Exame Logo

Preocupação com a Argentina marca debate sobre embaixador

Everton Vieira Vargas é o novo embaixador brasileiro na Argentina

Obelisco de Buenos Aires, Argentina: o novo embaixador da Argentina citou como "assunto por resolver" a tensa situação criada pela decisão da Vale de suspender um projeto para a exploração de potássio no oeste argentino. (Daniel García/AFP)
DR

Da Redação

Publicado em 21 de março de 2013 às 15h32.

Brasília - Uma comissão do Senado aprovou nesta quinta-feira a nomeação de Everton Vieira Vargas como novo embaixador brasileiro na Argentina , em uma sessão marcada pela "preocupação" de muitos legisladores sobre a "delicada" situação econômica do país.

A reunião da Comissão de Relações Exteriores do Senado foi convocada para discutir a nomeação de Vargas, aprovada por unanimidade e que agora deverá ser respaldada pelo plenário, mas se transformou em um debate político sobre a economia argentina, suas debilidades e o possível impacto no Brasil.

O presidente da comissão, Ricardo Ferraço, do Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB), disse que a "preocupação cresce" no Brasil pela redução das exportações para a Argentina e o efeito das medidas cambiais restritivas, que na sua opinião afetam no âmbito do Mercosul e bilateralmente.

"As exportações brasileiras (rumo ao país vizinho) perderam participação em 14 setores" nos últimos meses e se prevê que essa tendência será mantida por novas restrições cambiais e pela manutenção de medidas tarifárias que travam o comércio, segundo Ferraço.

Vargas admitiu que no Governo também existe "preocupação" pela queda das exportações e a persistência de dificuldades comerciais, mas avaliou que a Argentina é o terceiro maior parceiro comercial do Brasil, com uma troca que em 2012 chegou aos US$ 34,4 bilhões.

O novo embaixador da Argentina também citou como "assunto por resolver" a tensa situação criada pela decisão da Vale de suspender um projeto para a exploração de potássio no oeste argentino.


A empresa argumentou, entre outros pontos, que as "distorções" no mercado de câmbio argentino aumentaram os investimentos previstos inicialmente em US$ 4 bilhões, dos quais já tinha investido cerca de 50%.

A Argentina acusa a Vale de "violentar" seus compromissos e o caso gerou um conflito que, segundo Vargas, "está em negociação" e "demandará muito diálogo", embora não deverá gerar uma fuga precipitada de investidores brasileiros.

O diplomata afirmou que as empresas brasileiras têm US$ 16 bilhões investidos na Argentina e são líderes em vários setores, entre os quais citou as indústrias de cimento, alimentícia e de maquinarias, entre outros.

Vargas também rejeitou que o Brasil possa "interferir" em polícias adotadas pela Argentina, sobretudo com relação ao câmbio, negando de forma taxativa versões da "Folha de S.Paulo", que segundo o jornal o Governo teria sugerido ao país vizinho uma desvalorização que elimine o mercado negro do dólar e um ajuste fiscal.

O diplomata insistiu que "com nenhum outro país, o Brasil tem uma integração tão íntima", que é "fundamental para a política externa" e para a "união de todo América Latina".

Em mais de uma ocasião, Vargas ressaltou que para solucionar os "problemas do crescimento" é necessário manter um "diálogo mais intenso" e "permanente", que "é o que ambos Governos desejam".

Os argumentos do diplomata não convenceram vários parlamentares, que insistiram em assinalar o "risco" que implica para o Brasil o rumo econômico argentino.

"A presidente argentina (Cristina Kirchner) passa por momentos difíceis e a situação econômica argentina também é difícil", e há um panorama "igual de difícil" para o Brasil, declarou o senador Pedro Simón, também do PMDB.

Essa mesma preocupação manifestou o senador Cristovam Buarque, do Partido Democrático Trabalhista (PDT).

"Não estamos cuidando bem do Mercosul", que "parece à deriva" não só por questões econômicas, mas também por "decisões" políticas, indicou Buarque, que citou concretamente "a forma como Paraguai foi suspenso e a forma como Venezuela entrou" ao bloco. EFE

Veja também

Brasília - Uma comissão do Senado aprovou nesta quinta-feira a nomeação de Everton Vieira Vargas como novo embaixador brasileiro na Argentina , em uma sessão marcada pela "preocupação" de muitos legisladores sobre a "delicada" situação econômica do país.

A reunião da Comissão de Relações Exteriores do Senado foi convocada para discutir a nomeação de Vargas, aprovada por unanimidade e que agora deverá ser respaldada pelo plenário, mas se transformou em um debate político sobre a economia argentina, suas debilidades e o possível impacto no Brasil.

O presidente da comissão, Ricardo Ferraço, do Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB), disse que a "preocupação cresce" no Brasil pela redução das exportações para a Argentina e o efeito das medidas cambiais restritivas, que na sua opinião afetam no âmbito do Mercosul e bilateralmente.

"As exportações brasileiras (rumo ao país vizinho) perderam participação em 14 setores" nos últimos meses e se prevê que essa tendência será mantida por novas restrições cambiais e pela manutenção de medidas tarifárias que travam o comércio, segundo Ferraço.

Vargas admitiu que no Governo também existe "preocupação" pela queda das exportações e a persistência de dificuldades comerciais, mas avaliou que a Argentina é o terceiro maior parceiro comercial do Brasil, com uma troca que em 2012 chegou aos US$ 34,4 bilhões.

O novo embaixador da Argentina também citou como "assunto por resolver" a tensa situação criada pela decisão da Vale de suspender um projeto para a exploração de potássio no oeste argentino.


A empresa argumentou, entre outros pontos, que as "distorções" no mercado de câmbio argentino aumentaram os investimentos previstos inicialmente em US$ 4 bilhões, dos quais já tinha investido cerca de 50%.

A Argentina acusa a Vale de "violentar" seus compromissos e o caso gerou um conflito que, segundo Vargas, "está em negociação" e "demandará muito diálogo", embora não deverá gerar uma fuga precipitada de investidores brasileiros.

O diplomata afirmou que as empresas brasileiras têm US$ 16 bilhões investidos na Argentina e são líderes em vários setores, entre os quais citou as indústrias de cimento, alimentícia e de maquinarias, entre outros.

Vargas também rejeitou que o Brasil possa "interferir" em polícias adotadas pela Argentina, sobretudo com relação ao câmbio, negando de forma taxativa versões da "Folha de S.Paulo", que segundo o jornal o Governo teria sugerido ao país vizinho uma desvalorização que elimine o mercado negro do dólar e um ajuste fiscal.

O diplomata insistiu que "com nenhum outro país, o Brasil tem uma integração tão íntima", que é "fundamental para a política externa" e para a "união de todo América Latina".

Em mais de uma ocasião, Vargas ressaltou que para solucionar os "problemas do crescimento" é necessário manter um "diálogo mais intenso" e "permanente", que "é o que ambos Governos desejam".

Os argumentos do diplomata não convenceram vários parlamentares, que insistiram em assinalar o "risco" que implica para o Brasil o rumo econômico argentino.

"A presidente argentina (Cristina Kirchner) passa por momentos difíceis e a situação econômica argentina também é difícil", e há um panorama "igual de difícil" para o Brasil, declarou o senador Pedro Simón, também do PMDB.

Essa mesma preocupação manifestou o senador Cristovam Buarque, do Partido Democrático Trabalhista (PDT).

"Não estamos cuidando bem do Mercosul", que "parece à deriva" não só por questões econômicas, mas também por "decisões" políticas, indicou Buarque, que citou concretamente "a forma como Paraguai foi suspenso e a forma como Venezuela entrou" ao bloco. EFE

Acompanhe tudo sobre:América LatinaArgentinaItamaratyMinistério das Relações ExterioresPolítica no BrasilSenado

Mais lidas

exame no whatsapp

Receba as noticias da Exame no seu WhatsApp

Inscreva-se

Mais de Brasil

Mais na Exame