Previdência e Eduardo: as próximas batalhas do governo no Senado
Aprovação de Augusto Aras para a PGR foi indicativo de força no Congresso, mas principal articulador no Senado, Fernando Bezerra, segue na berlinda
Da Redação
Publicado em 26 de setembro de 2019 às 06h48.
Última atualização em 26 de setembro de 2019 às 07h10.
O presidente Jair Bolsonaro tem nesta quinta-feira mais um dia de rotina dividida: passará por novos exames, em Brasília, mas manterá uma rotina normal de trabalho, depois de voltar na quarta-feira da viagem a Nova York para a Assembleia Geral das Nações Unidas.
Na abertura do encontro de países, fez um discurso elogiado por sua base de apoiadores e criticado pelo restante dos analistas. Na capital federal, enfrenta um clima que também pode ser dos mais desafiadores ou dos mais promissores, a depender do observador.
Uma pesquisa divulgada ontem pela Confederação Nacional da Indústria mostrou dados preocupantes para o governo. A taxa de brasileiros que não confiam no presidente subiu de 45% em abril para 55%; a avaliação ruim do governo também subiu, de 27% em abril para 34%. Menos popular entre a população, Bolsonaro conquistou uma vitória importante ontem no Congresso, ao aprovar Augusto Aras como procurador-geral da República com 68 votos a 10 no Senado.
É um placar que dá confiança ao governo para as duas próximas batalhas entre os senadores: a reforma da Previdência , de tramitação surpreendentemente difícil, e a nomeação de Eduardo Bolsonaro para a embaixada em Washington, de tramitação naturalmente dificílima.
Na Previdência, a corrida é para evitar que o adiamento em uma semana na votação do projeto permita novas desidratações do texto que prevê economia de 876 bilhões de reais nos próximos 10 anos. Segundo o jornal O Globo, o governo designou um grupo de técnicos para acompanhar as negociações no Senado. As novas pressões podem reduzir o impacto fiscal em 153 bilhões de reais, ou 17% da economia prevista.
As pressões vêm de todos os lados — de bancos que querem a retirada do aumento na contribuição sobre lucro líquido aos partidos de oposição que querem o fim da idade mínima para atividades prejudiciais à saúde. Segundo o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), a previsão segue de aprovação da reforma na primeira quinzena de outubro.
Já a nomeação de Eduardo Bolsonaro segue indefinida, uma vez que não foi feita oficialmente pelo presidente ao Senado. Ontem, Eduardo Aras afirmou aos senadores não ver a indicação como nepotismo.
Segundo analistas políticos, os trâmites da nomeação dependem de outro desenrolar: as investigações sobre o líder do governo no Senado, Fernando Bezerra (MDB-PE). Segundo a Folha, o senador entregou à Polícia Federal, de forma involuntária, a senha de seu celular no dia da Operação Desintegração, o que deve ampliar o escopo das investigações. Bezerra é suspeito de ter recebido propinas de empreiteiras entre 2012 e 2014 no Ministério da Integração Nacional, durante o governo Dilma.