Planilha detalha gastos "prosaicos" de Cabral
Gastos mais "modestos" do ex-governador listados pelo MPF teriam sido pagos com dinheiro sujo
Estadão Conteúdo
Publicado em 10 de março de 2017 às 09h44.
Rio - O Ministério Público Federal (MPF) conseguiu decodificar parte de uma planilha de despesas do ex-governador Sérgio Cabral Filho (PMDB) pagas pelo suposto esquema de corrupção que o peemedebista teria chefiado durante seu governo apreendida pela Polícia Federal na Operação Eficiência.
Procuradores da República que acompanham o caso contaram com a colaboração dos irmãos Marcelo e Renato Chebar, ex-operadores do esquema que fecharam acordo de delação premiada.
Responsáveis por enviar para o exterior milhões de dólares em recursos obtidos por meio de corrupção, os colaboradores detalharam gastos prosaicos do ex-governador, de custos médicos a recolhimento de impostos - tudo bancado com dinheiro sujo.
Em depoimento, os irmãos Chebar revelaram que uma das anotações codificadas refere-se a despesa de R$ 1.500 para o tratamento psicológico da "mulher ou sogra" de Cabral.
Também é listado o pagamento mensal de R$ 3.250 para aulas de equitação para um dos filhos do ex-governador, na Sociedade Hípica. A organização teria repassado, no total, R$ 19,5 mil para este fim.
A ex-sogra e a ex-cunhada de Cabral também aparecem na planilha como receptadoras dos recursos. O documento tem referências a Angela Neves e Nina Neves, ao lado dos bancos nos quais têm conta, com anotações de depósitos mensais de R$ 7.500 para cada uma.
Somadas todas as vezes em que os seus nomes são citados, cada uma teria recebido R$ 37,5 mil do esquema, entre 2014 e 2015. Elas ainda não foram citadas em nenhuma denúncia.
Os Chebar relataram que o esquema dos repasses era sigiloso e complexo. Um dos operadores mais próximos de Cabral, Carlos Miranda, que está preso, entregava boletos bancários para que efetuassem pagamentos.
Com o tempo, passaram a fazer os pagamentos em espécie. Segundo Marcelo Chebar, Miranda fazia os pedidos por um programa de mensagens criptografadas.
A defesa de Carlos Miranda afirmou que "todos os fatos relatados na denúncia serão esclarecidos". A defesa de Susana Neves disse desconhecer a planilha e não se manifestou.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.