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Programa "Mais Médicos" do Brasil preocupa o Uruguai

"Todo mundo quer mais dinheiro neste país. Os senhores médicos vão com liberdade de trabalho porque (no Brasil) pagam melhor", disse Mujica

José Mujica e Dilma Rousseff: Mujica pediu a Dilma que não faça campanha de recrutamento no Uruguai, preocupado com impacto que pode ter oferta tentadora sobre médicos uruguaios (Pablo Porciuncula/AFP)
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Da Redação

Publicado em 6 de maio de 2014 às 09h16.

O governo uruguaio está preocupado com o impacto que pode ter sobre os serviços de saúde a partida de médicos do país rumo ao Brasil, para integrar o programa " Mais Médicos ", reconheceu esta quarta-feira o presidente José Mujica.

Mujica disse a jornalistas que chegou a conversar com a colega Dilma Rousseff sobre o tema, mas que o problema não é uma atitude do país vizinho, mas "uma decisão individual dos médicos uruguaios", que é preciso "aguentar e tentar resolver".

"Todo mundo quer mais dinheiro neste país. Os senhores médicos vão com liberdade de trabalho porque (no Brasil) pagam melhor", disse Mujica.

De acordo com o jornal El Observador, Mujica pediu a Dilma que não faça uma campanha de recrutamento no Uruguai, preocupado com o impacto que pode ter a oferta tentadora sobre os médicos uruguaios.

O programa já conseguiu recrutar 16 médicos uruguaios e na segunda chamada, vinte uruguaios pediram adequação de seus títulos para se apresentar e migrar, acrescentou o jornal.

O vice-diretor de Assuntos Fronteiriços da Chancelaria, Javier Vidal, disse ao jornal que o Uruguai não queria "ser excluído" do programa, nem proibir a emigração de médicos.

Mas tanto a Chancelaria, quanto o Ministério de Saúde Pública (MSP), ficarão "atentos" à possibilidade de o Brasil realizar uma nova convocação de médicos estrangeiros e farão um "acompanhamento" de todos os profissionais que peçam adequação de seus títulos para emigrar, informou.

O Brasil tem um déficit de 54.000 médicos e o governo lançou o programa "Mais Médicos" para preencher 15 mil novos postos após os maciços protestos de rua que, no fim de junho, pediram melhorias nos serviços públicos.


O governo brasileiro oferece a cada médico estrangeiro 10.000 reais mensais (US$ 4.240 dólares no câmbio atual), através de uma "bolsa de formação" pago a seus serviços em regiões carentes.

Na semana passada, a ministra de Saúde Pública, Susana Muñiz, reconheceu a preocupação e criticou os profissionais que dizem deixar o Uruguai "por 1.000 dólares mais" do que recebem em seu país.

O Colégio Médico do Uruguai, por sua vez, criou uma comissão formada por conselheiros regionais dos departamentos (estados) fronteiriços com o Brasil para analisar o impacto do programa nestas regiões.

O presidente do Colégio, Jorge Torres, disse na quarta-feira à rádio El Espectador que o tema da migração médica para diferentes países vem se impondo com força nos últimos anos.

"O tema migração preocupa muito porque já países muito poderosos que sabem que não vão poder formar determinados números de médicos nos próximos anos e todos têm a convicção de que vão procurar contratar médicos em outros países. O tema agora se aprofundou e requer uma revisão", disse Torres.

O Sindicato Médico do Uruguai (SMU) ainda não adotou uma posição oficial sobre o tema, mas seu vice-presidente, Gerardo Eguren, disse ao El Observador que é preciso respeitar "a liberdade individual de cada doutor" e considerou que se se quer deter a emigração seria "mais eficaz aumentar a remuneração e dar melhores oportunidades de trabalho" no país.

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O governo uruguaio está preocupado com o impacto que pode ter sobre os serviços de saúde a partida de médicos do país rumo ao Brasil, para integrar o programa " Mais Médicos ", reconheceu esta quarta-feira o presidente José Mujica.

Mujica disse a jornalistas que chegou a conversar com a colega Dilma Rousseff sobre o tema, mas que o problema não é uma atitude do país vizinho, mas "uma decisão individual dos médicos uruguaios", que é preciso "aguentar e tentar resolver".

"Todo mundo quer mais dinheiro neste país. Os senhores médicos vão com liberdade de trabalho porque (no Brasil) pagam melhor", disse Mujica.

De acordo com o jornal El Observador, Mujica pediu a Dilma que não faça uma campanha de recrutamento no Uruguai, preocupado com o impacto que pode ter a oferta tentadora sobre os médicos uruguaios.

O programa já conseguiu recrutar 16 médicos uruguaios e na segunda chamada, vinte uruguaios pediram adequação de seus títulos para se apresentar e migrar, acrescentou o jornal.

O vice-diretor de Assuntos Fronteiriços da Chancelaria, Javier Vidal, disse ao jornal que o Uruguai não queria "ser excluído" do programa, nem proibir a emigração de médicos.

Mas tanto a Chancelaria, quanto o Ministério de Saúde Pública (MSP), ficarão "atentos" à possibilidade de o Brasil realizar uma nova convocação de médicos estrangeiros e farão um "acompanhamento" de todos os profissionais que peçam adequação de seus títulos para emigrar, informou.

O Brasil tem um déficit de 54.000 médicos e o governo lançou o programa "Mais Médicos" para preencher 15 mil novos postos após os maciços protestos de rua que, no fim de junho, pediram melhorias nos serviços públicos.


O governo brasileiro oferece a cada médico estrangeiro 10.000 reais mensais (US$ 4.240 dólares no câmbio atual), através de uma "bolsa de formação" pago a seus serviços em regiões carentes.

Na semana passada, a ministra de Saúde Pública, Susana Muñiz, reconheceu a preocupação e criticou os profissionais que dizem deixar o Uruguai "por 1.000 dólares mais" do que recebem em seu país.

O Colégio Médico do Uruguai, por sua vez, criou uma comissão formada por conselheiros regionais dos departamentos (estados) fronteiriços com o Brasil para analisar o impacto do programa nestas regiões.

O presidente do Colégio, Jorge Torres, disse na quarta-feira à rádio El Espectador que o tema da migração médica para diferentes países vem se impondo com força nos últimos anos.

"O tema migração preocupa muito porque já países muito poderosos que sabem que não vão poder formar determinados números de médicos nos próximos anos e todos têm a convicção de que vão procurar contratar médicos em outros países. O tema agora se aprofundou e requer uma revisão", disse Torres.

O Sindicato Médico do Uruguai (SMU) ainda não adotou uma posição oficial sobre o tema, mas seu vice-presidente, Gerardo Eguren, disse ao El Observador que é preciso respeitar "a liberdade individual de cada doutor" e considerou que se se quer deter a emigração seria "mais eficaz aumentar a remuneração e dar melhores oportunidades de trabalho" no país.

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