Recuperação das enchentes no RS tende a ser mais rápida do que se previa, diz BTG
Estudo feito pela equipe de analistas do banco aponta que magnitude de estímulo fiscal pode acelerar retomada; pacote federal é da ordem de R$ 50 bilhões
Raquel Brandão
Repórter Exame IN
Publicado em 14 de junho de 2024 às 09:30.
Última atualização em 14 de junho de 2024 às 09:53.
A recuperação do Rio Grande do Sul pode ser mais rápida do se poderia prever nos momentos seguintes aos estragos causados pelas enchentes de maio. Essa é a análise da equipe de analistas do BTG Pactual (do mesmo grupo de controle da EXAME).
Pelo estudo promovido pelos profissionais, as perdas devem causar uma queda de até 0,22 pontos percentuais no PIB nacional devido às inundações, mas também prevê uma rápida recuperação econômica nas regiões afetadas, liderada principalmente pelo setor industrial e pela construção civil, que devem receber maior parte dos investimentos de reconstrução.
A rápida resposta governamental e o volume substancial de recursos destinados à recuperação sugerem que a atividade econômica nos municípios atingidos pelas enchentes de 2024 se recuperará fortemente ao longo do ano. "Esse cenário deve resultar em um efeito total pequeno sobre o PIB de 2024, com os investimentos compensando a queda inicial no consumo das famílias", dizem os analistas.
Apesar desse cenário inicial adverso, o BTG Pactual ressalta que a recuperação econômica deve ser rápida, impulsionada pelos investimentos em reconstrução e pelos estímulos do governo federal. O relatório destaca que a arrecadação de ISS e ICMS e a recuperação do emprego nas áreas afetadas apontam para uma retomada acelerada da atividade econômica.
Os estímulos divulgados pelo governo federal para 2024 somam R$48,7 bilhões, significativamente superiores aos R$2,1 bilhões destinados após as enchentes de 2023. Este montante representa 16,1% do PIB das regiões mais afetadas em 2024, comparado a 6,7% em 2023. Ajustando pelo fator de magnitude dos choques, o estímulo para 2024 ainda seria 19% superior ao do ano anterior.
De acordo com a equipe do BTG Pactual, as enchentes de setembro de 2023 resultaram em uma queda de 3,6% a 4,9% do PIB nas regiões afetadas nos dois meses subsequentes. No entanto, as enchentes de maio de 2024 apresentam uma magnitude de choque significativamente maior, com um impacto estimado entre 7,2% e 9,8% no PIB das áreas atingidas nos dois meses seguintes ao desastre. Isso resultaria em uma queda entre 4,7% e 6,5% na atividade econômica do Estado do segundo trimestre de 2024.
A região afetada pelas enchentes de maio de 2024 representa 52,4% do PIB do Rio Grande do Sul e 3,2% do PIB do Brasil. Com base nesses números, o impacto negativo no PIB do segundo trimestre é estimado entre 0,16 e 0,22 pontos percentuais, próximo ao limite inferior das previsões do mercado até o momento.
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Raquel Brandão
Repórter Exame INJornalista há mais de uma década, foi do Estadão, passando pela coluna do comentarista Celso Ming. Também foi repórter de empresas e bens de consumo no Valor Econômico. Na Exame desde 2022, cobre companhias abertas e bastidores do mercado