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PSDB confirma candidatura de Datena e define vice em convenção marcada por confusão em SP

Militantes tiveram a entrada barrada no auditório, com auxílio da Polícia Militar

Datena afirmou durante o evento que é contrário à polarização entre o PT e o PL na eleição paulistana (Governo do Estado de São Paulo/ Luis Blanco/Wikimedia Commons)
Agência o Globo

Agência de notícias

Publicado em 27 de julho de 2024 às 15h51.

Neste sábado, 27, foi realizada na Assembleia Legislativa de São Paulo a convenção municipal que confirmou o apresentador José Luiz Datena como candidato do PSDB nas eleições da prefeitura de São Paulo. No evento, também foi anunciado o ex-senador José Aníbal como vice na chapa, que hoje é o presidente do diretório municipal tucano na capital.

O candidato a vice afirmou ainda que "nenhum outro candidato" tem a popularidade de Datena e convocou os postulantes a vereador a fecharem com ele. “Comecem a campanha, mas junto com o Datena. Esse será o melhor caminho para vocês conquistarem o voto”.

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Serão ainda 51 candidatos a vereador em São Paulo, 48 do PSDB e 3 do Cidadania. O partido tenta retomar a bancada na Câmara Municipal depois de assistir a todos os seus oito parlamentares pedirem desfiliação na janela partidária, em abril, descontentes com a falta de acerto com o atual prefeito para as eleições de 2024.

Datena contra à polarização

Datena afirmou durante o evento que não deseja que São Paulo e o Brasil virem um "narcoestado" e se mostrou contrário à polarização entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) na eleição paulistana. Segundo ele, os dois colocaram "marionetes" para disputar o governo da cidade, em referência ao deputado federal Guilherme Boulos (PSOL) e ao prefeito Ricardo Nunes (MDB). Declarou, porém, contar com o voto de apoiadores de ambos que não querem eleger seus apadrinhados.

“Vou sair pela porta da frente”

Apesar do desejo de ganhar votos do eleitorado de Boulos, o discurso de Datena foi praticamente inteiro voltado a críticas a Nunes, que não considera ter a "legitimidade" de Bruno Covas, prefeito eleito pelo PSDB em 2020 e falecido no ano seguinte.

O candidato tucano acusou indiretamente o prefeito Ricardo Nunes (MDB) de financiar "baderneiros" para atrapalharem o evento. Grupo tucano contrário à indicação de Datena e favorável ao apoio a Nunes colocou desde cedo um equipamento na entrada da Assembleia Legislativa do Estado (Alesp) reproduzindo frases críticas do jornalista a integrantes do PSDB, como o ex-governador mineiro Aécio Neves.

Os militantes tiveram a entrada barrada no auditório, com auxílio da Polícia Militar. Do lado de fora, um carro de som cobrava um "debate" entre Datena e o ex-presidente do diretório municipal do partido Fernando Alfredo e chamava José Aníbal, atual ocupante do cargo, de "golpista". Centenas de pessoas se aglomeraram em frente ao portão principal e discutiram com o apresentador de TV, que fez questão de sair "pela porta da frente".

Antes de deixar o local, Datena chamou os manifestantes de "canalhas", "vagabundos" e "filhos da p***", com o dedo em riste. O grupo dissidente respondeu com gritos de "arregão" e cercou o carro do apresentador, que conseguiu sair do estacionamento com o auxílio de um cordão da Polícia Militar.

“De onde veio o dinheiro para financiar essa gente toda que está aí fora? Quem deu dinheiro para carro de som, para baderneiro?”, questionou Datena, durante a convenção partidária. “Tem que ser investigada pela Polícia, pelo Ministério Público, para que essas eleições não sejam sangrentas, pregadas numa polarização que não leva a lado nenhum.”

No discurso, Datena também disse "confiar" no governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) para que não interfira em investigações da polícia e do Ministério Público e declarou considerar "boa pessoa" o vice de Nunes, o coronel da reserva da Polícia Militar (PM) Ricardo Mello Araújo (PL), seguidor fiel de Bolsonaro e indicado diretamente por ele para a chapa.

“A sorte dele (Ricardo Nunes) é que não vai ser eleito, porque seria o primeiro caso do vice prender o prefeito”, disse o apresentador.

Políticos contra a confusão

O presidente da Federação PSDB-Cidadania e ex-vereador Mário Covas Neto, criticou os manifestantes e relembrou um episódio em que o ex-governador Mário Covas foi impedido de entrar em um evento na Secretaria de Educação.

“Para entrar aqui me agarraram, me puxaram, fizeram de tudo. Pensei, olha, estou revivendo o passado. É muito triste isso”, disse Covas Neto.

Ele aproveitou o momento para rebater a afirmação de que o PSDB teria "acabado" depois da ascensão do PL e o fim da polarização com o PT de Luiz Inácio Lula da Silva. Segundo ele, um partido que acabou não é capaz de gerar aquela disputa.

O presidente nacional do PSDB, Marconi Perillo, defendeu a candidatura de Datena como uma alternativa para os "extremos", segundo ele, representados por Boulos e Nunes. Para ele, o PSDB é uma "grife" para o candidato, porque deixou legados irreversíveis em todos os estados que governou ao longo de sua história. Admitiu, por outro lado, que não será uma eleição fácil.

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