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Policiais civis entram em greve em Pernambuco

Segundo o presidente do sindicato, a greve continua até que o governo apresente prazos concretos para implantar mudanças exigidas pela categoria

Polícia Civil: o diretor metropolitano da Polícia Civil afirmou que o atendimento está disponível à população (foto/Divulgação)

Polícia Civil: o diretor metropolitano da Polícia Civil afirmou que o atendimento está disponível à população (foto/Divulgação)

AB

Agência Brasil

Publicado em 21 de outubro de 2016 às 14h46.

Mesmo com a decretação de ilegalidade da greve dos policiais civis de Pernambuco, o movimento estava mantido durante a manhã de hoje (21), no Recife. A Agência Brasil percorreu delegacias na capital pernambucana e encontrou agentes trabalhando, mas todos deram a mesma resposta: somente flagrantes seriam registrados.

A Central de Plantões da Capital, no entanto, foi encontrada fechada às 11h30. Na entrada, uma faixa do Sindicatos dos Policiais Civis de Pernambuco (Sinpol/PE) impedia o acesso, assim como um pallet de madeira que segurava a porta por dentro. A maçaneta também estava amarrada com uma corda.

O presidente do Sindicato dos Policiais (Sinpol), Áureo Cisneiros, chegava ao local no momento em que a reportagem estava lá. Segundo ele, os flagrantes do Recife, cujas ocorrências são da parte centro-sul da cidade, devem ser lavrados no município de Paulista, na região Metropolitana, enquanto os casos do centro-norte devem seguir para Prazeres, bairro de Jaboatão dos Guararapes. "Essas são as diretrizes do movimento decidido pela categoria", disse.

O diretor metropolitano da Polícia Civil, Joselito Amaral, afirmou que o atendimento está disponível à população. Segundo ele, três delegados estão fazendo os registros - durante a manhã foram dois flagrantes e três boletins de ocorrência.

Quando a reportagem chegou ao local, porém, foi informada por um agente que estava do lado de fora da central que ela estava fechada. Uma porta restrita aos policiais civis estava aberta, mas não havia ninguém no local e não havia informação em cartaz orientando sobre o atendimento.

Demora no IML

No Instituto Médico Legal (IML) do Recife, alguns familiares reclamavam da demora na liberação dos corpos, mas não havia grande aglomeração no local. O comerciante Luiz Miranda, 34 anos, esperava a liberação do corpo de um tio desde 1h30 da manhã. "Fui para casa, voltei às 7h e até agora não resolvi nada, nem tem previsão", conta. Eram 11h e ele disse que ainda aguardava a autópsia do corpo. O motivo apresentado foi a greve da categoria. "É um transtorno, a família toda fica abalada com a situação, quer enterrar logo o ente querido".

Serviços especializados também são afetados. Na 1ª Delegacia de Polícia da Mulher, em Santo Amaro, os agentes compareceram, mas informaram que só atenderiam flagrantes. As investigações estavam paradas, assim como medidas protetivas, registro de Boletim de Ocorrência e condução de vítimas e acusados para depoimento, por exemplo.

O Sinpol alega que 95% da categoria aderiram à greve. Já de acordo com a assessoria de imprensa da Polícia Civil, na Diretoria do Sertão os serviços estavam funcionando normalmente. No Agreste, houve paralisação em uma delegacia. Quanto ao IML, a Polícia Civil afirma que o órgão está funcionando normalmente. No entanto, a reportagem encontrou dois funcionários na porta do local, vestidos com a camisa da greve, e eles confirmaram que aderiram. O presidente do Sinpol afirma que 30% dos serviços no IML estão garantidos.

Greve ilegal

O presidente do sindicato da categoria, Áureo Cisneiros, também comentou a liminar, conseguida pelo governo do estado a poucas horas do início da greve - iniciada a partir de 0h desta sexta (21). O desembargador Bartolomeu Bueno determinou que a greve fosse suspensa "imediatamente", e estabeleceu multa diária de R$ 100 mil em caso de descumprimento.

"A gente nem tinha deflagrado o processo de greve e já tinha saído a ilegalidade. A gente acha isso um absurdo da Justiça de Pernambuco, de decretar tão rapidamente e colocar uma multa exorbitante. Vamos recorrer dessa decisão. Gostaria muito que a Justiça fosse célere assim para melhorar os serviços públicos, julgar os crimes de corrupção do nosso estado", criticou Cisneiros.

Segundo ele, a greve continua até que o governo apresente prazos concretos para implantar as mudanças no Plano de Cargos, Carreiras de Vencimentos (PCCV) exigidas pela categoria. Uma rodada de negociações estava prevista para hoje, mas até às 13h não havia data definida para a reunião. Uma nova assembleia será realizada às 17h para definir se o movimento continua.

Paralisação na Agência de Águas e Clima

Outra categoria que parou as atividades hoje foi a dos servidores da Agência Pernambucana de Águas e Clima (APAC). A paralisação de 24 horas pretende pressionar o governo para que os funcionários tenham a reposição inflacionária de junho de 2014 até junho deste ano (mês da data-base), já que afirmam estar sem reajuste nesse período.

Os funcionários realizaram uma manifestação na frente da APAC no turno da manhã. Eles também reivindicam a reformulação do Plano de Cargos, Carreiras e Vencimentos (PCCV); aumento da diária de R$ 54,01 para que funcionários trabalhem no interior; e realização de concurso público.

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