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Polícia descarta, por ora, terrorismo em ataque contra Porta dos Fundos

A polícia já tem as características físicas de quatro pessoas que participaram do atentado e agora busca descobrir endereço e histórico delas

Porta dos Fundos: sede do grupo de humor foi alvo de ataque na véspera de Natal (Netflix/Reprodução)
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Reuters

Publicado em 26 de dezembro de 2019 às 14h38.

Rio de Janerio - A polícia do Rio de Janeiro descartou, ao menos por enquanto, enquadrar como terrorismo o ataque com coquetéis molotov contra a sede do grupo humorístico Porta dos Fundos , mas reconheceu nesta quinta-feira (26) a veracidade de um vídeo publicado nas redes sociais com imagens do crime.

No momento, as investigações apuram os crimes de explosão e de tentativa de homicídio, uma vez que na madrugada do dia 24 de dezembro, véspera de Natal, havia de plantão um segurança no prédio da produtora, que ajudou no combate ao princípio de incêndio provocado pelo ataque.

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"Não tem como falar em terrorismo agora. As investigações estão só começando e, com o tempo, vamos avançar. Tem que ter requisitos objetivos para falar em terrorismo", disse à Reuters o secretário de Polícia Civil do Rio de Janeiro , Marcus Vinicius Braga. "Nós vamos enquadrar e pegar esses caras", garantiu.

A polícia já tem as características físicas de quatro pessoas que participaram do atentado na sede do Porta dos Fundos, grupo que foi alvo de críticas por causa de um especial de Natal que retrata um Jesus Cristo que teve experiências homossexuais e que foi ao ar no serviço de streaming Netflix.

A investigação agora tenta chegar a qualificação dos envolvidos, como nome, endereço, histórico, entre outras informações. As placas dos veículos usados na ação, um carro e uma moto, já foram identificadas e os donos serão intimados.

O serviço de inteligência da polícia fluminense está auxiliando as investigações e a delegação que atua na repressão a crimes de informática também apura o caso junto com delegacia de Botafogo, bairro onde fica a produtora do Porta dos Fundos.

"Foi um fato grave que merece ser rapidamente solucionado", disse o delegado Fabio Barucke, subsecretário de integração operacional da Polícia Civil fluminense. "Não foi classificado como terrorismo, mas não descartamos nenhuma hipótese", acrescentou.

Os investigadores acreditam que o ato criminoso foi motivado pelo especial de Natal do grupo.

Nas últimas horas, um grupo supostamente ligado ao movimento integralista usou as redes sociais para assumir a autoria do ataque contra a sede do grupo humorístico. No vídeo, imagens do ataque são exibidas e o grupo, que aparece encapuzado e com voz distorcida, afirma que o canal de humor é um grupo de militantes marxistas culturais.

A polícia do Rio afirma que as imagens do vídeos são verídicas, mas aponta que o grupo que postou o vídeo não tem ligação com o movimento integralista, com pensamentos alinhados com idéias de extrema-direita.

 

"Existe a possibilidade de o fato ter ligação com o filme", disse o delegado titular do caso, Marco Aurélio Ribeiro, que também justificou o caso não ter sido enquadrado de imediato como um ato terrorista.

"A princípio não está sendo tratado como terrorismo, porque a Lei Antiterror prevê uma conduta lesiva à organização da sociedade e do Estado. E nos parece, inicialmente --nenhuma hipótese é descartada--, que foi um ataque direcionado a uma vítima determinada", disse.

Integrante do Porta dos Fundos, o ator e humorista João Vicente esteve na sede da Polícia Civil do Rio de Janeiro nesta quinta.

"O Rio não precisa de mais violência e precisamos cortar o mal pela raiz", disse ele. "Foi um atentado à liberdade de expressão", acrescentou.

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