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Pirataria e contrabando movimentam R$ 113 bilhões em SP em cinco anos

Só neste ano, o mercado ilícito deve movimentar R$ 26 bilhões, segundo levantamento feito pela Fiesp

O Shopping 25 de Março foi fechado após uma operação de combate à pirataria, na região central de São Paulo. (Rovena Ros/Agência Brasil)

O Shopping 25 de Março foi fechado após uma operação de combate à pirataria, na região central de São Paulo. (Rovena Ros/Agência Brasil)

AO

Agência O Globo

Publicado em 7 de dezembro de 2022 às 11h56.

Última atualização em 7 de dezembro de 2022 às 12h35.

O chamado mercado ilícito, que considera roubos, furtos, produtos pirateados ou importados ilegalmente, através de contrabando, e não pagamento de impostos, movimentou R$ 113,6 bilhões entre os anos de 2017 e o primeiro semestre de 2022 no estado de São Paulo.

O número foi levantado pelo Anuário de Mercados Ilícitos da Federação da Indústria do Estado de São Paulo (Fiesp) e divulgado nesta quarta-feira.

Apenas em 2022, essas atividades criminosas na economia paulista vão movimentar R$ 26 bilhões. Entre 2020 e 2021, o número saltou de R$ 19,2 bilhões para R$ 24,1 bilhões, salto de 24%.

Só em termos de comparação, os recursos destinados à Segurança Pública no estado de São Paulo, em 2023, são da ordem de R$ 27 bilhões.

"Chegamos ao absurdo de ter até plataformas de vendas online ensinando as pessoas a burlarem o pagamento de imposto e queremos atacar isso. Combater o ilícito passa inclusive pela reforma tributária. A consequência de não termos uma reforma é ter aumento da informalidade e das atividades ilícitas.", disse Rafael Cervone, vice-presidente da Fiesp.

O anuário começou a ser produzido pelo Departamento de Defesa e Segurança da Fiesp em 2016. Segundo seus autores, é reconhecido por instituições de segurança internacionais e serve como referência para ações de segurança em conjunto com o estado.

"Somos surpreendidos pela força das redes criminais e os impactos não são apenas na indústria, mas em setores como saúde e educação.", afirmou Carlos Erane de Aguiar, diretor do Departamento de Defesa e Segurança da Fiesp.

Medicamentos e produtos de higiene falsificados colocam, por exemplo, em risco a saúde das pessoas quando são colocados no mercado para consumo.

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João Henrique Martins, coordenador científico do anuário, e especialista em economia ilícita, afirmou que o dinamismo dessa atividade criminosa leva a fatos inusitados como a fabricação interna de cigarros que já são falsificados no Paraguai.

"Ou seja, falsificamos a marca que já é falsificada no Paraguai e contrabandeada, o que mostra o dinamismo dessa atividade criminal que é proporcional aos ganhos. Só tem gente fazendo isso, porque dá muito dinheiro.", disse Martins, lembrando que até pastilhas de freio de papelão são contrabandeadas.

Essas atividades ilícitas, diz Martins, promovem a transferência de recursos da sociedade legal para uma 'sociedade criminal'.

O interesse da indústria em levantar esses dados, diz Martins, é que em algum momento essa atividade compete com as empresas, reduzindo sua competitividade e ocupando o espaço da indústria local em abastecer o mercado com os produtos legais.

"O crime em algum momento compete com a indústria, através do celular roubado ou do cigarro contrabandeado. Esses grupos criminosos se transformam em 'firmas', que é como os criminosos identificam suas quadrilhas.", afirmou Martins, lembrando que o dinheiro arrecadado com atividade ilícita acaba financiando armamentos e novos crimes.

Quando se trata de roubo de automóveis e de veículos, os dados mostram que esse segmento é responsável por 35% da violência criminal do Estado.

Ou seja, a cada dez crimes violentos (roubo a mão armada, homicídio, latrocínio) quase quatro ocorrem em razão de roubo de carga de eletrônicos, de carro ou de peças de carros.

O anuário considerou as atividades ilícitas em setores como tabaco, eletrônicos, vestuário, químicos, automotivo, alimentos, higiene, brinquedos e medicamentos.

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