Palácio do Planalto, sede do governo: equipe de Temer já vê como inevitável a realização de um segundo turno nas eleições da Câmara (VANDERLEI ALMEIDA/AFP)
Da Redação
Publicado em 12 de julho de 2016 às 12h05.
Brasília - Às vésperas da votação para eleger o sucessor de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) na presidência da Câmara dos Deputados, o Palácio do Planalto desistiu da ideia de tentar um candidato de consenso para pacificar a base aliada e se convenceu de que um segundo turno será inevitável.
A contabilidade que chegou ao governo na noite desta segunda-feira, 11, indicava que o líder do PSD e um dos nomes do Centrão, deputado Rogério Rosso (DF), liderava a disputa, com o dobro de votos de Rodrigo Maia (DEM-RJ). Maia ficou praticamente sem o apoio do PT.
A votação está marcada para quarta-feira (13). A estimativa é de que Rosso teria cerca de 200 votos contabilizados. Fernando Giacobo (PR-PR), também do Centrão, grupo formado por 13 partidos, estaria em terceiro lugar nas intenções de votos. Para vencer em primeiro turno, o candidato precisa da maioria dos votos dos presentes.
Com a experiência de ter ocupado a presidência da Câmara por três vezes, o presidente em exercício Michel Temer abriu espaço na agenda para exercer o "papel de ouvinte". Com alguns candidatos conversou pessoalmente no Planalto ou no Jaburu e, com outros, por telefone.
No domingo, o presidente em exercício recebeu para jantar o presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG), e o líder do partido na Câmara, Antônio Imbassahy (BA). Ouviu sobre as dificuldades dos tucanos em apoiar um nome do Centrão e disse que não iria interferir.
Os tucanos aguardam um nome que unifique a antiga oposição. Terceiro maior partido da Casa, o PSDB decidiu não lançar um nome em troca do apoio do Planalto na disputa pela Mesa Diretora em 2017.
O partido deverá escolher entre Maia - que na noite de ontem foi confirmado como candidato do DEM - e Julio Delgado, que venceu a disputa com Heráclito Fortes (PI) como candidato do PSB.
O novo presidente da Câmara ficará no posto por um mandato-tampão, até fevereiro de 2017, e será o responsável por conduzir a votação das principais propostas de interesse do governo neste segundo semestre, quando deverá ser concluído o impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff.
Na tentativa de assegurar a vitória de Rosso, líderes do Centrão tentavam reduzir ao máximo o número de candidatos. Oficialmente, eram 10, podendo chegar a 17.
A estratégia do grupo foi traçada em almoço realizado na residência do líder do PTB, Jovair Arantes (GO), logo após Rosso confirmar que iria entrar na briga pela sucessão de Cunha. Ele protocolou sua candidatura ontem à noite.
O Centrão também está dividido. Já foram registradas as candidaturas de Giacobo, Cristiane Brasil (PTB-RJ), Carlos Manato (SD-ES) e Fausto Pinato (PP-SP). Além deles, também já protocolaram suas candidaturas os deputados Carlos Gaguim (PTN-TO), Fabio Ramalho (PMDB-MG) e Marcelo Castro (PMDB-PI).
Fiel da balança
Apesar de o PMDB ter pelo menos cinco pré-candidatos, o partido poderá ser o fiel da balança neste processo. Neste caso, Temer teria papel fundamental, mesmo dizendo que não entrará na disputa. Segundo o líder do partido, deputado Baleia Rossi (SP), somente hoje o PMDB fará uma reunião para discutir o assunto.
No Twitter, o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, disse que a "orientação do governo é uma só: a base unida pós-eleição". "Não tem preferido nem vetado."
O Palácio do Planalto receia apoiar um nome que acabe derrotado e provoque um racha na base.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.