PM e GCM usam bombas e spray de pimenta na Cracolândia
Segundo a prefeitura, houve tumulto durante a ação diária de limpeza quando a GCM encontrou uma moto roubada no local
Agência Brasil
Publicado em 8 de setembro de 2017 às 15h14.
A Polícia Militar e a Guarda Civil Metropolitana (GCM) usaram bombas de gás e spray de pimenta contra os usuários de drogas da Cracolândia , na Luz, região central da capital paulista, em uma operação no final da manhã de hoje (8).
Ao menos uma pessoa foi detida e outra teve de ser socorrida pelo Corpo de Bombeiros ao ser ferida na ação.
A Cavalaria e a Força Tática cercaram e impediram durante algumas horas o acesso de pedestres e veículos às proximidades da Rua Helvetia, onde fica a maior concentração de usuários.
Os funcionários dos serviços sociais e de saúde que trabalham na área eram abordados e revistados para poderem acessar os locais de trabalho.
Segundo a prefeitura, houve tumulto durante a ação diária de limpeza quando a GCM encontrou uma moto roubada no local.
Foram usados diversos caminhões e uma escavadeira para recolher as barracas improvisadas e objetos dos moradores de rua que vivem na região.
No início da tarde, os usuários estavam dispersos pelas ruas e praças próximas.
A Secretaria de Estado de Segurança Pública de São Paulo foi procurada, mas ainda não respondeu à reportagem da Agência Brasil.
Novo local
Na quinta-feira da semana passada (31), uma outra operação policial forçou o deslocamento da aglomeração de usuários da Praça Julio Prestes para a chamada Praça do Cachimbo, na esquina da Rua Helvetia, onde eles estão atualmente.
Foi a quarta vez que o grupo de moradores e frequentadores da Cracolândia, conhecido como fluxo, mudou de lugar desde a megaoperação policial ocorrida em 21 de maio.
Na ocasião, o prefeito João Doria chegou a anunciar o fim da Cracolândia, mas o número usuários na região ainda é considerável.
Nos últimos meses, a administração municipal colocou em funcionamento o Programa Redenção, em substituição ao De Braços Abertos, baseado em redução de danos, implantado pela gestão anterior.
Foram instalados contêineres adaptados para pessoas fazerem pernoite, refeições e uso de banheiro. Um dos focos do programa é convencer os usuários a se internarem voluntariamente para fazer tratamento.
Porém, um relatório elaborado conjuntamente pelo Ministério Público do Estado de São Paulo (MP), Defensoria Pública e conselhos de classe mostrou diversas falhas no Programa Redenção. Segundo o documento, a iniciativa da prefeitura é ineficaz.
Foram apontadas falhas como falta de alternativa à internação, inexistência de um projeto terapêutico individualizado, falta de profissionais nas unidades de saúde, ociosidade dos pacientes durante a internação e falta de acompanhamento após a desintoxicação.
O coordenador chefe do Programa Redenção, Arthur Guerra disse que todos os ajustes citados serão cumpridos.