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Próximo presidente terá dificuldade, dizem analistas

Independente de quem vença, a dificuldade em implantar as reformas estruturais, como a tributária, a política e a fiscal, estará presente


	Votação: desafio em converter a vitória nas urnas em uma coalizão majoritária não deve fugir da fórmula adotada nos últimos governos
 (Elza Fiúza/Agência Brasil)

Votação: desafio em converter a vitória nas urnas em uma coalizão majoritária não deve fugir da fórmula adotada nos últimos governos (Elza Fiúza/Agência Brasil)

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Da Redação

Publicado em 17 de abril de 2014 às 22h14.

São Paulo - As eleições presidenciais deste ano devem ser uma das mais acirradas e imprevisíveis dos últimos pleitos, na avaliação de cientistas políticos.

Apesar do quadro volátil, os analistas concordam em um ponto: independentemente de quem vença o pleito - entre os concorrentes mais bem cotados nas pesquisas de intenção de voto, estão a presidente Dilma Rousseff (PT), o senador Aécio Neves (PSDB-MG) e o ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos (PSB) -, a dificuldade em implantar as reformas estruturais, como a tributária, a política e a fiscal, estará presente.

Mesmo com a eventual renovação do Congresso, o desafio em converter a vitória nas urnas em uma coalizão majoritária não deve fugir da fórmula adotada nos últimos governos, onde o apoio se dá na base de troca por cargos e verbas orçamentárias. Em entrevista à reportagem, o cientista político Fábio Wanderley Reis, doutor pela Universidade de Harvard (EUA) e professor emérito da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), a dificuldade em construir uma base estável de apoio no Congresso Nacional é evidente, mesmo que Dilma se reeleja.

Reis argumenta que não existem partidos políticos consistentes no País, exemplificando com o PMDB, que, mesmo sendo a maior legenda congressual e aliada da presidente, não foge do chamado federalismo clientelista e, recentemente, deu mostras de como pode deixar o governo refém.

O analista em pesquisa eleitoral e marketing político Sidney Kuntz também aposta que o próximo governo terá dificuldade na formação de uma base aliada consistente no Congresso, que permita a aprovação de medidas essenciais para o País. "Vemos hoje a base aliada de Dilma esfacelada e não devemos esperar algo diferente para o ano de 2015.

Usualmente, o primeiro ano de um governo, mesmo para quem foi reeleito, é um período de composição de apoio para os seus projetos. E no Brasil, tal apoio está vinculado a concessões, de cargos e de verbas", destaca.


Kuntz cita o PMDB, destacando que, apesar de compor aliança com o PT, a sigla já começa a se rebelar nesta pré-campanha em alguns Estados importantes, como Rio e Bahia, onde a base da agremiação apoia a oposição.

No caso de ocorrer alternância de poder, com a eventual vitória de Aécio ou de Campos, o problema poderá ser ainda maior no primeiro ano de gestão, dizem os analistas. Porque, além do arco de alianças para garantir a maioria no Congresso ainda não estar consolidado, há toda uma estrutura de governo montada pela gestão antecessora e o próprio Orçamento que já foi votado também.

A vantagem é que, se a vitória nas urnas for significativa, o apoio popular pode entrar na contabilidade para pressionar o Parlamento a aprovar as medidas, desde que conte, obviamente, com o apoio popular. Kuntz diz que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva conseguiu transformar, quando eleito, coalizão eleitoral em coalizão de governo que pudesse dar estabilidade a ele próprio e a suas propostas.

"Contudo, o modelo adotado 'do toma lá, dá cá' acabou resultando no escândalo do mensalão e colocou atrás das grades lideranças histórias do PT." O analista diz que ninguém se alia a um governo só pelas suas propostas. "É uma questão matemática, no presidencialismo de coalizão se governa com maioria, mas, para se chegar a isso, o preço às vezes é muito alto."

Wanderley Reis diz que Dilma levou o presidencialismo de coalizão a "um ponto inédito de desagregação" e ele questiona como será o cenário caso ela conquiste a reeleição. Com o PSB, ele diz que a situação é a mesma.

"Mesmo que o eleito seja Eduardo Campos, não prevejo mudanças significativas, a julgar pelo quadro que vimos em sua gestão em Pernambuco", diz o professor, lembrando que o pessebista governou com um leque de 14 partidos e teve de atender a muitos interesses.

"Uma inconsistência à retórica que vem pregando nesta pré-campanha, de uma nova política e uma nova forma de governar", complementa Reis.

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