O longo e enfadonho processo da Comissão do Impeachment do Senado tem hoje um raro momento de emoção. Serão ouvidos os três técnicos do Senado que elaboraram o controverso documento que ao mesmo tempo isenta e culpa Dilma Rouseff das acusações para o impedimento.

Até o momento, ambos os lados elogiaram o parecer e tentaram enxergar o copo meio cheio. Os peritos devem reforçar seu laudo e dizer que houve operações irregulares nos atrasos de repasses do Tesouro para o Plano Safra, mas que não houve responsabilidade de Dilma no caso. Apesar disso, endossarão que houve culpa da presidente na edição de decretos que não estavam previstos na meta de superávit do Congresso. Ou seja, que ela autorizou gastos sem ter dinheiro para isso.

O dia de hoje encaminha a fase final da Comissão, depois de 45 testemunhas ouvidas – 39 da defesa de Dilma – desde o dia 17 de maio. Na quarta-feira, será ouvido o advogado de Dilma, José Eduardo Cardozo. Ele substituirá Dilma, que recuou da intenção de ser questionada pelos senadores. Na quinta, passa a valer o prazo de 20 dias para as alegações finais dos dois lados. Na prática, a Comissão volta a se reunir no dia 2 de agosto, quando o relator Antonio Anastasia entrega seu parecer, que será votado até o dia 4.

O senador Lindbergh Farias defendeu antecipar a entrega das alegações finais para que a votação final aconteça durante a Olimpíada. Novamente, os dois lados acharam bom: governistas argumentaram que isso “antecipará” o desfecho do processo e oposicionistas enxergaram uma chance de embaralhar a votação. Após o depoimento dos perito nesta terça-feira, talvez um dos dois lados ganhe motivos definitivos para acelerar o passo.