Prefeitos pedem ação de Bolsonaro sobre falta de oxigênio e kit intubação
Prefeitos enviaram ofício pedindo que a União atue na compra de medicamentos ou redirecionamento de insumos para evitar cenas do colapso registrado em Manaus
Estadão Conteúdo
Publicado em 18 de março de 2021 às 16h16.
Última atualização em 18 de março de 2021 às 21h54.
A Frente Nacional de Prefeitos ( FNP ) enviou ofício ao presidente Jair Bolsonaro e ao Ministério da Saúde pedindo providências imediatas para suprir a escassez de oxigênio envasado e medicamentos para sedação de pacientes entubados que já se registra, segundo a entidade, do Norte ao Sul do país.
"A União poderá reforçar a aquisição dos medicamentos e também tem prerrogativa de determinar redirecionamento de insumos e produtos. Isso poderia ser feito com a indústria metalúrgica, que também utiliza oxigênio com o mesmo grau de pureza do hospitalar, por exemplo", sustenta a Frente, que reúne as 412 cidades brasileiras com mais de 80.000 habitantes.
Em audiência pública nesta quinta-feira, 18, na comissão temporária do Senado que acompanha medidas de enfrentamento à pandemia, empresas distribuidoras de oxigênio defenderam que a falta de previsibilidade é o principal empecilho para lidar com a escassez do insumo neste momento e afirmaram que o fornecimento de dados sobre casos e internações pode sinalizar o cenário nacional da pandemia.
Na segunda-feira, 15, o atual ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, chegou a questionar, em entrevista coletiva anterior à indicação do cardiologista Marcelo Queiroga para substituí-lo, o que a pasta federal "tem a ver" com produção, transporte e logística de oxigênio. Na mesma ocasião, contudo, anunciou que o ministério havia planejado ação coordenada com o Ministério da Defesa para suprir a quantidade de oxigênio líquido necessária para o Acre e Rondônia, onde se registraram ocorrências de falta do insumo.
Agora, a FNP aponta que o aumento sem precedentes no número de contaminados com o novo coronavírus e da demanda por atendimento hospitalar prenuncia um cenário de falta de oxigênio e de medicamentos para sedação de paciente entubados em todo o país.
No ofício a Bolsonaro e ao ministério, a Frente reivindica que o governo federal adote medidas cabíveis para que as cenas "trágicas e cruéis" de Manaus, onde houve colapso completo do fornecimento de oxigênio, não se repitam em outras cidades brasileiras.
"Não é razoável que pessoas, cidadãos brasileiros, sejam levados à desesperadora morte por 'afogamento' no seco, ou que sejam amarrados e mantenham a consciência durante o delicado e doloroso processo de intubação e depois na sua longa permanência", escreve a FNP.