Joice Hasselmann: deputada assume a liderança do PSL na Câmara após Eduardo Bolsonaro ser expulso do partido (Amanda Perobelli/Reuters)
Agência O Globo
Publicado em 11 de dezembro de 2019 às 16h14.
Nova líder do PSL na Câmara, a deputada federal Joice Hasselmann (SP) afirmou que o partido não deixará de integrar a base do governo Jair Bolsonaro com a sua eleição para assumir o posto, que era ocupado pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), suspenso pela legenda. A
parlamentar destacou, porém, que a bancada vai se manter independente em relação "a pautas que podem prejudicar o Brasil". Ela disse ainda que seu primeiro passo será de pacificação e prometeu que não haverá "nenhum movimento de retaliação".
Pela manhã, deputados do PSL entregaram uma lista com 22 assinaturas oficializando seu nome, após Eduardo ter a suspensão confirmada por Rodrigo Maia (DEM-RJ). Sem a presença de bolsonaristas, os parlamentares decidiram na tarde da terça, em reunião, indicar Joice para a liderança. O grupo é alinhado ao presidente nacional da sigla, Luciano Bivar (PE).
"Alguns deputados nossos sofreram desgastes votando algumas pautas do governo que não foram bem vistas pela população. Então, agora nós temos essa independência em relação às pautas", declarou Joice, na entrada para um almoço com a bancada. Segundo a deputada, a bancada vai dar um passo para mostrar à sociedade brasileira que fará política "de um jeito sério e maduro".
O PSL raiz é uma direita racional, não é uma direita xiita, não é uma direita radical. É uma direita que respeita o contraditório. E a gente vai fazer política de um jeito claro e maduro dentro dessa Casa, absolutamente transparente, porque nós precisamos fazer as pautas que o Brasil precisa andarem", declarou a parlamentar. "
"E o que a gente espera agora é um momento de menos puxada de tapete e de mais trabalho, que é o que a gente tem que mostrar para a nação brasileira", complementou. Nas palavras de Joice, a bancada agora será "absolutamente liberal na economia e conservador nos costumes", como prometido na campanha.
"É liberal, não é nacionalista. É conservador nos costumes, não é reacionário. São coisas totalmente diferentes. Então é esse recado que nós vamos passar para a população a partir de hoje. E trazendo, claro, os deputados que, de alguma forma se sentiram aí desgarrados no meio do processo, para perto. É importante que todos estejam perto. As portas estão abertas. Não vai haver nenhum movimento de retaliação, nem nada disso, porque não é do nosso perfil, desse time que ficou aqui", comentou.
Pré-candidata à Prefeitura de São Paulo, ela assumiu o compromisso de não se afastar do mandato para disputar o cargo e de estar sessões da Câmara até o dia da eleição, em outubro do ano que vem. Citando sua passagem como líder do governo no Congresso, ela disse que "vai ser moleza".
Questionada sobre a declaração do presidente Bolsonaro, mais cedo, de que terá "critério concreto" para botar gente no seu partido, o Aliança pelo Brasil, e que não vai aceitar "traíra", Joice disse que ele tem que dizer a quem se refere.
"Parlamentares deram a vida pela campanha do presidente da República, acreditaram, lutaram por ele quando ninguém acreditava. Quando nem sigla ele tinha, o PSL abriu portas e estendeu o tapete vermelho, deu o partido de portas fechadas para ele, então, é uma via de mão dupla", declarou a líder.
"Acho que pessoas que trabalharam antes e depois da campanha, depois da eleição e continuam trabalhando ativamente na Câmara e dando o maior número de votos de todos os partidos para as pautas do presidente da República não podem ser chamadas de traidores, isso seria no mínimo uma injustiça, para não falar coisa pior", complementou.
Joice afirmou ainda que Bolsonaro geralmente "fala um pouquinho demais e depois se retrata" e que o trabalho da bancada do PSL vai ser mostrar quem, de fato, "está do lado do Brasil e quem está só fazendo discursinho político".
"Entrou traíra [no PSL] porque foi em cima da hora. Está cheio de traíra o partido que eu deixei para trás", disse Bolsonaro a apoiadores, na saída do Palácio da Alvorada, pela manhã. Presidente nacional do partido, o deputado federal Luciano Bivar (PE) afirmou, antes do almoço com a bancada, que não viu a fala de Bolsonaro.
Evitando responder se o PSL segue na base do governo, ele comentou que sempre houve "uma relação bastante amigável em relação às pautas do governo".