DELTAN DALLAGNOL: procurador da República se pronunciou em vídeo sobre vazamento de conversas entre ele o o ex-juiz Sergio Moro (Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)
Estadão Conteúdo
Publicado em 11 de junho de 2019 às 06h53.
Última atualização em 11 de junho de 2019 às 10h45.
São Paulo — O procurador da República Deltan Dallagnol, coordenador da Operação Lava Jato, publicou um vídeo em seu Twitter nesta segunda-feira (10) no qual ele presta "esclarecimentos à sociedade sobre os recentes ataques à força-tarefa".
Deltan se referiu aos diálogos publicados pelo site The Intercept entre ele e o ex-juiz Sergio Moro, hoje ministro da Justiça e Segurança Pública.
O procurador afirma que as provas contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva são "robustas". "Tanto eram robustas que nove julgadores em três instâncias diferentes concordaram com a robustez das provas e condenaram o ex-presidente Lula."
As conversas sugerem suposta interferência direta de Moro nos rumos da Lava Jato. A Procuradoria da República, no Paraná, afirma que um hacker invadiu suas comunicações pelo aplicativo Telegram e se aproveitou de "falhas estruturais na rede de operadoras de telefonia móvel" para clonar números de celulares de seus procuradores.
No vídeo, Deltan afirma que "a Lava Jato Curitiba sofreu um ataque gravíssimo por parte de um criminoso".
"É muito natural, é muito normal que procuradores e advogados conversem com o juiz mesmo sem a presença da outra parte. O que se deve verificar é se nessas conversas existiu conluio ou quebra de imparcialidade", declarou.
"A imparcialidade na Lava Jato é confirmada por muitos fatos. Centenas de pedidos feitos pelo Ministério Público foram negados pela Justiça, 54 pessoas acusadas pelo Ministério Público foram absolvidas pelo ex-juiz federal Sergio Moro. Nós recorremos centenas de vezes contra decisões judiciais, o que mostra não só que o juiz não acolheu o que Ministério Público queria, mas mostra que o Ministério Público não se submeteu ao entendimento da Justiça."
Deltan citou o caso triplex, processo pelo qual o ex-presidente Lula cumpre pena em Curitiba há um ano por corrupção e lavagem de dinheiro. Em abril, o petista foi condenado pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) a 8 anos, 10 meses e 20 dias de reclusão.
Lula já havia sido condenado pelo então juiz Sergio Moro, em julho de 2017, a 9 anos e seis meses, e pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4) a 12 anos e 1 mês de prisão em janeiro de 2018.
O coordenador da Lava Jato declarou que o "Ministério Público só efetuou uma acusação criminal quando as provas são robustas". O The Intercept informou que, pelo teor das conversas, Deltan teria duvidado das provas contra Lula horas antes de oferecer a denúncia.
"As provas do caso triplex embasaram a acusação porque elas eram robustas. Tanto eram robustas que nove julgadores em três instâncias diferentes concordaram com a robustez das provas e condenaram o ex-presidente Lula", declarou Deltan no vídeo.