Por que a Cosan não tem medo dos carros elétricos
O executivo participou do debate "Neoindustrialização verde — A visão do setor produtivo" ao lado de Gustavo Werneck, da Gerdau, Ana Costa, da Natura&CO, e Viviane Valente, da Tigre
Repórter de Brasil e Economia
Publicado em 27 de outubro de 2023 às 14h00.
Última atualização em 27 de outubro de 2023 às 15h27.
O CEO da Cosan Investimentos, Leonardo Pontes, afirmou nesta sexta-feira, 27, que o etanol não é a solução final para a transição energética, mas o caminho. Pontes disse que no processo é preciso se valorizar as soluções de baixo carbono disponíveis e, por isso, o etanol está nessa equação. "O etanol não vai ser o endgame, a solução final para a mobilidade leve, os carros vão eventualmente eletrificar todos. Mas quando eles vão eletrificar? Quanto vai custar? Enquanto isso, o etanol é uma solução viável", afirmou o empresário durante o Congresso Brasil Competitivo 2023 , que acontece em São Paulo.
O executivo participou do debate "Neoindustrialização verde — A visão do setor produtivo" ao lado de Gustavo Werneck, da Gerdau, Ana Costa, da Natura&CO, e Viviane Valente, da Tigre. O evento é realizado pelo Movimento Brasil Competitivo (MBC) e pela Brasil AYA Earth Partners. A EXAME é parceira de mídia.
Leonardo disse ainda que a eletrificação dos veículos não é algo que preocupa a companhia. "A minoria do nosso etanol vai para os carros. A aplicação nobre é na indústria de modo geral, no bioplástico, o plástico verde, e no SAF", disse. Ele destacou que é possível "fazer o que quiser" com o etanol e por isso a empresa vê com naturalidade o processo de eletrificação. "Hoje está colocando nos automóveis e amanhã pode nem estar. A Cosan tranquilamente exporta o que produz", disse.
Ele afirmou que a Cosan sempre apostou nessa mudança e, por isso, está fazendo investimento em outros setores, como a mineração. "Acreditamos no longo prazo e que o Brasil tem as vantagens intrínsecas para a gente nesse setor", disse. O executivo destacou que um minério de boa qualidade, como é o caso do brasileiro, é a chave para a descarbonização da siderúrgicas, além de cobrar o governo por um plano nacional de mineração.
Preocupação com a China
O CEO da Gerdau alertou para a preocupação com a desindustrialização do Brasil e com o avanço chinês em diversos setores, como o aço. "A China não vai tirar o pé de exportação em nada. Ela está colocando iniciativas nunca vistas de compras de ativos do exterior para promover crescimento fora da própria China, mesmo com a economia local em dificuldade" , disse.
Ele destacou ainda a diferença do tamanho chinês em comparação ao brasileiro e a dificuldade em competir. "Produzimos no Brasil cerca de 4 milhões de toneladas de vergalhão, o aço mais simples para a construção civil. Na China, são 400 milhões de toneladas. Para onde esse aço vai? Então, a China vai continuar causando estragos muito significativos", afirmou. O executivo citou o México como um exemplo de país que está colocando medidas de curto prazo para conter esse impacto em seu território.
Necessidade de colaboração para um salto na bioeconomia
A vice-presidente de sustentabilidade, jurídico e reputação cooperativa da Natura&CO, Ana Costa, disse durante sua participação no debate que o caminho para o desenvolvimento de uma bioeconomia na Amazônia passa pela colaboração entre todos os atores envolvidos. “Para ganhar escala, é preciso saber o que fazer desde a origem, do modelo de negócios. Saber o que fazer e para quem fazer. Além de ter investimentos e cooperação, porque não fazemos nada sozinho”, disse.
A executiva destacou ainda que é necessário uma discussão clara sobre políticas público-privado e serviços que envolvem a bioeconomia e todos seus atores, além de definir qual o papel de cada um no processo de descarbonização. “Temos de investir em serviço ambiental para alcançar essa descarbonização em toda a indústria e todos os setores. Essa é uma proposta para ganhar escala que acreditamos”, afirmou.