PM fez uso excessivo de força em protestos e contra jovens negros
A Anistia afirmou que os defensores dos direitos humanos, especialmente os que brigam pelos direitos ambientais, estão entre os que sofrem mais ameaças
EFE
Publicado em 21 de fevereiro de 2017 às 22h20.
Paris - A Polícia Militar (PM) fez uso excessivo e desnecessário da força em protestos e contra jovens negros , muitos deles moradores de favelas, denunciou nesta quarta-feira (data local) a Anistia Internacional no relatório anual relativo a 2016.
Além deles, a Anistia Internacional afirmou que os defensores dos direitos humanos, especialmente os que brigam pelos direitos ambientais e da terra, estão entre os que sofrem mais ameaças e agressões por parte das forças de segurança.
A violência contra as mulheres segue generalizada, indica o documento, que também aponta um aumento das violações dos direitos das pessoas refugiadas, solicitantes de asilo e migrantes.
No Brasil, segundo afirmou em dezembro a Corte Interamericana de Direitos Humanos (CorteIDH), o trabalho escravo e o tráfico humano são tolerados, segundo as condições suportadas pelos trabalhadores agrícolas do estado do Pará.
O número de homicídios e mortes por arma de fogo subiram para 58 mil em 2015, de acordo com a Anistia Internacional.
Após visitar o Brasil, a relatora especial da ONU sobre questões de minorias apresentou ao Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas recomendações para abolir a PM.
Além disso, ela sugeriu retirar da classificação automática dos homicídios cometidos por policiais como "resistência seguida de morte". Isso pressuponha que os policiais militares atuavam em defesa própria, o que não dava abertura para investigações.
Para a Anistia Internacional, as autoridades e os organizadores dos Jogos Olímpicos de 2016 não aplicaram as medidas necessárias para impedir que as forças de segurança cometessem violações de direitos humanos antes da realização do evento esportivo e ao longo de sua duração.
A PM admitiu ter matado pelo menos 12 pessoas durante os Jogos Olímpicos na cidade do Rio de Janeiro e ter se envolvido em 217 tiroteios em operações policiais realizadas no estado.
Os homicídios cometidos pela polícia seguem elevados. Em alguns estados, segundo o relatório, eles aumentaram. No Rio de Janeiro, 811 pessoas morreram pelas mãos de policiais entre janeiro e novembro. A maioria dos homicídios cometidos por eles ficou impune.
As prisões mantêm graves problemas de aglomeração, torturas e outros maus tratos. Segundo o Ministério da Justiça, ao fim de 2015, o sistema penitenciário contava com uma população de mais de 620 mil detentos, apesar de ter capacidade para 370 mil.
Pelo menos 47 defensores perderam a vida de maneira violenta na luta pelo acesso à terra e aos recursos naturais.
A Anistia Internacional destacou ainda que homicídios, ameaças e agressões contra defensores dos direitos humanos são raramente investigados, e os crimes ficam, em geral, impunes.