Ao vivo: médica Nise Yamaguchi depõe na CPI da Covid; acompanhe
Defensora da cloroquina como tratamento precoce para a covid-19, Nise é considerada peça-chave para a apuração de um "ministério paralelo" da Saúde
Alessandra Azevedo
Publicado em 1 de junho de 2021 às 06h00.
Última atualização em 1 de junho de 2021 às 09h42.
A CPI da Covid ouve neste momento a médica bolsonarista Nise Yamaguchi. Conhecida por defender o uso de cloroquina para tratamento precoce da covid-19 , ela deverá explicar ao colegiado a suposta participação no “gabinete paralelo” que orientava o presidente Jair Bolsonaro em assuntos relacionados à pandemia.
Nise foi mencionada em dois depoimentos anteriores feitos à CPI: do ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta e do presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Antonio Barra Torres.
Nos dois, a oncologista foi associada ao aconselhamento do uso de remédios sem eficácia comprovada para a covid-19. Barra Torres afirmou que Nise defendeu a mudança da bula da cloroquina, para acrescentar recomendação do uso do medicamento para tratamento da doença.
A ideia teria sido sugerida em uma reunião no Palácio do Planalto, apresentada na forma de uma minuta de decreto. “Esse documento foi comentado pela doutora Nise Yamaguchi, o que provocou uma reação, eu confesso, até um pouco deseducada ou deselegante minha”, contou o presidente da Anvisa.
A médica, no entanto, nega. O autor da minuta, segundo Nise, é o tenente da Marinha Luciano Dias Azevedo, que também pode ser chamado a depor na CPI. O senador Humberto Costa (PT-PE) apresentou requerimento de convocação, mas o pedido ainda não foi votado.
Mandetta, também em depoimento à CPI, contou que era recorrente encontrar médicos que não eram da equipe do ministério em reuniões sobre a pandemia. Nessas ocasiões, segundo ele, Nise era “chamada para dar essas coisas sobre cloroquina”.
Acompanhe ao vivo
Nise tem 62 anos, é oncologista e imunologista, diretora do Instituto Avanços em Medicina, em São Paulo. Próxima ao presidente Jair Bolsonaro, ela foi cotada para assumir o Ministério da Saúde com a saída de Mandetta, em abril do ano passado. A vaga, no entanto, foi preenchida por Nelson Teich.
Quando Teich deixou o cargo, menos de um mês depois de assumir, voltaram as especulações sobre a possível entrada de Nise no Ministério da Saúde. Ela chegou a almoçar com Bolsonaro e dar entrevistas à imprensa, nas quais se dizia preparada para liderar o enfrentamento à pandemia.
Em entrevista ao Uol, em maio de 2020, Nise afirmou que aceitaria um convite para assumir a pasta. Além de ter reforçado o entendimento de que a cloroquina deveria ser usada no tratamento da covid-19, ela defendeu, na mesma entrevista, que o isolamento social fosse relaxado. No fim das contas, quem assumiu o ministério foi Eduardo Pazuello.