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Pochmann: Se Lula não puder ser candidato, substituto será seu "preposto"

Coordenador do programa de governo petista reforçou estratégia de registrar candidatura de ex-presidente no dia 15 de agosto

Márcio Pochmann: "Só fala em Plano B quem não está no PT. É Lula até o final. É tudo ou nada" (Antonio Cruz/AGÊNCIA BRASIL/Agência Brasil)

Márcio Pochmann: "Só fala em Plano B quem não está no PT. É Lula até o final. É tudo ou nada" (Antonio Cruz/AGÊNCIA BRASIL/Agência Brasil)

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Reuters

Publicado em 24 de julho de 2018 às 15h45.

São Paulo - Se o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva for impedido de disputar a eleição presidencial de outubro, o substituto, seja ele quem for, será um "preposto" do ex-presidente, disse à Reuters um dos coordenadores do programa de governo petista, Márcio Pochmann, que acrescentou que o nome escolhido sairá das fileiras do partido.

Pochmann reforçou, em entrevista à Reuters na segunda-feira, a estratégia do PT de registrar a candidatura de Lula ao Planalto no dia 15 de agosto e lutar "até o fim" para que ele possa ser candidato. Mas disse que, se o ex-presidente for inviabilizado, o nome escolhido para a disputa será como se fosse o próprio Lula.

"Alguém do PT", disse Pochmann quando questionado qual seria o melhor nome para substituir Lula na eventualidade de ele ser barrado pela Lei da Ficha Limpa e se o partido poderia apoiar alguém de outra legenda.

"Esse alguém vai ser uma espécie de preposto do Lula, se não você não tem o repasse de votos. Quer dizer, não sou eu, não sou o Paulo, o João, eu sou o Lula", acrescentou.

Lula está preso desde abril cumprindo pena de 12 anos e 1 mês de prisão no caso do tríplex no Guarujá, litoral de São Paulo. Ele deve ficar inelegível pela Lei da Ficha Limpa, que barra a candidatura de condenados por órgãos colegiados da Justiça.

O petista nega qualquer irregularidade e se diz alvo de uma perseguição política para impedi-lo de se candidatar.

O PT tem afirmado que oficializará Lula candidato na convenção do partido, marcada para 4 de agosto, e registrará, posteriormente, a candidatura dele no dia 15 de agosto, limite do prazo legal. A sigla tem rejeitado, ao menos publicamente, a discussão sobre um eventual "Plano B", embora os nomes do ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad e do ex-governador da Bahia Jaques Wagner sejam apontados como possíveis substitutos.

"Só fala em Plano B quem não está no PT. É Lula até o final. É tudo ou nada", disse Pochmann.

Indagado, no entanto, sobre um cenário em que Lula seja impedido de disputar o pleito pela Justiça Eleitoral, ele apontou a necessidade de o PT manter o capital político de Lula, líder nas pesquisas de intenção de voto para o Planalto, e afirmou que o ex-presidente gravou material para ser usado na campanha antes de ser preso.

"Quem está com este contingente de indicadores de voto, trocar agora para quê? Ao contrário, o PT vem mantendo e crescendo suas indicações de voto", disse.

O PT ainda não fechou qualquer aliança na disputa presidencial. De acordo com Pochmann, há conversas com PSB, PCdoB e Pros, este último, de acordo com ele, em estágio mais avançado.

A presença de Lula na urna eletrônica ou a transferência de votos para aliados preocupam os mercados financeiros, que não o veem como alguém comprometido com o ajuste fiscal necessário para reequilibrar as contas públicas.

Na entrevista, Pochmann também disse que o recente acordo entre Embraer e Boeing e eventuais vendas de ativos da Eletrobras e da Petrobras que saírem do papel serão revistos num governo do PT a partir de 2019 por questões estratégicas, ao mesmo tempo que um fundo com parte das reservas internacionais será montado para financiamento de projetos de infraestrutura.

(Reportagem adicional de Christian Plumb)

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