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Prefeitura leva 200 sem-teto para hoteis no centro de SP

É a primeira experiência de programa que oferece abrigo para pessoas em situação de rua que já têm renda e estão próximas da autonomia plena

Moradores de rua: saída das famílias foi dialogada ao longo de sete meses e não houve resistência à desocupação nesse primeiro dia (Marcelo Camargo/ABr/Agência Brasil)
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Da Redação

Publicado em 11 de setembro de 2014 às 13h35.

São Paulo - Uma ação da prefeitura de São Paulo está retirando, hoje (11), cerca de 200 sem-teto que moram em uma área pública do Parque Dom Pedro, no centro da capital. Eles serão levados para dois hotéis na mesma região, onde serão acompanhados pelo sistema municipal de assistência social.

É a primeira experiência do Programa Autonomia em Foco, que oferece abrigo para famílias ou pessoas sozinhas em situação de rua que já têm renda e estão próximas da autonomia plena. Segundo a Secretaria Municipal de Assistência Social, a saída das famílias foi dialogada ao longo de sete meses e não houve resistência à desocupação nesse primeiro dia.

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“O programa foi construído com eles para a saída pacífica desse espaço. Nós acreditamos que essas pessoas, devidamente acolhidas, podem construir sua autonomia e sair da rede socioassistencial”, explicou a secretária de Assistência Social, Luciana Temer. O programa segue os moldes do Projeto De Braços Abertos, implementado há cerca de um ano, com usuários de drogas da região da Luz, também no centro.

A diarista Maria Gilda Ferreira, 65 anos, mora no local há cerca de um ano com a filha de 23 anos e dois netos, de 3 e 6 anos. “Eu morava em ocupação, mas não tinha condição de pagar o aluguel, de uns R$ 200. Aqui, deixaram eu ficar sem pagar nada, mas não é lugar para gente”, apontou. Ela espera reconstruir a vida com essa oportunidade. Ela tinha uma casa e vendeu para acompanhar a filha que precisou sair de São Paulo. “Quando voltei, fiquei sem ter para onde ir, até que vim parar aqui”, relatou. Gilda espera reconstruir a vida com essa oportunidade e, inclusive voltar a estudar. “É um sonho que eu tenho. Estudar e casar meus netos”.

Para acolhimento no hotel, foram definidas regras como a impossibilidade de receber visitas no local. Além disso, o grupo será responsável pela alimentação e pela limpeza dos quartos. “É necessário para que se tenha um controle mínimo do espaço. As regras podem, inclusive, ser flexibilizadas em assembleias dos moradores, posteriormente”, explicou a secretária. As crianças e os adolescentes terão garantidas vagas em creches, escolas e no Centro de Convivência da Criança e do Adolescente no contraturno escolar. Os beneficiados poderão fazer cursos pelo Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico (Pronatec) e terão ajuda no encaminhamento profissional para o mercado de trabalho.

Essas regras estão incomodando Fiama Ferreira, 22 anos, que mora com toda a família na ocupação do parque. “É ruim ter esse controle todo na sua casa”, relatou. Ela ocupará um quarto com o filho de 5 anos. Já para Maria de Fátima Pereira, 54 anos, as regras são necessárias para permitir uma boa convivência. “Aqui, até que era organizado, mas tinha coisa errada. Marido que batia em mulher, briga, muita sujeira, essas coisas”, relatou. Ela espera que a nova moradia lhe traga tranquilidade para se cuidar do acidente vascular cerebral que teve há quatro anos. Fátima espera organizar melhor a vida a partir de agora com a aposentadoria que recebe pela doença. “Eu pagava R$ 500 num quarto de pensão. Ia quase tudo que eu recebo”, declarou.

Na área onde estão as barracas, haverá a recomposição do parque, com colocação de grama e retirada da tenda que era usada para serviço de assistência social, mas que, com a nova etapa da ação, também foi ocupada por moradores de rua. “Vamos deixar isso daqui bonito e devolver a praça para o povo. Pretendemos, em no máximo 30 dias, concluir esse trabalho. Já tem tudo planejado”, explicou o subprefeito da Sé, Alcides Amazonas.

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