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Plano B do PT, Haddad visita nove Estados

A intensa agenda do petista tem incomodado integrantes da direção nacional do partido

Haddad: em seis meses, o petista registra passagem por ao menos nove Estados e dois países (Marcello Casal Jr/Agência Brasil)

Haddad: em seis meses, o petista registra passagem por ao menos nove Estados e dois países (Marcello Casal Jr/Agência Brasil)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 12 de agosto de 2017 às 08h55.

Brasília - Contrariando o discurso oficial de parte do PT de que não existe "plano B" para a candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva à Presidência em 2018, o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad faz uma série de viagens pelo Brasil.

Em seis meses, o petista registra passagem por ao menos nove Estados e dois países. A intensa agenda do petista tem incomodado integrantes da direção nacional do partido, por aumentar especulações sobre as chances de Haddad se tornar uma alternativa a Lula na disputa eleitoral.

Levantamento feito pelo Estadão/Broadcast com base nas agendas públicas do petista mostra que, de abril até setembro deste ano, o ex-prefeito terá participado de pelo menos 14 eventos públicos em nove Estados: Bahia, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Goiás, Santa Catarina, São Paulo, Pernambuco, Ceará e Paraíba. Além disso, participou de eventos em Boston (EUA) e Londres, nos meses de abril e maio, respectivamente.

Em boa parte dos casos, Haddad aproveita sua passagem por grandes cidades para participar de mais de um evento. Além disso, costuma conceder entrevistas à imprensa local, quando fala sobre o cenário político para 2018, e marcar encontro com lideranças.

Ontem, por exemplo, o petista concedeu entrevista no Recife, quando disse não descartar uma aliança entre PT e PSB no ano que vem. Ele aproveitou ainda para marcar almoço com o governador Paulo Câmara (PSB).

Nos bastidores, a avaliação de integrantes da cúpula do PT é de que as movimentações de Haddad são capitaneadas pela "República de São Paulo", em referência às lideranças do partido no Estado.

Um incômodo relatado por alguns integrantes da cúpula é de que, neste momento, a direção do PT tem debatido ficar de fora da disputa presidencial em 2018, caso Lula seja condenado na segunda instância antes da eleição e fique impedido de concorrer.

Nesse cenário, a legenda cogita se retirar do pleito e interditar o debate com o discurso de que a medida é um "golpe" contra o PT.

Um dos deputados federais mais próximos do ex-prefeito, Paulo Teixeira (PT-SP) nega que Haddad esteja viajando para se contrapor à candidatura de Lula.

"A presença dele nos Estados reforça a candidatura do Lula, porque, através do Fernando, a candidatura do Lula pode participar de debates pelo Brasil", afirmou Teixeira.

Líder do PT na Câmara, o deputado Carlos Zarattini (SP), também diz não ver articulação de Haddad visando a uma candidatura ao Planalto. "Nosso plano A, B e C é o Lula. Acho o Fernando um bom candidato a senador por São Paulo, embora ele possa ser candidato a qualquer coisa", disse Zarattini.

Recusa

Procurado, Haddad afirmou, por meio de sua assessoria de imprensa, que tem viajado a convite de universidades, administrações estaduais e municipais e organismos internacionais para falar das suas "ações como ministro da Educação e como prefeito de São Paulo". Segundo a assessoria, o ex-prefeito "recusa" o papel de plano B, por acreditar que a condenação de Lula no âmbito da Operação Lava Jato será "possivelmente revertida".

Quanto à "ciumeira" de membros do PT, a assessoria de Haddad afirmou que se trata de um "sentimento primitivo de quem pouco ou nada tem a acrescentar ao atual momento político". "Hoje (ontem) no Recife, em duas palestras na UFPE (Universidade Federal de Pernambuco) e na Católica, falou para mais de 5 mil estudantes e deu diversas entrevistas para veículos nacionais e regionais.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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