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Pilares das reformas ainda sustentam o time de Guedes, diz Caio Megale

Uma das baixas do Ministério da Economia, Caio Megale afirmou que Guedes continua com uma relação bastante próxima e de confiança com Bolsonaro

"Os pilares das reformas vão continuar a despeito das mudanças que tiveram na equipe e das próprias discussões no Congresso e no governo" (Youtube/Reprodução)
EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 22 de setembro de 2020 às 12h37.

Última atualização em 22 de setembro de 2020 às 16h29.

Uma das baixas do desfalcado Ministério da Economia, Caio Megale acredita que os pilares das reformas ainda sustentam o time do ministro Paulo Guedes mesmo que o movimento de debandada não tenha cessado, ao contrário. Na sua opinião, mudam as peças, em alguns casos com substitutos até mesmo melhores que os anteriores, mas não a direção.

"O ministro Paulo Guedes continua com uma relação bastante próxima e de confiança com o presidente, que continua acreditando e apostando na linha de reformas do ministro", afirma, em entrevista exclusiva Estadão Broadcast, a primeira desde que assumiu o cargo de economista-chefe da XP Investimentos. "Eu não vejo mudança desse cenário em que pese algumas peças, que por razões diferentes, tenham sido substituídas."

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Abaixo, os principais trechos da entrevista:

Por que o senhor deixou a equipe econômica?

Minha saída foi uma questão muito pessoal. Somados os tempos de governo federal e prefeitura já eram quase quatro anos. Desde o começo do ano, eu vinha amadurecendo essa ideia, de que estava chegando o ponto em que eu dei minha contribuição. Parecia uma fase da minha vida, pelo meu momento profissional, uma boa hora para voltar e retomar a carreira no setor privado. Afinal, eu não sou um servidor de carreira.

O senhor não estava satisfeito com o andar da carruagem?

Tiveram alguns integrantes que verbalizaram isso, como o Salim Mattar, que estavam descontentes com o avanço das políticas e as dificuldades que eles encontraram. Eu não faço parte desse grupo. De fato, senti que o ciclo estava completo. Na volta, comecei conversas no setor privado. A XP me pareceu o desafio mais interessante e que mais casa com o meu perfil e as coisas com as quais eu acredito.

A equipe econômica está sofrendo consecutivas baixas. Você é um. Hoje, quem mais pode ampliar a chamada debandada?

Uma coisa que eu achei interessante foram as substituições que o ministro [da Economia, Paulo Guedes] fez. Os sucessores do Mattar e do Paulo Uebel, Diogo Mac Cord e Caio tinham perfis muito parecidos, capacidade técnica, em alguns casos até melhor. É natural, especialmente em uma equipe grande, que alguns saiam e outros entrem por uma razão ou outra, mas novos integrantes têm sido sempre em um nível bastante forte e em linha com o direcionamento de política econômica que o ministro Paulo Guedes tem colocado. Ainda que aconteçam novas substituições, a tendência é que o ministério continue focado naquelas linhas mestras de reformas.

Mas o Mattar e o Uebel saíram atirando na dificuldade que se tem de trabalhar no governo. Novas baixas podem ser um golpe próximo a um nocaute de Guedes?

Os pilares das reformas vão continuar a despeito das mudanças que tiveram na equipe e das próprias discussões no Congresso e no governo. Isso me sugere que o ministro Paulo Guedes continua com uma relação bastante próxima e de confiança com o presidente [Jair Bolsonaro], que continua acreditando e apostando na linha de reformas do ministro. Eu não vejo uma mudança desse cenário em que pese algumas peças, que por razões diferentes, tenham sido substituídas.

O mercado teme que as reformas tenham ido para o espaço. Como o senhor vê o futuro dessa agenda?

A agenda está posta. A reformas estão no Congresso. A chave vai ser a capacidade do governo de mostrar ao Parlamento que essa agenda é importante da maneira como está posta e que seja aprovada.

Com o Renda Brasil na geladeira, o governo pretende fazer cortes bilionários nos ministérios para turbinar o Pró-Brasil, inclusive com risco de inviabilizar ações sociais. Só importa a popularidade para o presidente?

Um novo programa como o Renda Brasil ou um Bolsa Família mais incrementado parece bastante necessário, dada a desigualdade de renda muito significativa no Brasil. O que não está maduro é como o programa será financiado. Tem de caber no teto de gastos. Nós já estamos no vermelho. Se incluirmos mais gastos, esse déficit tende a ser maior e deve haver desconfiança sobre a capacidade de pagar essa dívida. As taxas de câmbio, o risco país, e a expectativa de inflação tendem a subir. Inflação mais alta e economia desorganizada acabam corroendo este ganho de renda dado pelo programa.

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