Pressão no ministério da Cultura
Se o presidente Michel Temer pudesse voltar no tempo, com certeza não teria recriado o ministério da Cultura. Até aqui, mesmo com um peso político pequeno, a pasta é a que mais tem trazido problemas para o governo. Assim que assumiu como interino, num esforço para mostrar uma imagem de contingenciamento de recursos, Temer havia […]
Da Redação
Publicado em 22 de junho de 2017 às 06h41.
Última atualização em 23 de junho de 2017 às 18h41.
Se o presidente Michel Temer pudesse voltar no tempo, com certeza não teria recriado o ministério da Cultura. Até aqui, mesmo com um peso político pequeno, a pasta é a que mais tem trazido problemas para o governo. Assim que assumiu como interino, num esforço para mostrar uma imagem de contingenciamento de recursos, Temer havia extinto o ministério, mas voltou atrás após a reclamação de setores da sociedade civil. Na última sexta-feira, João Batista de Andrade, que já era ministro interino, pediu demissão. Para que a pasta siga com seus trabalhos, o governo deve anunciar ainda hoje um novo nome, mesmo que provisório, apesar de até agora só ter recebido nãos como resposta.
A última recusa veio da deputada Laura Carneiro, do PMDB do Rio de Janeiro. Ela vinha sendo sondada, mas preferiu ficar na Comissão Mista de Orçamento do Congresso. Antes dela, Temer já havia desistido de indicar o deputado André Amaral (PMDB-PB). Assim, o governo terá que partir para a opção D. O PMDB tem uma disputa interna pelo cargo e a tendência é que um nome do partido seja indicado, mas não é descartada a hipótese de um novo interino de dentro do ministério assuma até que a disputa seja decidida.
O presidente volta da viagem à Rússia e Dinamarca somente na sexta-feira e pode decidir sobre essa disputa só depois do retorno. O ministro indicado será o quarto a sentar na cadeira em pouco mais de um ano. Assim que recriou o ministério, o indicado para a posição foi Marcelo Calero, que saiu em novembro passado dizendo-se pressionado pelo ex-ministro da Secretaria de Governo Geddel Vieira Lima a liberar uma obra embargada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. Calero caiu atirando e levou Geddel junto, além de causar um arranhão na imagem do governo.
O substituto, Roberto Freire (PPS), foi o primeiro e único ministro a deixar o cargo após a divulgação das denúncias feitas pela J&F, em um movimento considerado precipitado por muitos colegas. Andrade assumiu o ministério como interino, mas resolveu renunciar quando surgiram rumores de que seria substituído em breve, alegando não ter interesse no cargo. Assim, colocou um novo problema para um governo já encrencado demais.