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PF investiga suspeita de compra de silêncio em investigação

A operação Greenfield investiga suspeitas de irregularidades em fundos de pensão de estatais envolvendo a holding J&F Investimentos

Greenfield: empresário é suspeito de ter vendido seu silêncio sobre irregularidades em fundos de pensão por meio de um contrato firmado por sua empresa, a Eucalipto Brasil, com a Eldorado (José Cruz/Agência Brasil)

Greenfield: empresário é suspeito de ter vendido seu silêncio sobre irregularidades em fundos de pensão por meio de um contrato firmado por sua empresa, a Eucalipto Brasil, com a Eldorado (José Cruz/Agência Brasil)

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Reuters

Publicado em 8 de março de 2017 às 22h09.

A Polícia Federal deflagrou nesta quarta-feira a segunda fase da operação Greenfield, que investiga suspeitas de irregularidades em fundos de pensão de estatais envolvendo a holding J&F Investimentos, para investigar um suposto esquema de cooptação de testemunhas com pagamento de suborno mascarado em um contrato de 190 milhões de reais, informou a PF em comunicado.

Policiais chegaram a prender de forma temporária o empresário Mário Celso Lopes, ex-sócio da Eldorado Brasil Celulose, empresa do grupo J&F, mas posteriormente a Polícia Federal pediu à Justiça que determinasse a soltura do empresário, por entender que o depoimento prestado por ele foi suficiente. O pedido foi acatado.

Lopes é suspeito de ter vendido seu silêncio sobre irregularidades em fundos de pensão por meio de um contrato firmado por sua empresa, a Eucalipto Brasil, com a Eldorado, de acordo com o Ministério Público Federal (MPF).

"O MPF suspeita que a medida tenha sido uma articulação com o propósito de comprar o silêncio de Mário, já que este conhecia as irregularidades envolvendo o recebimento dos recursos dos fundos de pensão", afirmou a Procuradoria da República em comunicado.

Além da prisão do empresário, também foram cumpridos mandados de busca e apreensão contra o sócio e filho dele, segundo o MPF, com o objetivo de "recolher provas de que os envolvidos praticaram crimes como gestão fraudulenta de fundos de pensão".

A Eldorado passou a ser investigada pela operação Greenfield após a descoberta de indícios de irregularidades no processo de escolha da empresa para receber recursos de fundos de pensão de estatais.

Wesley Batista --presidente da JBS e membro do Conselho de Administração da Eldorado-- e Joesley Batista --presidente da J&F e presidente do Conselho de Administração da Eldorado-- chegaram a ser proibidos pela Justiça de comandarem empresas em decorrência da Greenfield, e só foram liberados da restrição depois que a holding J&F aceitou apresentar garantia financeira de 1,5 bilhão de reais.

De acordo com uma fonte com conhecimento direto da operação, os irmãos Batista fazem parte das investigações da ação deflagrada nesta quarta-feira, mas não são alvos diretos.

A J&F afirmou, em nota, que nenhuma das empresas do grupo foi alvo de mandados de busca e apreensão ou de qualquer ação policial no âmbito da Greenfield nesta quarta, e acrescentou que os advogados da empresa "já entregaram a sua defesa e aguardam novos pronunciamentos do juiz responsável" quanto ao processo que tramita na 10ª Vara Federal do DF.

Segundo um comunicado da PF, a nova fase da Greenfield investiga suspeita de que um contrato de 190 milhões de reais entre "os dois principais sócios de um dos maiores grupos empresariais investigados pela Greenfield" tenha sido empregado para mascarar pagamento de suborno a um empresário concorrente para que não revelasse informações de interesse da investigação.

"A suspeita, trazida por uma testemunha à investigação, é que o contrato de fornecimento de massa florestal de eucalipto para produção de celulose seja apenas uma forma de recompensar o silêncio de um ex-sócio que poderia auxiliar a investigação", afirmou a PF.

A operação Greenfield foi deflagrada originalmente pela PF em setembro para investigar suspeita de fraude nos fundos de pensão de estatais Previ (do Banco do Brasil), Petros (da Petrobras), Postalis (dos Correios) e Funcef (da Caixa Econômica Federal), tendo como base dez casos revelados a partir do exame das causas de déficits bilionários apresentados pelos fundos.

Não foi possível fazer contato com a defesa de Mário Celso Lopes.

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