São Paulo – Com 12 anos de idade, a menina não vê muitas perspectivas para sua vida. Sem um interesse especial pelos estudos e sem futuro profissional, ela decide sair da casa dos pais para encontrar a liberdade num casamento. Pouco tempo depois, acaba vivendo experiências de controle e violência nas mãos do marido.
Essa é apenas uma das situações retratadas na pesquisa “Ela vai no meu barco: Casamento na infância e adolescência no Brasil”, realizada pelo Instituto Promundo, em parceria com a Plan International Brasil e a Universidade Federal do Pará.
Os pesquisadores analisaram as atitudes e práticas do casamento na infância e adolescência a partir de dados oficiais e de uma pesquisa exploratória nos estados brasileiros onde são realizados mais casamentos de crianças e adolescentes. Navegue pelas fotos e veja quem são esses jovens que se transformam precocemente em adultos.
2. Meninas adolescentes e homens adultoszoom_out_map
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A pesquisa mostra que, embora os casamentos infantis sejam vivenciados por meninas e meninos, são elas as mais afetadas pela prática. As uniões envolvem, em sua maioria, homens adultos e meninas na fase da infância e da adolescência. No caso das famílias pesquisadas, a diferença média de idade entre os cônjuges é de nove anos.
3. Brasil é o 4° país em número de meninas que se casam antes dos 15zoom_out_map
3/7(Fabio Rodrigues Pozzebom/ Agência Brasil)
Uma estimativa apresentada na pesquisa "Ela vai no meu barco" mostra que o Brasil ocupa o quarto lugar no mundo em números absolutos de mulheres casadas até a idade de 15 anos. No total, 877 mil mulheres casaram antes de chegar a essa idade. O Brasil é também o quarto país em números absolutos de meninas casadas com idade inferior a 18 anos - cerca de 3 milhões de mulheres com idades entre 20 e 24 anos casaram antes de entrar na fase adulta. Em outros países da América Latina e Caribe, os níveis de ocorrência são maiores apenas na República Dominicana e Nicarágua.
4. Pará e Maranhão são os estados com maior registro de casamentos de criançaszoom_out_map
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No Brasil há, pelo menos, 88 mil crianças de 10 a 14 anos em uniões consensuais, civis ou religiosas. Os estados com a maior prevalência da prática são o Pará e o Maranhão. Os dados fazem parte do último Censo realizado pelo IBGE, em 2010. A lei brasileira prevê o casamento só a partir de 18 anos ou aos 16, com a autorização dos pais. São poucas as exceções para a união de menores de idade. Uma delas é no caso de gravidez precoce.
5. As uniões são consensuais, mas há pressão familiarzoom_out_map
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Diferentemente do que acontece em países africanos e asiáticos, onde há arranjos ritualísticos ou jovens prometidas, no Brasil, os casamentos são consensuais. Há, no entanto, uma série de fatores que levam a essa decisão, sendo a gravidez precoce apenas umas delas. Outros são relacionados à própria família da jovem, como o medo de a garota engravidar precocemente e o homem fugir para não “assumir” o bebê, ou o receio de que a menina fique “falada” por seu comportamento sexual. Em outros casos, de acordo com a pesquisa, a menina vê na união com um homem mais velho a possibilidade de ter uma maior segurança financeira ou de fugir dos abusos praticados em casa. No lado dos homens, o principal motivo para a união com uma jovem é o desejo de encontrar alguém “mais obediente” a eles.
6. Gravidez precoce é apenas uma das consequênciaszoom_out_map
6/7(Marcello Casal Jr./Agência Brasil)
As maiores consequências na vida de garotas submetidas precocemente ao casamento estão ligadas à saúde e à educação. Além da gravidez antes do tempo, é comum que essas meninas deixem os estudos e sejam expostas à violência do parceiro. Quando decidem abandonar o casamento, acabam encontrando dificuldades na procura de trabalho e carregam consigo a responsabilidade de criar os filhos.
7. Veja agora um raio-x dos casamentos no Brasilzoom_out_map
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