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Planilha mostra repasses a marqueteiro de Lula e Dilma

Segundo os investigadores, a empresa "blinda" Miggliácio, inclusive custeando suas despesas no exterior para mantê-lo à distância das autoridades


	Lula e Dilma Rousseff: a planilha com dados de campanhas eleitorais que está de posse da Lava Jato foi criada por Maria Lúcia Guimarães Tavares
 (Ricardo Stuckert/ Instituto Lula)

Lula e Dilma Rousseff: a planilha com dados de campanhas eleitorais que está de posse da Lava Jato foi criada por Maria Lúcia Guimarães Tavares (Ricardo Stuckert/ Instituto Lula)

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Da Redação

Publicado em 23 de fevereiro de 2016 às 11h52.

São Paulo - A quebra do sigilo de um e-mail secreto do executivo Fernando Miggliácio, da empreiteira Odebrecht, levou a Operação Lava Jato à descoberta de uma planilha com dados relativos a repasses de valores para o PT e financiamento de campanhas eleitorais.

Miggliácio está fora do País desde que o ex-presidente da empreiteira, Marcelo Odebrecht, foi preso, em julho de 2015, na Operação Erga Omnes.

Segundo os investigadores, a empresa 'blinda' Miggliácio, inclusive custeando suas despesas no exterior para mantê-lo à distância das autoridades.

A Procuradoria da República chegou a pedir novo decreto de prisão de Odebrecht, mas o juiz federal Sérgio Moro não acolheu a solicitação.

A planilha com dados de campanhas eleitorais que está de posse da Lava Jato foi criada por Maria Lúcia Guimarães Tavares, segundo os investigadores.

Ela foi presa nesta segunda-feira, 22, na Operação Acarajé, a 23.ª etapa da Lava Jato.

"Era a pessoa responsável pelo controle das entregas dos 'acarajés', como os investigados chamavam os valores repassados", informou a Polícia Federal.

A PF afirma que o alvo da Acarajé não são crimes eleitorais, mas sim corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa relativos a desvios na Petrobras. As informações da planilha trazem detalhes de despesas eleitorais de 2008 a 2012.

A Operação Acarajé destaca que Maria Lúcia é funcionária de executivos da Odebrecht - Fernando Miggliácio, Hilberto Mascarenhas e Luiz Eduardo Rocha Soares, controladores de contas no exterior, do grupo.

O delegado da PF Filipe Hille Pace destacou que João Santana recebeu pelas campanhas eleitorais de 2008 e 2012 (municipais) e de 2010 e 2014 (presidenciais) mais de R$ 150 milhões. Segundo o delegado esses pagamentos são legais, foram declarados à Justiça eleitoral.

"Ele (João Santana) recebeu no Brasil valores de campanhas de 2010, presidencial, e 2014, campanha presidencial, e 2012, atual prefeito de São Paulo (Fernando Haddad) e a campanha municipal de 2008. Valores declarados que recebeu legalmente no Brasil. A gente espera que as buscas de hoje revelem o porque dos pagamentos no exterior. Chamou a atenção que ele (Santana) recebia tantos recursos no Brasil legalmente e precisaria esconder valores significativamente menores fora do Brasil. Quase R$ 50 milhões no Brasil. Por que 10% desse montante no exterior?"

O delegado disse que a Operação Acarajé quer saber o motivo de o marqueteiro ter recebido esse dinheiro fora do Brasil.

Pelo menos US$ 3 milhões já foram identificados em contas nos Estados Unidos e na Inglaterra, em nome da offshore Shellbill Finance SA.

A Lava Jato tem elementos para acreditar que essa offshore era usada por Santana e sua mulher e sócia, Mônica Moura, de forma não declarada, para recebimentos no exterior.

Outros US$ 4,5 milhões foram repassados para essas contas entre 2013 e 2014, pelo operador de propinas Zwi Skornicki, preso nesta segunda-feira. Ele é ligado ao estaleiro Keppel Fels, contratado da Petrobrás.

Procurada, a Odebrecht confirmou operação da Polícia Federal em escritórios de São Paulo, Rio de Janeiro e Bahia, para o cumprimento de mandados de busca e apreensão e disse estar à disposição das autoridades para colaborar com a operação em andamento.

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