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Picciani, do Esporte: não há risco de fracasso nos Jogos

Gian Kojikovski O deputado federal Leonardo Picciani, 36, do PMDB do Rio de Janeiro, assumiu o posto de ministro do Esporte em maio, três meses antes da abertura dos Jogos Olímpicos. Hoje, ele tem na mão uma bomba – os problemas esportivos recaem diretamente sobre ele, que ainda tem que se envolver na resolução de […]

PICCIANI: é acusado de vender gado superfaturado para construtora / Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil (Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)

PICCIANI: é acusado de vender gado superfaturado para construtora / Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil (Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)

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Gian Kojikovski

Publicado em 26 de julho de 2016 às 16h08.

Última atualização em 27 de junho de 2017 às 18h03.

Gian Kojikovski

O deputado federal Leonardo Picciani, 36, do PMDB do Rio de Janeiro, assumiu o posto de ministro do Esporte em maio, três meses antes da abertura dos Jogos Olímpicos. Hoje, ele tem na mão uma bomba – os problemas esportivos recaem diretamente sobre ele, que ainda tem que se envolver na resolução de problemas de organização e segurança. Herdeiro de uma clã político tradicional – seu pai é presidente da Assembleia Legislativa do estado – Picciani notabilizou-se como um dos principais defensores do governo Dilma dentro do PMDB (votou contra o impeachment). Mesmo num cargo de confiança, é visto como uma oposição moderada ao presidente Michel Temer dentro do partido. O ministro falou a EXAME Hoje sobre a responsabilidade em suas costas, sobre seu futuro político, e sobre o futuro do governo.

O planejamento esportivo divulgado pelo Comitê Olímpico e pelo ministério do Esporte diz que o objetivo do país é ficar entre os 10 primeiros no quadro de medalhas. É uma meta realista?
É possível, sim, que isso aconteça. O Brasil fez uma preparação muito boa. Nunca se investiu tanto dinheiro em um ciclo olímpico como foi investido nesse. Só o ministério do Esporte investiu mais de um bilhão de reais na preparação de atletas de alto rendimento nos últimos quatro anos. Tem também o ótimo trabalho que o Comitê Olímpico Brasileiro vem realizando com atletas de alto desempenho. Isso já se refletiu no aumento da delegação de atletas classificados para as Olimpíadas. Nós saímos de uma delegação de 270 atletas em Londres para 462 no Rio. Quase dobramos o número de atletas com índice e qualificados para os Jogos Olímpicos.

O que foi feito exatamente com esse dinheiro?
Foram construídos equipamentos esportivos, que integram a Rede Nacional de Treinamentos. Houve também o investimento direto em atletas, como a bolsa pódio, a bolsa atleta. Fizemos convênios com confederações e entidades de cada modalidade, convênio com o Comitê Paralímpico Brasileiro. Esse um bilhão foi especificamente na preparação dos atletas.

O Brasil vai continuar investindo essa quantidade de dinheiro e dando essa atenção para o alto rendimento mesmo quando as Olimpíadas não forem aqui?
Nós devemos manter esses investimentos. O planejamento do ministério é para manter e, na medida em que a situação econômica do país melhore e permita, ampliar esses investimentos para os próximos ciclos olímpicos.

Como incentivar que a iniciativa privada faça investimentos em esportes que têm menos visibilidade?
Nós já temos um instrumento importante que é a Lei do Esporte. Anualmente, aprova-se mais de 400 milhões de reais em projetos para serem incentivados pela iniciativa privada. Mas capta-se em média 250 milhões, então deixa-se de captar 150 milhões por ano. Precisamos melhorar a adesão das empresas à Lei do Esporte. As Olimpíadas serão uma ótima oportunidade, principalmente porque trazem visibilidade a esportes menos conhecidos.

Tivemos problemas na Vila Olímpica, obras para competições que ainda não foram entregues. Corremos risco de que os Jogos Olímpicos sejam um fracasso?
Não há esse risco. A Olimpíada será um sucesso. A preparação ao longo dos últimos sete anos foi absolutamente adequada e os problemas são muito residuais e foram ou serão sanados da forma apropriada.

Que tipo de oportunidades de investimento os jogos podem trazer para a economia?
É o evento mais assistido pela humanidade. São cinco bilhões de pessoas que receberão diariamente notícias do Rio de Janeiro e poderão conhecer melhor a cidade. Só esse impacto já é positivo. Com as pessoas tomando conhecimento da beleza da cidade e do Brasil, o turismo deve ser beneficiado. Fora isso, as Olimpíadas possibilitaram um número de investimentos muito significativo em políticas públicas, não só no legado esportivo, mas em outras áreas, como a mobilidade urbana, a infraestrutura. No caso do Rio de Janeiro, a requalificação da região portuária, uma região histórica da cidade que era muito degradada e, em razão das Olimpíadas, foi requalificada e se torna um grande centro de serviços e de espaço público. Esse é só um exemplo. A rede de transporte de alta capacidade da cidade também foi ampliada. São impactos de longo prazo muito positivos.

Na abertura dos jogos, não teremos nenhum ex-presidente do Brasil presente e apenas dois presidentes do G20 confirmaram que estarão no Rio até agora. O momento político que o país e o mundo vivem pode fazer com que a Olimpíada do Rio fique esvaziada?
Não. Teremos a presença de pelo menos 45 chefes de Estado e de governo confirmados e isso aumentará, sobretudo no G20, porque esses líderes confirmam a presença, por razões de segurança, em um momento mais próximo. Esse número certamente passará de 50 chefes de Estado e governo. Além disso, receberemos mais de 150 ministros de Esportes, de quase todos os países que participam dos jogos. Portanto, o Brasil deve resolver as suas questões políticas dentro de suas instituições, mas isso não interfere nos Jogos Olímpicos, que serão prestigiados.

 

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