Brasil

PF pediu prisão de funcionário da Oi ligado a Lula em 2015

Amigo de Lula, Zunga teve pedido de prisão feito em outubro de 2015 por suspeita de ser um dos contatos no governo federal da Andrade Gutierrez e da Odebrecht


	Luis Inácio Lula da Silva: Moro negou no final do ano passado o pedido de prisão de Zunga e de outras pessoas ligadas ao setor de telecomunicações da Andrade Gutierrez
 (Adriano Machado/ Reuters)

Luis Inácio Lula da Silva: Moro negou no final do ano passado o pedido de prisão de Zunga e de outras pessoas ligadas ao setor de telecomunicações da Andrade Gutierrez (Adriano Machado/ Reuters)

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Da Redação

Publicado em 17 de fevereiro de 2016 às 17h06.

São Paulo e Curitiba - A Polícia Federal pediu em outubro de 2015 a prisão temporária e as quebras dos sigilos telefônico, bancário e fiscal de José Zunga Alves de Lima, ex-sindicalista ligado ao PT e atual funcionário da empresa de telefonia Oi, que instalou uma antena de celular ao lado do Sítio Santa Bárbara, em Atibaia, frequentado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e alvo de investigações da força-tarefa da Operação Lava Jato.

Amigo de Lula, Zunga teve pedido de prisão feito em outubro de 2015 por suspeita de ser um dos contatos no governo federal das empresas Andrade Gutierrez e Odebrecht - líderes do cartel alvo da Lava Jato.

"Otávio Marques conversa com a pessoa de 'Zunga', identificado como sendo José Zunga Alves de Lima, sindicalista e funcionário da OI, o qual parece ser um contato com trânsito no alto escalão do Governo Federal", informa representação da PF em que foi pedida a prisão do amigo de Lula.

Reportagem do jornal Valor Econômico revelou na segunda-feira que, em 2011, mesmo ano em que o sítio em Atibaia foi reformado de maneira suspeita a Oi instalou a menos de 150 metros da propriedade uma antena tratada por moradores como a "a torre do Lula".

O nome de Zunga caiu no radar da Lava Jato no final de 2015, após análise do material apreendido com os ex-presidentes da Andrade Gutierrez, Otávio Marques Azevedo, e Odebrecht, Marcelo Bahia Odebrecht.

A Andrade Gutierrez era uma das controladoras da Oi até o ano passado.

Responsável pelo setor de telecomunicações do grupo, o ex-presidente Otávio Marques é o mais novo delator da Lava Jato.

Ele foi liberado da prisão no início do mês, para cumprir detenção domiciliar, após sete meses de cadeia, em Curitiba. Para a PF, os indícios apontam que Zunga é um dos contatos de Otávio Marques no governo federal.

Moro negou no final do ano passado o pedido de prisão de Zunga e de outras pessoas ligadas ao setor de telecomunicações da Andrade Gutierrez. As investigações, no entanto, prosseguem sob sigilo.

Elos

No relatório da PF de 8 de outubro de 2015, o juiz Sérgio Moro - que conduz os processos da Lava Jato - foi informado que Zunga "teria sido indicado para compor o conselho da Anatel como 'representante da sociedade civil' pelo então Presidente Luiz Inácio Lula da Silva no ano de 2008, em que pese o impedimento decorrente da sua atuação junto a empresa do ramo de telecomunicações, tanto por participar da Oi Telecom como pela assessoria prestada a Gamecorp, empresa do filho do ex-presidente".

"Apurada a irregularidade, Zunga fora afastado da função em novembro de 2010."

A Oi, quando ainda era chamada de Telemar, investiu R$ 5 milhões, em 2005, na Gamecorp. A Andrade Gutierrez foi uma das controladoras da Oi, antiga Telemar, desde a privatização do sistema Telebrás, em 1998. Ela saiu do grupo controlador em setembro de 2015, permanecendo como acionista da operadora.

Zunga vem da Brasil Telecom (BrT), fundida em 2008 com a Oi. Zunga fez carreira no sindicalismo no setor de telefonia, foi dirigente da Central Única dos Trabalhadores (CUT) do Distrito Federal.

Antena

Reportagem publicada pelo jornal Folha de S. Paulo, nesta quarta-feira, 17, informa que Zunga fez gestões internas na empresa para que a antena fosse instalada ao lado do sítio em Atibaia.

O imóvel foi comprado em 2010 e está registrado em nome de Jonas Suassuna e Fernando Bittar - filho do ex-prefeito de Campinas Jacó Bittar (PT) -, sócios de Fabio Luiz Lula da Silva, o Lulinha.

O negócio foi formalizado no escritório do advogado Roberto Teixeira, compadre do presidente Lula, conforme revelou o jornal O Estado de S. Paulo.

A Lava Jato abriu um inquérito específico para investigar a compra do Sítio Santa Bárbara e a reforma realizada em 2011, que teria envolvido as empreiteiras OAS e Odebrecht, além do pecuarista José Carlos Bumlai, amigo de Lula.

Defesa

José Zunga foi procurado, na ocasião, mas não se manifestou. O Instituto Lula tem reiterado, via assessoria de imprensa, que o ex-presidente não é dono do Sítio Santa Bárbara, mas confirma que o petista frequenta a propriedade rural.

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