PMDB se reúne e começa a preparar saída do governo
O Congresso do PMDB será o primeiro momento de um movimento de afastamento gradual que deverá terminar no rompimento definitivo em março de 2016, dizem fontes
Da Redação
Publicado em 13 de novembro de 2015 às 16h18.
Brasília - O Congresso Nacional da Fundação Ulysses Guimarães, do PMDB , na próxima terça-feira não terá força para decidir sobre a saída do partido do governo de Dilma Rousseff , mas será o primeiro momento de um movimento de afastamento gradual que deverá terminar no rompimento definitivo em março de 2016, durante a convenção partidária, disseram à Reuters fontes peemedebistas.
Apesar de ter saído da reforma ministerial ainda mais forte no governo do que antes, com sete ministérios, entre eles a importante pasta da Saúde, os movimentos de Dilma durante todo o processo criaram mais insatisfação do que agradecimentos.
Nos últimos meses, a ala dos peemedebistas que defendem a saída do governo cresceu, ainda que sem o mesmo barulho do grupo que grita por um rompimento já.
“O grupo que defende a saída já ainda é minoria, esse é o pessoal que vai bater bumbo no congresso", disse à Reuters um peemedebista de alto escalão.
"Quem não quer bater bumbo nem vai", acrescentou.
"Mas isso não significa que o partido vai ficar no governo. O caminho da convenção de março deve ser o rompimento”, acrescentou essa fonte, que pediu para não ser identificada.
A avaliação é que dificilmente o partido conseguirá segurar os delegados em um momento em que o apelo para que o PMDB fique no governo, com baixa avaliação e enfrentando uma crise econômica e política, é muito baixo.
Isso iria requerer um esforço dos caciques do partido, o que não deve acontecer. Um parlamentar do partido afirmou à Reuters que essa discussão ainda não está madura, mas que nos próximos meses até a convenção sem dúvida ganhará força.
“O PMDB decidiu que o projeto em parceria com o PT se esgotou. Se o governo não mudar o rumo, a situação só vai se agravar”, disse o parlamentar, que também pediu anonimato, lembrando que, a menos que a situação mude radicalmente, será difícil segurar o partido.
O PMDB flerta com a oposição já há alguns meses. Parte da bancada, especialmente na Câmara, não esconde que a hipótese de impeachment de Dilma agrada, especialmente se Temer ficar e assumir a Presidência.
Com a ação que questiona as contas de campanha de Dilma no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o PMDB traçou uma estratégia para convencer o tribunal de que as contas de Temer foram separadas, de modo que o vice-presidente não seja prejudicado dependendo da decisão.
O PMDB já decidiu, ainda que informalmente, que terá candidato próprio à Presidência da República em 2018.
Duas fontes do partido admitiram à Reuters que entre essa decisão e construir uma candidatura forte há uma distância, mas que o partido precisa ter um programa de governo --para 2018 ou até eventualmente para 2016, no caso de terem que assumir a Presidência.
Mas o caminho passa por um afastamento gradual do governo.
E se antes o grupo ligado a Michel Temer ainda defendia se manter no governo, nos últimos meses, com a relação difícil entre o vice-presidente e Dilma, a onda pelo rompimento cresceu.
A crise entre Temer e a presidente começou quando, ao tentar fazer a articulação política, como Dilma havia pedido, Temer viu seus acordos serem empurrados com a barriga ou negados pelo então ministro da Casa Civil, o petista Aloizio Mercadante.
Mas no meio do caminho, Temer irritou Dilma e a cúpula petista quando afirmou que alguém tinha que unir o país, num cenário de baixíssima popularidade da presidente, uma declaração que foi vista como uma insinuação de que ele seria essa pessoa.
A insatisfação cresceu quando Dilma e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiram abrir um canal de negociação direto com Jorge Picciani, presidente do PMDB do Rio de Janeiro e pai do líder do partido na Câmara dos Deputados, Leonardo Picciani, como uma forma de tentar enfraquecer o poder do presidente da Casa, Eduardo Cunha (RJ), sobre a bancada.
“Havia uma relação delicada com o partido, e o vice-presidente tentava manter um equilíbrio de forças para tentar contemplar todos os setores. O governo optou por fazer uma divisão quando buscou o diálogo direto com Picciani. Isso quebrou o equilíbrio do partido e deixou sequelas”, afirmou uma fonte próxima a Temer.
“O PMDB perdeu uma institucionalidade no governo.”
O maior sinal do desconforto peemedebista é o silêncio do vice-presidente.
Nas últimas semanas, ele pouco ou nada tem conversado com a presidente. Não foi às duas últimas reuniões de coordenação política.
Nesta semana porque estava em Angola representando o governo brasileiro nas comemorações de 40 anos da independência do país, mas na semana anterior, simplesmente porque não voltou a tempo de São Paulo.
“Ele foi sacaneado. Ele se entregou plenamente à articulação política e foi torpedeado pelo Planalto.
Ele decidiu se afastar e não se tornar avalista de movimentos que ele discordava”, disse à Reuters a fonte graduada do PMDB.
Ainda assim, analisa a fonte, Temer é o que dentro do partido chamam de legalista: só aceita o rompimento com o governo com uma decisão da convenção partidária, em 2016.
Daí o seu grupo não apoiar as moções e os pedidos que um grupo mais barulhento deve apresentar no congresso da semana que vem.
“Não é o momento. Depois disso o PMDB terá cinco meses de tranquilidade até a convenção para trabalhar seus passos”, disse a fonte.
Brasília - O Congresso Nacional da Fundação Ulysses Guimarães, do PMDB , na próxima terça-feira não terá força para decidir sobre a saída do partido do governo de Dilma Rousseff , mas será o primeiro momento de um movimento de afastamento gradual que deverá terminar no rompimento definitivo em março de 2016, durante a convenção partidária, disseram à Reuters fontes peemedebistas.
Apesar de ter saído da reforma ministerial ainda mais forte no governo do que antes, com sete ministérios, entre eles a importante pasta da Saúde, os movimentos de Dilma durante todo o processo criaram mais insatisfação do que agradecimentos.
Nos últimos meses, a ala dos peemedebistas que defendem a saída do governo cresceu, ainda que sem o mesmo barulho do grupo que grita por um rompimento já.
“O grupo que defende a saída já ainda é minoria, esse é o pessoal que vai bater bumbo no congresso", disse à Reuters um peemedebista de alto escalão.
"Quem não quer bater bumbo nem vai", acrescentou.
"Mas isso não significa que o partido vai ficar no governo. O caminho da convenção de março deve ser o rompimento”, acrescentou essa fonte, que pediu para não ser identificada.
A avaliação é que dificilmente o partido conseguirá segurar os delegados em um momento em que o apelo para que o PMDB fique no governo, com baixa avaliação e enfrentando uma crise econômica e política, é muito baixo.
Isso iria requerer um esforço dos caciques do partido, o que não deve acontecer. Um parlamentar do partido afirmou à Reuters que essa discussão ainda não está madura, mas que nos próximos meses até a convenção sem dúvida ganhará força.
“O PMDB decidiu que o projeto em parceria com o PT se esgotou. Se o governo não mudar o rumo, a situação só vai se agravar”, disse o parlamentar, que também pediu anonimato, lembrando que, a menos que a situação mude radicalmente, será difícil segurar o partido.
O PMDB flerta com a oposição já há alguns meses. Parte da bancada, especialmente na Câmara, não esconde que a hipótese de impeachment de Dilma agrada, especialmente se Temer ficar e assumir a Presidência.
Com a ação que questiona as contas de campanha de Dilma no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o PMDB traçou uma estratégia para convencer o tribunal de que as contas de Temer foram separadas, de modo que o vice-presidente não seja prejudicado dependendo da decisão.
O PMDB já decidiu, ainda que informalmente, que terá candidato próprio à Presidência da República em 2018.
Duas fontes do partido admitiram à Reuters que entre essa decisão e construir uma candidatura forte há uma distância, mas que o partido precisa ter um programa de governo --para 2018 ou até eventualmente para 2016, no caso de terem que assumir a Presidência.
Mas o caminho passa por um afastamento gradual do governo.
E se antes o grupo ligado a Michel Temer ainda defendia se manter no governo, nos últimos meses, com a relação difícil entre o vice-presidente e Dilma, a onda pelo rompimento cresceu.
A crise entre Temer e a presidente começou quando, ao tentar fazer a articulação política, como Dilma havia pedido, Temer viu seus acordos serem empurrados com a barriga ou negados pelo então ministro da Casa Civil, o petista Aloizio Mercadante.
Mas no meio do caminho, Temer irritou Dilma e a cúpula petista quando afirmou que alguém tinha que unir o país, num cenário de baixíssima popularidade da presidente, uma declaração que foi vista como uma insinuação de que ele seria essa pessoa.
A insatisfação cresceu quando Dilma e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiram abrir um canal de negociação direto com Jorge Picciani, presidente do PMDB do Rio de Janeiro e pai do líder do partido na Câmara dos Deputados, Leonardo Picciani, como uma forma de tentar enfraquecer o poder do presidente da Casa, Eduardo Cunha (RJ), sobre a bancada.
“Havia uma relação delicada com o partido, e o vice-presidente tentava manter um equilíbrio de forças para tentar contemplar todos os setores. O governo optou por fazer uma divisão quando buscou o diálogo direto com Picciani. Isso quebrou o equilíbrio do partido e deixou sequelas”, afirmou uma fonte próxima a Temer.
“O PMDB perdeu uma institucionalidade no governo.”
O maior sinal do desconforto peemedebista é o silêncio do vice-presidente.
Nas últimas semanas, ele pouco ou nada tem conversado com a presidente. Não foi às duas últimas reuniões de coordenação política.
Nesta semana porque estava em Angola representando o governo brasileiro nas comemorações de 40 anos da independência do país, mas na semana anterior, simplesmente porque não voltou a tempo de São Paulo.
“Ele foi sacaneado. Ele se entregou plenamente à articulação política e foi torpedeado pelo Planalto.
Ele decidiu se afastar e não se tornar avalista de movimentos que ele discordava”, disse à Reuters a fonte graduada do PMDB.
Ainda assim, analisa a fonte, Temer é o que dentro do partido chamam de legalista: só aceita o rompimento com o governo com uma decisão da convenção partidária, em 2016.
Daí o seu grupo não apoiar as moções e os pedidos que um grupo mais barulhento deve apresentar no congresso da semana que vem.
“Não é o momento. Depois disso o PMDB terá cinco meses de tranquilidade até a convenção para trabalhar seus passos”, disse a fonte.