Quem é Alberto Fraga, aliado de Bolsonaro, que foi ao topo do Twitter
Deputado federal pelo DEM e condenado por corrupção, Fraga é aliado de Bolsonaro e é especulado para ministério, mas não há definição
João Pedro Caleiro
Publicado em 31 de outubro de 2018 às 12h49.
Última atualização em 31 de outubro de 2018 às 14h29.
São Paulo - Na manhã desta quarta-feira (31), o nome Alberto Fraga chegou ao topo dos trending topics, os assuntos mais falados do Twitter.
Fraga é deputado federal pelo DEM do Distrito Federal e tentou o governo do estado na última eleição, mas obteve apenas 5,88% dos votos.
Ele é coronel da reserva da Polícia Militar e lidera a Frente Parlamentar da Segurança Pública, a chamada "bancada da bala", que pretende relaxar os critérios para posse de arma de fogo.
Parte das postagens de hoje nas redes se refere a Fraga como novo ministro do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) e aponta que ele é condenado na Justiça por corrupção.
Durante toda a campanha, Bolsonaro prometeu tolerância zero com a corrupção e que faria uma equipe de primeiro escalão definida por critérios técnicos e não políticos.
Fraga não foi anunciado como ministro; o governo Bolsonaro tem quatro ministros confirmados oficialmente.
São eles o astronauta Marcos Pontes para o Ministério da Ciência e Tecnologia, o economista Paulo Guedes no superministério da Economia, o deputado Onyx Lorenzoni (DEM) como ministro da Casa Civil e o General Augusto Heleno como ministro da Defesa.
A lista completa é prometida para segunda-feira (05) e na tarde de hoje, o presidente eleito foi ao Twitter para reforçar os seus critérios:
A razão para a especulação é que no último dia 23, ainda antes do segundo turno, Bolsonaro se reuniu no Rio de Janeiro com 32 representantes da Frente e indicou Fraga como possível “coordenador” da base aliada, função hoje exercida pelo ministro-chefe da Secretaria de Governo da Presidência.
“Anuncio aqui que quem vai coordenar a bancada, lá do Planalto, vai ser o Fraga”, disse Bolsonaro, em meio a risos e aplausos ( veja o vídeo ).
Fraga negou que tenha recebido convite formal e afirmou ter sido surpreendido: “Foi um comentário despretensioso.” Na época, Bolsonaro foi ao Twitter criticar quem já estava se colocando na equipe:
Ontem, Fraga disse à Agência Estado que está "disposto a ajudar" o governo mas que não há nada definido.
Histórico
Em setembro de 2018, Fraga foi condenado a quatro anos, dois meses e 20 dias de prisão em regime semiaberto sob a acusação de pedir (e receber) 350 mil reais em propina para firmar um contrato entre a cooperativa de ônibus Coopertran e o governo. A decisão é de primeiro instância e cabe recurso.
Na época do ocorrido, em 2008, Fraga era secretário de Transportes do governo José Roberto Arruda, que se tornaria em 2010o primeiro governador preso no Brasil no exercício do mandato.
A TV Globo divulgou gravações em que Fraga supostamente reclama do valor baixo da propina.
A Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB) divulgou nota de repúdio e classificou as declarações como "inadmissíveis".
Não foi a primeira vez que Fraga se viu com problemas na Justiça. Em 2011, ele foi processado após a Polícia Civil ter apreendido um revólver e 289 munições de uso restrito em um flat atribuído ao deputado em Brasília.
Ele disse que o apartamento não era dele e que tinha permissão para posse como colecionador de armas, atirador e coronel da PM.
Fraga chegou a ser condenado pelo crime em 2013, com pena de multa e quatro anos de prisão em regime aberto que depois foram convertidos em prestação de serviço comunitário.
A condenação foi mantida em segunda instância, em 2014, mas a defesa apresentou embargos de declaração.
Em 2015, Fraga assumiu mandato e o caso foi remetido ao Supremo Tribunal Federal (STF). Após decisão que restringiu o foro privilegiado em maio deste ano, o caso voltou para a instância inferior.
Caso Marielle
Em março, Fraga se envolveu com outra controvérsia ao publicar em sua conta no Twitter que a vereadora assassinada Marielle Franco teria sido casada com o traficante Marcinho VP, era usuária de drogas e teria sido eleita com apoio do Comando Vermelho.
Ele depois apagou a mensagem. Em entrevista à Rede Globo, Fraga admitiu que errou por não checar a veracidade das informações publicadas em sua página.
O Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) entrou com uma representação no Conselho de Ética da Câmara por quebra de decoro. O processo foi arquivado.