Quem é Marco Cepik, novo diretor-adjunto da Abin
Considerado um dos principais pesquisadores de inteligência no país e autor de livros sobre o tema, Cepik foi nomeado nesta terça-feira para o cargo na Agência Brasileira de Inteligência
Agência de notícias
Publicado em 31 de janeiro de 2024 às 09h10.
Com a exoneração nesta terça-feira, 30, de Alessandro Moretti do cargo de diretor-adjunto da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), foi nomeado para o cargo Marco Cepik, atual diretor da Escola de Inteligência da Abin e homem de confiança do diretor-geral da agência, Luiz Fernando Corrêa. A troca foi assinada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e publicada no Diário Oficial.
Formado em Ciência Polícia, Cepik é professor na Universidade Federal do Rio Grande do Sul desde 1995 e um dos autores das propostas ao grupo de transição que acabaram moldando a atual configuração da Abin. Ele defendeu a desmilitarização da agência e subordinação à Casa Civil da Presidência, hoje chefiada pelo ministro Rui Costa (PT). Antes, a Abin estava sob a tutela do Gabinete de Segurança Institucional (GSI).
Entre 2011 e 2021, Cepik também foi diretor-executivo do Centro de Estudos Internacionais sobre Governo (CEGOV) em Porto Alegre (RS). Considerado um dos principais pesquisadores de inteligência no país e autor de livros sobre o tema, em 2003 o novo 02 da Abin publicou "Espionagem e democracia", obra que revela como evoluíram as organizações modernas de inteligência até a formação de complexos sistemas de espionagem.
As substituições na Abin acontecem em meio a uma investigação da Polícia Federal sobre um suposto esquema de espionagem ilegal na agência durante o governo Jair Bolsonaro, quando o órgão era comandado por Alexandre Ramagem, hoje deputado federal pelo PL. Além de dispensar Alessandro Moretti, Lula também desligou quatro outros membros e designou novos sete diretores da agência, em funções ocupadas por agentes secretos.
Desde que assumiu seu terceiro mandato, Lula deixa claro que não confia plenamente tanto na Abin quanto em membros do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência, devido ao alinhamento de grande parte de seus integrantes com Bolsonaro.
A situação piorou após os atos golpistas de 8 de janeiro. Até o ministro-chefe do GSI, general Gonçalves Dias, que havia sido nomeado por Lula, caiu após imagens de câmeras de segurança o mostrarem em meio aos golpistas no Planalto, aparentemente sem reagir. Interino no comando do GSI, Ricardo Cappelli fez uma devassa no órgão e exonerou 87 servidores, entre eles três secretários nacionais.