Outra possibilidade de viabilizar um acordo seria a formação de uma federação entre as duas siglas (Filipe Araújo/Fotos Públicas)
Agência O Globo
Publicado em 18 de janeiro de 2022 às 08h41.
O PT tenta atrair para seu palanque em São Paulo o candidato do PSOL ao Palácio dos Bandeirantes, Guilherme Boulos. A proposta é que o líder sem-teto abra mão da disputa em nome do ex-prefeito Fernando Haddad para, em troca, receber o apoio dos petistas na eleição para prefeitura de São Paulo de 2024.
Embora dirigentes do PT e PSOL concordem que uma disputa entre Haddad e Boulos diminua as chances da esquerda romper com a hegemonia do PSDB, que governa o estado desde 1994, a costura encontra dificuldades. O PSOL resiste em abrir mão da candidatura de Boulos.
Numa reunião no final do ano passado, petistas sinalizaram com a possibilidade de acordo, mas não houve resposta. Nos bastidores, psolistas sugerem que o PT tenta aumentar a pressão para que Boulos saia de cena, mas dizem que não há uma garantia de apoio nas eleições municipais.
Outra possibilidade de viabilizar um acordo seria a formação de uma federação entre as duas siglas, o que não é descartado por lideranças das duas legendas.
Presidente estadual do PSOL em São Paulo, João Paulo Rillo, enfatiza que a candidatura de Boulos está mantida, ainda que o partido tenha disposição de conversar com o PT.
— Houve sinalizações do PT. Estamos dispostos a dialogar e tentar uma construção em São Paulo, mas estamos firmes em manter a candidatura do Boulos por ele ser o candidato que encarnaria uma renovação — afirma Rillo.
Na última pesquisa Datafolha, divulgada em 18 de dezembro do ano passado, Haddad aparece na liderança da corrida ao governo paulista no cenário em que o ex-governador Geraldo Alckmin, cotado para ser vice de Lula, não é apresentado como candidato. O ex-prefeito tem 28% das intenções de voto, contra 11% de Boulos.
O resultado animou os petistas, que passaram a reafirmar a pré-candidatura de Haddad ao governo paulista. Até então, havia dúvidas sobre o destino do ex-ministro da Educação de Lula, cotado para ser o chefe da Casa Civil em um eventual novo governo ou até candidato ao Senado pelo PT.
Publicamente, os dois pré-candidatos negam qualquer união. Em outubro do ano passado, Haddad disse em um evento do Sindicato dos Hospitais de São Paulo que a aliança entre os dois não estava no horizonte e que ambos tinham programas e perspectivas diferentes. Segundo o entorno de Haddad, o ex-prefeito não tem feito nenhum gesto na direção de Boulos desde então para chegar a um acordo. Procurado pela reportagem, ele não quis comentar o assunto.
O presidente do PSOL, Juliano Medeiros, disse, em nota, que a candidatura de Boulos foi aprovada pelo Congresso Estadual do PSOL em São Paulo e que não há nenhum debate para alterar essa decisão no interior do partido.