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Polícia investiga grupo integralista que assume ataque ao Porta dos Fundos

Em vídeo, homens encapuzados reivindicam a autoria do crime e mostram imagens que coincidem com gravação da câmera do prédio da produtora

Porta dos Fundos: grupo de humor foi alvo de ataque em sua sede após produzir especial de Natal de Netflix que indicava namoro de Jesus com outro homem (Netflix/Reprodução)

Porta dos Fundos: grupo de humor foi alvo de ataque em sua sede após produzir especial de Natal de Netflix que indicava namoro de Jesus com outro homem (Netflix/Reprodução)

AO

Agência O Globo

Publicado em 26 de dezembro de 2019 às 16h43.

Rio — A Polícia Civil vai investigar o envolvimento de um grupo organizado no ataque à sede do “Porta dos Fundos”, na madrugada do sábado. A principal pista é um vídeo que circulou nas redes sociais, no qual um homem, cercado de outras duas pessoas, todos encapuzados, reivindica a autoria da ação. A gravação exibe imagens do suposto ataque com coquetéis molotov praticado por três pessoas. Essas imagens coincidem com a gravação feita pela câmera do prédio da produtora, no Humaitá, que mostra a mesma ação captada por um ângulo oposto.

O secretário estadual de Polícia Civil, Marcos Vinícius Braga, recebeu nesta quinta-feira (26) o ator do “Porta dos Fundos”, João Vicente, com o subsecretário Fábio Baruck e com o delegado da 10ª DP ( Botafogo) Marcos Aurélio Ribeiro. O grupo reforçará no encontro as suspeitas sobre o vídeo apócrifo, no qual o um homem com capuz acusa os atores de depreciar a imagem de Jesus Cristo no especial de Natal do grupo de humoristas. O ator João Vicente foi o primeiro a chegar, acompanhado do advogado.

No vídeo, integrantes do grupo que se autodenominam "Comando Insurgência Popular Nacionalista da Grande Família Integralista Brasileira" aparecem mascarados e leem um manifesto enquanto imagens do ataque com coquetéis molotov sã exibidos.

 

Conforme O GLOBO antecipou nesta quarta-feira (25), um vídeo gravado por uma câmera de segurança identifica a placa da caminhonete onde estava parte dos criminosos que atacaram o prédio da produtora responsável pela criação dos vídeo do grupo Porta dos Fundos, no Humaitá, com dois coquetéis-molotov, no sábado por volta das 4h. Seriam três suspeitos e um deles estaria com o rosto descoberto, o que facilitaria a identificação. Um dos homens estava numa moto, e fugiu na contramão da Rua Capitão Salomão, onde fica a empresa. O material será entregue nesta quinta-feira à polícia.

Agentes da 10ª DP (Botafogo), que investigam o caso, também vão buscar outras imagens na região. Ao todo, há seis câmeras que apontam para a entrada do prédio. Ainda esta semana, testemunhas do ataque serão ouvidas, como o segurança do prédio que conseguiu apagar o fogo. Na madrugada em que aconteceu o crime, o local estava movimentado: havia uma comemoração de fim de ano de garçons e funcionários dos restaurantes da região num bar ao lado da produtora, que aconteceu até às 3h.

Nesta quarta-feira (25), Fabio Porchat afirmou em entrevista ao GLOBO que o atentado teve motivação homofóbica. Para ele, "a homofobia é nítida", uma vez que o ataque ocorreu após o Porta dos Fundos retratar Jesus Cristo como gay no "Especial de Natal Porta dos Fundos: A primeira tentação de cristo", no ar na Netflix desde 3 de dezembro. Porchat comentou, em sua conta no Twitter, que o episódio não vai intimidá-lo. “Não vão nos calar. Nunca! É preciso estar atento e forte”.

De acordo com a assessoria de imprensa do Porta dos Fundos, dois coquetéis-molotov foram lançados contra a fachada do imóvel. O ataque aconteceu às 4 horas da manhã e o caso foi registrado como crime de explosão na 10ª DP (Botafogo).

O fogo foi contido, segundo a assessoria, por um segurança que estava no prédio. Apenas o quintal e a recepção sofreram danos materiais com o ato. Personalidades como o escritor Paulo Coelho, a cantora Clarice Falcão e o ator João Vicente de Castro, sócio da produtora, comentaram o episódio em suas redes sociais.

O ataque à sede da produtora do Porta dos Fundos foi repudiado pelo bispo-auxiliar da Arquidiocese do Rio de Janeiro, Dom Antonio Augusto Dias Duarte. Para o representante da Igreja Católica, independentemente de posições favoráveis ou desfavoráveis, o que está por cima de tudo é o valor que Jesus dá a cada pessoa.

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