EIKE BATISTA: De acordo com o processo, empresário alienou ações da companhia com o conhecimento de que haveria alteração do plano de negócios da OSX / Christian Gaul
Da Redação
Publicado em 26 de janeiro de 2017 às 17h55.
Última atualização em 23 de junho de 2017 às 19h06.
É manhã de sexta-feira, e nada de o empresário Eike Batista dar sinal de vida. Ontem, ele foi incluído na lista vermelha da Interpol, juntamente com os homens mais procurados do mundo. Segundo informações do jornal O Dia, ele está no apartamento do advogado Sergio Bermudes, na Trump Tower, em Nova York. O advogado Fernando Martins afirmou que a intenção de Eike é “cooperar, como sempre cooperou, e retornar o mais rápido possível”.
Segundo executivos próximos ao empresário, ele poderá tentar negociar algum acordo antes de retornar ao país e se entregar à Polícia Federal. Como não tem curso superior, Eike não teria direito a cela especial — portanto, não ficaria preso com outros nomes conhecidos da Lava-Jato, como o ex-governador Sérgio Cabral.
O empresário deixou o Rio há dois dias, com seu passaporte alemão. Caso embarque para a Alemanha, ou caso já esteja por lá, e decida não voltar ao Brasil, não deve ser extraditado. A Alemanha não extradita seus cidadãos. Como é fato consumado que Eike tem inúmeras contas no exterior, poder viver com relativa tranqüilidade.
Mas os investigadores continuam confiantes que o empresário se entregará a qualquer momento, talvez ainda hoje. O delegado Tacio Muzzi, da Polícia Federal, disse não trabalhar com a hipótese de vazamento. A defesa de Eike disse que ele ficou “surpreso” com a ordem de prisão.
O juiz federal Marcelo Bretas expediu o mandado de prisão contra Eike mais oito pessoas como parte da Operação Eficiência, um desdobramento da Calicute e também da Lava-Jato. Eles são acusados de desvio de dinheiro de obras públicas, corrupção ativa, passiva e organização criminosa. Entre as prisões pedidas está a de Sérgio Cabral, já detido no complexo de Bangu, e do ex-executivo do grupo EBX e vice-presidente do Flamengo, Flávio Godinho.
Com base nas delações premiadas de dois operadores do mercado financeiro, Renato e Marcelo Chebar, a Polícia Federal e a Procuradoria-Geral da República descobriram remessas de 100 milhões de dólares ao exterior em favor do peemedebista. Eike teria operado a transferência de 16,5 milhões de dólares, numa conta no Panamá.