pereira da Silva, deputado federal por São Paulo e presidente da Força Sindical, a segunda maior federação de sindicatos do País, em entrevista por telefone. “Isso quem quer é o mercado.”

O Congresso deve votar o reajuste do salário mínimo até março.

Se o governo oferecer um aumento maior agora em troca de um reajuste menor em 2012, os sindicatos não vão aceitar, disse Pereira, membro do Partido Democrático Trabalhista, que faz parte da base governista.

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