Passados 45 dias após o início das chuvas que inundaram o Rio Grande do Sul, os prejuízos no estado somam R$ 12,2 bilhões, segundo balanço da Confederação Nacional dos Municípios (CNM) divulgado nesta sexta-feira. O setor habitacional é apontado como o mais prejudicado, com R$ 4,7 bilhões em perdas. Ao todo, 101,5 mil casas foram danificadas e outras 9,4 mil totalmente destruídas pelas tempestades.
A agricultura, por sua vez, teve prejuízo calculado em R$ 4,1 bilhões. Este é o setor do segmento privado que teve maior perda até aqui, seguido pela agropecuária, com R$ 372,1 milhões, e pela indústria, com R$ 277,8 milhões.
Como mostrou O GLOBO, o estado terá que recuperar 3,2 milhões de hectares de cultivo atingidos pelos temporais recentes, estima a Secretaria Estadual da Agricultura, com base em imagens de satélite.
A retomada do plantio nas terras alagadas é essencial para que a distribuição nacional de alimentos não seja reduzida a longo prazo. Os gaúchos são os principais produtores de arroz do Brasil, responsáveis por 70% da safra, e ocupam a quarta posição na plantação de soja.
'Casas provisórias'
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticou o plano de construção de casas provisórias para as vítimas das enchentes na terça-feira. Durante encontro com autoridades em Pernambuco, o petista declarou que, muitas vezes, obras temporárias se tornam definitivas, ao mesmo passo que ponderou ser demorado o processo de construção de novas residências em locais seguros.
— Eu disse ao companheiro Jader (Filho, ministro das Cidades) lá no Rio Grande do Sul, porque tem sempre a ideia de que é preciso cuidar de fazer casa provisória, e eu falava não tem casa provisória. É melhor dizer a verdade para o povo, é melhor dizer que destruir é muito rápido, construir é muito demorado — afirmou Lula.
— A gente vai ter que encontrar terreno sólido, vai ter que fazer casa com rua, com esgoto, com água, com energia elétrica, com área de lazer para as crianças, com escola, porque a gente não pode fazer o pessoal, depois do que passaram no Rio Grande do Sul, voltar a morar em lugar inóspito, em lugar inseguro — acrescentou.
O governador Eduardo Leite anunciou na sexta-feira passada a destinação de R$ 86,7 milhões para construir 250 moradias definitivas (R$ 20 milhões) e 500 temporárias (R$ 66,7 milhões), com 27 metros quadrados, voltadas a famílias de baixa renda. As residências serão instaladas em Eldorado do Sul (250), na Região Metropolitana de Porto Alegre (100) e no Vale do Taquari (150).
Vice-governador do Rio Grande do Sul, Gabriel Souza apresentou um contraponto à fala do presidente em postagem na rede social X (antigo Twitter).
"Quando a casa de uma família é destruída, ela precisa ficar em algum local até que consiga um lar definitivo e digno para morar. Ou seja, não é pelo governo não providenciar uma casa provisória que a família não vai precisar de um local para residir por um tempo. A situação precária da família não “desaparece” devido ao não agir do governo.
A diferença é que, quando o governo age para oferecer algo digno, a família não precisa se submeter a dormir por meses no chão de um ginásio de esportes que serve como abrigo.
A propósito: a melhor forma de evitar que as famílias que perderam suas casas não necessitem de um lar provisório é agilizando a entrega das moradias definitivas, na quantidade suficiente para atender todas que estão necessitando.
Desde o evento climático que atingiu o Vale do Taquari, em setembro de 2023, as únicas entregues até o momento foram as casas provisórias construídas numa parceria entre o Sinduscon RS, o governo estadual e as prefeituras!", escreveu.
Na semana passada, o governo estadual também assinou com as prefeituras de Porto Alegre e Canoas o termo de cooperação para instalação dos primeiros cinco Centros Humanitários de Acolhimento (CHAs), chamados popularmente de “cidades provisórias”, que vão receber desabrigados pelas fortes chuvas que castigaram o estado. Também foram definidos os locais de construção.
Os cinco espaços anunciados pelo estado poderão abrigar 3,7 mil pessoas. Em Porto Alegre, estão previstas estruturas no Centro Humanístico Vida, no estacionamento do Porto Seco e no Centro de Eventos Ervino Besson. As unidades na capital gaúcha terão capacidade para acolher até duas mil pessoas.
Já em Canoas, os CHAs serão montadas na avenida Guilherme Schell, próximo à Refinaria Alberto Pasqualini (Refap), e no Centro Olímpico Municipal (COM). Cerca de 1.700 moradores serão acolhidos nos dois locais. A gestão estadual aponta que os CHAs terão “toda a estrutura necessária para atender às demandas das famílias”, como segurança pública.
A infraestrutura prevista para os CHAs é a mesma utilizada em hospitais de campanha. Serão espaços modulares em formato de galpão (retangular) e tenda piramidal, com estruturas metálicas e divisórias internas que irão definir os espaços ocupados por cada uma das famílias. Outra parte dos centros será composta por 208 casas montáveis cedidas pela Agência das Nações Unidas para Refugiados (Acnur), com capacidade média de cinco pessoas por unidade.
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Imagem aérea de sobrevoo do presidente Lula em Canoas (RS)
(Imagem aérea de sobrevoo do presidente Lula em Canoas (RS))
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Eduardo Leite: “Faremos de tudo para garantir que a reconstrução preserve nossas vocações”
(Eduardo Leite: “Faremos de tudo para garantir que a reconstrução preserve nossas vocações”)
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Homens movem pacotes em um barco através de uma rua inundada no centro histórico de Porto Alegre, no estado do Rio Grande do Sul, Brasil, em 14 de maio de 2024. Crédito: Anselmo Cunha / AFP)
(Homens movem pacotes em um barco através de uma rua inundada no centro histórico de Porto Alegre, no estado do Rio Grande do Sul, Brasil, em 14 de maio de 2024. Crédito: Anselmo Cunha / AFP))
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Vista das áreas inundadas ao redor do estádio Arena do Grêmio em Porto Alegre, no estado do Rio Grande do Sul, Brasil, tirada em 29 de maio de 2024. A água e a lama tornaram os estádios e sedes do Grêmio e Internacional inoperáveis. Sem locais para treinar ou jogar futebol, os clubes brasileiros tornaram-se equipes itinerantes para evitar as enchentes que devastaram o sul do Brasil. (Foto de SILVIO AVILA / AFP)
(Vista das áreas inundadas ao redor do estádio Arena do Grêmio em Porto Alegre, no estado do Rio Grande do Sul, Brasil, tirada em 29 de maio de 2024. A água e a lama tornaram os estádios e sedes do Grêmio e Internacional inoperáveis. Sem locais para treinar ou jogar futebol, os clubes brasileiros tornaram-se equipes itinerantes para evitar as enchentes que devastaram o sul do Brasil. (Foto de SILVIO AVILA / AFP))
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Vista aérea do centro de treinamento do Internacional ao lado do estádio Beira Rio em Porto Alegre, no estado do Rio Grande do Sul, Brasil, tirada em 29 de maio de 2024. Foto de SILVIO AVILA / AFP
(Vista aérea do centro de treinamento do Internacional ao lado do estádio Beira Rio em Porto Alegre, no estado do Rio Grande do Sul, Brasil, tirada em 29 de maio de 2024. Foto de SILVIO AVILA / AFP)
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Pessoas atravessam uma ponte flutuante para pedestres sobre o rio Forqueta, entre os municípios de Lajeado e Arroio do Meio, no Rio Grande do Sul, Brasil, em 21 de maio de 2024. O Rio Grande do Sul experimentou um desastre climático severo, destruindo pelo menos seis pontes e causando interrupções generalizadas no transporte. O exército respondeu construindo pontes flutuantes para pedestres, uma solução temporária e precária para permitir que a infantaria atravesse rios durante conflitos. (Foto de Nelson ALMEIDA / AFP)
(Pessoas atravessam uma ponte flutuante para pedestres sobre o rio Forqueta, entre os municípios de Lajeado e Arroio do Meio, no Rio Grande do Sul, Brasil, em 21 de maio de 2024. O Rio Grande do Sul experimentou um desastre climático severo, destruindo pelo menos seis pontes e causando interrupções generalizadas no transporte. O exército respondeu construindo pontes flutuantes para pedestres, uma solução temporária e precária para permitir que a infantaria atravesse rios durante conflitos. (Foto de Nelson ALMEIDA / AFP))
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Ana Emilia Faleiro usa um barco para transportar suprimentos em uma rua inundada em Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil, em 26 de maio de 2024. O estado sulista do Rio Grande do Sul está se recuperando de semanas de inundações sem precedentes que deixaram mais de 160 pessoas mortas, cerca de 100 desaparecidas e 90% de suas cidades inundadas, incluindo a capital do estado, Porto Alegre. (Foto de Anselmo Cunha / AFP)
(Ana Emilia Faleiro usa um barco para transportar suprimentos em uma rua inundada em Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil, em 26 de maio de 2024. O estado sulista do Rio Grande do Sul está se recuperando de semanas de inundações sem precedentes que deixaram mais de 160 pessoas mortas, cerca de 100 desaparecidas e 90% de suas cidades inundadas, incluindo a capital do estado, Porto Alegre. (Foto de Anselmo Cunha / AFP))
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Um homem limpa sua casa atingida pela enchente no bairro Sarandi, um dos mais atingidos pelas fortes chuvas em Porto Alegre, no estado do Rio Grande do Sul, Brasil, em 27 de maio de 2024. Cidades e áreas rurais no Rio Grande do Sul foram atingidas por semanas por um desastre climático sem precedentes de chuvas torrenciais e enchentes mortais. Mais de meio milhão de pessoas fugiram de suas casas, e as autoridades não conseguiram avaliar completamente a extensão dos danos. (Foto de Anselmo Cunha / AFP)
(Um homem limpa sua casa atingida pela enchente no bairro Sarandi, um dos mais atingidos pelas fortes chuvas em Porto Alegre, no estado do Rio Grande do Sul, Brasil, em 27 de maio de 2024. Cidades e áreas rurais no Rio Grande do Sul foram atingidas por semanas por um desastre climático sem precedentes de chuvas torrenciais e enchentes mortais. Mais de meio milhão de pessoas fugiram de suas casas, e as autoridades não conseguiram avaliar completamente a extensão dos danos. (Foto de Anselmo Cunha / AFP))
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Alcino Marks limpa corrimãos sujos de lama após a enchente no bairro Sarandi, um dos mais atingidos pelas fortes chuvas em Porto Alegre, no estado do Rio Grande do Sul, Brasil, em 27 de maio de 2024. Esta é a segunda enchente histórica que Marks enfrenta aos 94 anos de idade. A primeira foi em 1941, quando ele morava no centro de Porto Alegre. Cidades e áreas rurais no Rio Grande do Sul foram atingidas por semanas por um desastre climático sem precedentes de chuvas torrenciais e enchentes mortais. Mais de meio milhão de pessoas fugiram de suas casas, e as autoridades não conseguiram avaliar completamente a extensão dos danos. (Foto de Anselmo Cunha / AFP)
(Alcino Marks limpa corrimãos sujos de lama após a enchente no bairro Sarandi, um dos mais atingidos pelas fortes chuvas em Porto Alegre, no estado do Rio Grande do Sul, Brasil, em 27 de maio de 2024. Esta é a segunda enchente histórica que Marks enfrenta aos 94 anos de idade. A primeira foi em 1941, quando ele morava no centro de Porto Alegre. Cidades e áreas rurais no Rio Grande do Sul foram atingidas por semanas por um desastre climático sem precedentes de chuvas torrenciais e enchentes mortais. Mais de meio milhão de pessoas fugiram de suas casas, e as autoridades não conseguiram avaliar completamente a extensão dos danos. (Foto de Anselmo Cunha / AFP))
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(Um trabalhador usa uma mangueira de alta pressão para remover a lama acumulada pela enchente em uma planta industrial de produtos de higiene, limpeza e oleoquímicos, em Encantado, Rio Grande do Sul, Brasil, em 22 de maio de 2024. Entre outros danos imensuráveis, as piores enchentes da história do sul do Brasil deixaram terras agrícolas inutilizáveis e muitas fábricas paradas. (Foto de Nelson ALMEIDA / AFP))
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(Destruição no RS após chuvas e enchentes)
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Vista da estátua de José e Anita Garibaldi na inundada Praça Garibaldi, no bairro Cidade Baixa, em Porto Alegre, no estado do Rio Grande do Sul, Brasil, tirada em 14 de maio de 2024. Foto de Anselmo Cunha / AFP
(Vista da estátua de José e Anita Garibaldi na inundada Praça Garibaldi, no bairro Cidade Baixa, em Porto Alegre, no estado do Rio Grande do Sul, Brasil, tirada em 14 de maio de 2024. Foto de Anselmo Cunha / AFP)
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Resgate de pessoas afetadas pelas chuvas no Rio Grande do Sul, na Base Aérea de Santa Maria (RS).
(Resgate de pessoas afetadas pelas chuvas no Rio Grande do Sul Ricardo Stuckert/ Presidência da República)
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Imagem aérea de sobrevoo do presidente Lula em Canoas (RS)
(Imagem aérea de sobrevoo do presidente Lula em Canoas (RS) - Ricardo Stuckert/ Presidência da República)
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(Imagem aérea da destruição no Rio Grande do Sul - Força Aérea Brasileira/Reprodução)
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Vista aérea mostrando a estrada ERS-448 inundada em Canoas, no estado do Rio Grande do Sul, Brasil, em 13 de maio de 2024. Foto de Nelson ALMEIDA / AFP
(Vista aérea mostrando a estrada ERS-448 inundada em Canoas, no estado do Rio Grande do Sul, Brasil, em 13 de maio de 2024. Foto de Nelson ALMEIDA / AFP)
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(Vista aérea mostrando a estrada ERS-448 inundada em Canoas, no estado do Rio Grande do Sul, Brasil, em 13 de maio de 2024. Foto de Nelson ALMEIDA / AFP)