Políticos lamentam a morte de Waldir Pires
Ex-governador da Bahia estava internado desde ontem com um quadro de pneumonia e faleceu aos 91 anos
Agência Brasil
Publicado em 22 de junho de 2018 às 15h32.
Políticos de diferentes partidos lamentaram hoje (22) a morte do ex-governador da Bahia e ex-ministro da Previdência e Assistência Social (1985-1986), do Controle e da Transparência (2003-2006), atual Ministério da Transparência e Controladoria-Geral da União) e da Defesa (2006-2007), Waldir Pires.
Internado no Hospital da Bahia na noite de ontem (21), com um quadro de pneumonia, Pires teve uma parada cardiorrespiratória e faleceu por volta das 10h desta sexta-feira, aos 91 anos.
No Twitter, o presidente Michel Temer lembrou que Pires foi o primeiro governador da Bahia eleito após a redemocratização. Na época, Pires estava filiado ao PMDB, mesmo partido de Temer. "Os baianos, e os brasileiros, perdem um símbolo da política feita com ética e paixão pelo país", escreveu o presidente.
Neto do falecido Antônio Carlos Magalhães, que foi desafeto político de Pires, o prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM), lamentou a morte. Em sua conta pessoal no Twitter, o prefeito escreveu que o ex-governador e ex-ministro é um personagem político de relevância, que escreveu seu nome na história.
"Estivemos em lados opostos, mas Waldir Pires nos deixa o exemplo de homem público que exerceu com serenidade o seu papel na política", ressaltou o prefeito, expressando sentimentos aos parente s e amigos do ex-governador.
Correligionário de Pires, o governador da Bahia, Rui Costa (PT), também lamentou o falecimento do político baiano. "A Bahia e o Brasil não perdem apenas um político. Waldir Pires era um exemplo de caráter e retidão, na vida pública e na vida privada. Dedicou boa parte de seus 91 anos de vida à defesa da cidadania e à construção de um Brasil melhor. Esse legado serve de herança e inspiração", escreveu o petista.
A ex-presidente Dilma Rousseff também usou as redes sociais para comentar que a notícia da morte de Pires lhe causou "muita tristeza". "O Brasil perde um de seus mais valorosos e combativos filhos, um homem comprometido com a democracia e com o povo brasileiro", destacou a ex-presidente, acrescentando que este é um "dia triste para todos aqueles que lutamos e sonhamos com um Brasil mais justo".
Companheiro de Pires nos primeiros anos do governo Luiz Inácio Lula da SIlva, quando respondeu pela Secretaria de Coordenação Política e Relações Institucionais, da Presidência da República, o ex-ministro Aldo Rebelo (Solidariedade) classificou o político baiano como "um homem honrado".
Em nota, o Ministério da Transparência e Controladoria-Geral da União (CGU) informou que os servidores receberam com imenso pesar a notícia do falecimento do primeiro ministro a chefiar o órgão em sua atual configuração. Segundo o texto, o ex-ministro ficou conhecido pela "ampla estruturação" promovida no órgão.
"Foi responsável por coordenar a atuação das estruturas de detecção e punição na CGU, em 2003, [quando] o s mecanismos de prevenção da corrupção ganharam maior dimensão. Durante a gestão do ex-ministro, a CGU implementou importantes políticas de controle da administração pública, bem como de prevenção e combate à corrupção, com destaque para o programa de fiscalização de estados e municípios a partir de sorteios públicos", lembra a nota do órgão, destacando que foi Pires quem assinou, em 2003, no México, a adesão brasileira à Convenção das Unidas Contra a Corrupção, incluindo a presença brasileira nos fóruns internacionais sobre o tema.
Biografia
Waldir Pires nasceu em Acajutiba (BA), em outubro de 1926. Formado em direito, ingressou na política após militar no movimento estudantil e em campanhas em defesa da Petrobras.
Foi deputado estadual, federal e governador da Bahia. Chefiou os ministérios da Previdência e Assistência Social, durante o governo Sarney, e do Controle e da Transparência e da Defesa na gestão de Lula. Também foi governador da Bahia.
Com a renúncia do então presidente da República Jânio Quadros, em 1961, Pires passou a apoiar a posse do vice-presidente eleito, João Goulart, que era rejeitado pelos ministros militares.
Com o golpe civil-militar de 1964 e a consequente deposição de Goulart, Pires teve seus direitos políticos suspensos. Buscou exílio no Uruguai e , depois, na França. Só retornou ao Brasil em 1970.
Nomeado para coordenar as Forças Armadas (Exército, Marinha e Aeronáutica), aos 79 anos de idade, Pires acabou tendo que enfrentar a grave crise que se instalou no setor aéreo após os dois mais graves acidentes da história da aviação civil brasileira: o choque entre um jato executivo e um avião da empresa Gol, que deixou um saldo de 154 mortos, e o acidente de uma aeronave da TAM, no Aeroporto de Congonhas, em São Paulo.