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Presidente da Funai é exonerado após carta de repúdio

A Fundação divulgou a carta, por causa de uma menção feita aos povos indígenas durante o carregamento da tocha olímpica dos Jogos Paralímpicos do Rio de Janeiro

Funai: na sexta-feira, a Funai lamentou que "a organização dos Jogos Paralímpicos Rio 2016, por meio de comunicado oficial divulgado no site do evento, promova ofensa e desrespeito aos povos indígenas do Brasil (Divulgação / Funai)
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Da Redação

Publicado em 20 de setembro de 2016 às 13h19.

Brasília - O ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, exonerou nesta terça-feira, 20, o atual presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai), Artur Nobre Mendes.

Em seu lugar, Moraes colocou seu assessor especial no Ministério da Justiça , Agostinho do Nascimento Netto.

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A demissão de Artur Nobre Mendes foi publicada hoje no Diário Oficial da União, com data de segunda-feira, 19.

A exoneração ocorre quatro dias depois da publicação de uma carta de repúdio divulgada pela Funai, por causa de uma menção feita aos povos indígenas durante o carregamento da tocha olímpica dos Jogos Paralímpicos do Rio de Janeiro .

Na apresentação da índia Iganani Suruwaha, a garota que carregou a tocha, a organização dos Jogos afirmou que "a indiazinha nasceu na Amazônia, na tribo Suruwahá, com paralisia cerebral" e que "sua mãe, Muwaji Suruwahá, precisou fugir da aldeia para evitar o infanticídio indígena".

O texto mencionou que "a criança, por não andar, estava condenada à morte por envenenamento em sua própria comunidade" e que "a prática cultural que não é considerada crime pelas leis brasileiras".

"Hoje, Iganani tem 13 anos e em agosto de 2015 a Câmara dos Deputados aprovou a "Lei Muwaji", que visa combater práticas tradicionais nocivas em comunidades indígenas - como infanticídio ou homicídio, abuso sexual, estupro individual ou coletivo, escravidão, tortura, abandono de vulneráveis e violência doméstica - e garantir a proteção de direitos básicos dos indígenas".

Na sexta-feira, a Funai lamentou que "a organização dos Jogos Paralímpicos Rio 2016, por meio de comunicado oficial divulgado no site do evento, promova ofensa e desrespeito aos povos indígenas do Brasil, referindo-se a crimes como "práticas tradicionais" indígenas.

"A Funai entende que tal posicionamento revela uma total incompreensão sobre a realidade indígena no País, refletindo uma visão preconceituosa e discriminatória sobre esses povos, suas culturas e seus modos de vida", declarou a fundação.

Na nota, a Funai destacou que o Projeto de Lei nº 1057/2007, conhecido como "Lei Muwaji", aprovado pelo Plenário da Câmara, em agosto de 2015, desconsidera a falta de dados concretos sobre a suposta prática de infanticídio, "uma vez que não existem dados coletados com rigor e em número suficiente para afirmar que essa seja uma ação frequente e costumeira por parte de povos indígenas, como se tem alardeado".

"A alegação dessa suposta prática serve, muitas vezes, como tentativa de criminalização e demonstração de preconceito contra os povos indígenas, e também como justificativa para penalizar servidores públicos que atuam em áreas indígenas", declarou a fundação, que é vinculada ao Ministério da Justiça.

A instituição declarou ainda repudiar "que um evento que tem entre seus objetivos dar visibilidade às pessoas com deficiências, promovendo, justamente, o respeito à diversidade e ao próximo e combatendo o preconceito e a discriminação, utilize concepções baseadas em ideias preconceituosas e discriminatórias para se referir aos povos indígenas do Brasil".

Agostinho do Nascimento Netto, nomeado agora para a presidência da Funai, estava há apenas três meses no cargo de assessor especial no Ministério da Justiça. Artur Nobre Mendes estava na fundação desde setembro de 2014 e passou a presidir o órgão em junho, quando assumiu o cargo em substituição a João Pedro Gonçalves da Costa - exonerado pelo presidente Michel Temer.

Questionado sobre as razões de trocar a presidência da Funai, o Ministério não havia se manifestou até o fechamento desta matéria.

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