Brasil

Quem é Kátia Rabello, banqueira condenada pelo mensalão

Presidente do Banco Rural na época do mensalão, ela poderá pegar entre 3 e 12 anos de cadeia por gestão fraudulenta do banco

EXAME.com (EXAME.com)

EXAME.com (EXAME.com)

DR

Da Redação

Publicado em 6 de setembro de 2012 às 10h58.

São Paulo – Artista, bailarina e professora de dança que caiu de “paraquedas” na presidência do Banco Rural, contra a própria vontade. É este o perfil que emerge das peças de defesa de Kátia Rabello, acionista majoritária e hoje distante do dia a dia administrativo do banco fundado pelo pai, Sabino Rabello, na década de 60.

Mas o retrato pintado pelos advogados não foi capaz de, junto a outros argumentos, absolver ontem a ex-presidente da instituição.

Aos 41 anos, ela se tornou a primeira mulher condenada pelos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) no julgamento do mensalão.

Por gestão fraudulenta de instituição financeira, a moradora de Belo Horizonte poderá pegar entre 3 e 12 anos de reclusão. Outros três crimes ainda serão julgados e poderão se somar ao primeiro.

Ela presidia o Banco Rural quando este, segundo a Procuradoria Geral da República, simulou empréstimos no valor de 32 milhões de reais às empresas de Marcos Valério e ao PT. Os valores só teriam sido cobrados depois da eclosão do escândalo, em 2005.

Os testemunhos indicam que Kátia tinha uma ativa vida artística antes de se enveredar pelo lado financeiro da família.

O ex-secretário estadual da Cultura de Minas Gerais, Ângelo de Araújo, afirmou que ela “realizou um belo trabalho no grupo Primeiro Ato, que se afirmou como um dos mais importantes grupos de dança contemporânea no Brasil, merecendo prêmios e referências nacionais”.

A sócia dela na fundação do Primeiro Ato, Suely Machado, lembrou que os sonhos profissionais de Kátia sempre foram direcionados à área artística e “não aos negócios familiares e à administração de empresa”.

Para um ex-presidente de instituições financeiras de Minas Gerais, Kátia foi induzida a assumir o papel de protagonista no Banco Rural, onde trabalhava apenas na área de marketing, depois de uma série de “fatalidades ocorridas” em um curto espaço de tempo.

Sua irmã, Júnia, então presidente do Rural, foi morta em um pouso forçado de helicóptero em 1999; e o pai morreu seis anos depois, mas já vinha preparando quem administraria a instituição.

Kátia assumiu a presidência executiva em 2001. Desde o ano anterior, era também presidente do Conselho de Administração.

Os ministros do Supremo não se convenceram de que ela, pelo desinteresse e desconhecimento, na verdade não comandava o banco, que seria gerido pelo vice-presidente e executivo de longa data, José Augusto Dumont, como alegou a defesa.

Dumont morreu em um acidente de carro em 2004. O Ministro Luiz Fux chegou a dizer que a gestão do banco não foi fraudulenta ou mesmo temerária, mas “tenebrosa”.

Resta saber qual será a pena da ex-executiva e bailarina com bom trânsito na cultura de Minas Gerais.

Acompanhe tudo sobre:CorrupçãoEscândalosFraudesMensalãoPolítica no BrasilSupremo Tribunal Federal (STF)

Mais de Brasil

Quais são os impactos políticos e jurídicos que o PL pode sofrer após indiciamento de Valdermar

As 10 melhores rodovias do Brasil em 2024, segundo a CNT

Para especialistas, reforma tributária pode onerar empresas optantes pelo Simples Nacional

Advogado de Cid diz que Bolsonaro sabia de plano de matar Lula e Moraes, mas recua