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Projeto quer luz natural para salvar o baixo Minhocão

Projeto paisagístico e arquitetônico pretende devolver a iluminação natural ao Minhocão, abrindo uma fenda entre as duas pistas


	Carros passam em vias paralelas ao Minhocão, em São Paulo
 (Carlos Severo/Fotos Públicas)

Carros passam em vias paralelas ao Minhocão, em São Paulo (Carlos Severo/Fotos Públicas)

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Da Redação

Publicado em 4 de julho de 2015 às 10h01.

São Paulo - O Minhocão, na região central de São Paulo, foi inaugurado em 1971 e, desde então, a parte de baixo do elevado nunca recebeu a luz do sol.

Um projeto paisagístico e arquitetônico pretende devolver a iluminação natural a essa área, abrindo uma fenda entre as duas pistas que passam por cima, e trazendo melhorias para que as pessoas se apropriem do local: plantas suspensas, quiosques com água, Wi-Fi e espaços de convivência.

Chamado de Marquise Minhocão, o projeto foi apresentado ao prefeito Fernando Haddad (PT) na semana passada pelo paisagista Guil Blanche e pela arquiteta Carolina Bueno, do escritório Triptyque.

A Prefeitura começou, neste ano, a instalar ciclovias embaixo do elevado, local conhecido pela degradação, e busca tornar o ambiente mais agradável aos ciclistas e pedestres.

"Com a chegada da ciclovia, muda a concepção para uma nova ocupação", afirma Guil, que também é diretor do Movimento 90°, grupo que busca a instalação de jardins verticais pela cidade. "O que o Minhocão cria é um grande abrigo, por isso, demos o nome ao projeto de 'marquise', como a que existe e é usada no Ibirapuera."

O projeto foi feito em seis meses. Em uma primeira reunião de Guil com Haddad a respeito da instalação de jardins verticais nos prédios ao redor do Minhocão, em dezembro, o prefeito havia sinalizado a necessidade de se pensar na parte inferior do elevado. Guil convidou a Triptyque para desenhar um projeto e, em maio, foram recolhidas sugestões de melhorias dos moradores do entorno. Jardim e áreas verdes surgiram como a principal demanda, seguidos de iluminação e ambiente para sentar e descansar.

"O primeiro passo foi pensar em abrir o vão central em um metro entre os carros que passam no elevado. Dessa forma, você já conecta a parte de cima com a de baixo", diz Carolina. A abertura seria possível porque, como se retira apenas uma capa de concreto, não interferiria na estrutura da construção - só a proteção lateral para os carros, em cima, teria de ser refeita.

As concavidades no teto e na lateral já existentes na estrutura do Minhocão deverão servir de vasos - as plantas, de espécies adaptadas à pouca luz, serão colocadas dentro de calhas e cairão do teto como uma minifloresta. O sistema hidráulico do elevado - que já existe, está nos pilares e acumula água da chuva - será aproveitado para irrigar as plantas suspensas, por gotejamento. "Só com a massa vegetal é possível diminuir em 22% a poluição dos carros", afirma Guil.

Com o intuito de ocupar aquele espaço com serviços, como floriculturas ou bancas de jornal, serão construídos módulos de 3 a 6 metros quadrados entre as ciclovias, como se fossem caixas metálicas com porta, equipadas com luz, água e Wi-Fi. "Queremos movimento no local, como se fosse uma praia urbana. Brinco que, enquanto o Rio tem o Posto 9 em Ipanema, nós poderemos ter o pilar 1, 2 ou 3 no Minhocão", diz Carolina.

A ideia é viabilizar o projeto inicialmente em uma parte do elevado, da alça de acesso para a Rua da Consolação até o Terminal Amaral Gurgel, trecho que compreende 650 metros, de um total de 3,4 quilômetros. O custo estimado é de cerca de R$ 3 milhões. A Prefeitura, se aprovar o piloto, deve determinar a maneira de financiar o projeto.

Consenso

Embora discordem sobre o futuro do elevado, a Associação Parque Minhocão e o Movimento Desmonte Minhocão concordam que qualquer iniciativa para a parte de baixo da via é válida.

"A parte de cima é aquela em que basicamente tudo fica focado, mas a gente sabe que a parte de baixo é a mais difícil de ser resolvida em termos de projeto. Como nós não temos projeto e não vamos fazer, ficamos felizes que alguém se preocupe e já comece a fazer algo", afirma Athos Comolatti, que defende a criação do parque.

Yara Góes, do movimento que quer a demolição do elevado, diz que "o primeiro desejo é o desmonte, mas, enquanto isso, floreiras são sempre bem-vindas. Todo mundo gosta do verde, São Paulo tem muito cimento e concreto e é preciso colocar mais verde na cidade". As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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